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Sessão de 5 de Abril de 1924 17

O que era êsse pacto? Lendo-o — e êle figura numa monografia publicada pelo ilustre republicano que se chamou José Barbosa — verifica-se que todas as medidas que nesse documento se preconizavam, medidas a que ainda hoje estão ligados os Partidos da República, visto que não consta que qualquer deles o tenha denunciado, tinham toda a razão de ser no Ministério do Sr. António Maria da Silva, como ainda hoje a têm desde que os homens que ali se sentam queiram efectivá-las para bem do País.

Era Ministro das Finanças o Sr. Vitorino Guimarães quando S. Exa. trouxe à Câmara a conhecida proposta do empréstimo de 6,5 por cento. S. Exa. levou essa proposta à comissão de finanças; e, porque fui um defensor da chamada política do empréstimo, incumbiu-me a comissão de finanças de relatar essa proposta.

Procurei estudá-la e, realmente, estudei-a, ficando com a convicção, que transmiti à Câmara, de que essa medida seria boa ou má conforme fôsse ou não acompanhada das medidas que ficaram sendo conhecidas como as medidas complementares da empréstimo.

Como o empréstimo era, realmente, uma medida muito delicada, entendi de minha obrigação, num relatório que teve toda a publicidade, explicar à Câmara o que ia votar, a fim de,que ninguém pudesse vir a, alegar ignorância. E eu escrevia, por exemplo, o seguinte:

Leu.

Mais adiante - e é, para isto que eu chamo a atenção da Câmara porque estamos no momento em quê é preciso cada um tomar, a responsabilidade das suas palavras, dos seus actos e das suas posições - dizia eu:

Leu.

Para terminar as citações: sobre êste documento, documento que é a minha melhor defesa, não deixarei de ler esta passagem que é absolutamente clara:

Leu.

Assim, eu pus a questão do empréstimo com toda a clareza.

Êle era, de alguma maneira, como um daqueles medicamentos que a medicina possui, e que podem fazer bem ou fazer mal.

Num determinado período da minha vida tive de ir para a Suíça onde estive tubérculos e durante, dois anos.

Fui tratado por grandes especialistas alemães e suíços e tomei um medicamento chamado Tuberculina.

Um dos meus médicos dizia-me: êste medicamento servo para curar e, serve para matar, conformo o médico o aplicar.

Pois a política do empréstimo era até certo ponto um remédio assim, tudo dependia da forma da sua aplicação.

Já um ilustre homem público, membro desta Câmara, disse que nunca tinha visto um Ministro das Finanças apanhar tanta pancada como eu apanhei, colocando-se a si próprio na situação do mais absoluto silêncio e mantendo-se numa atitude em que nem todos teriam a coragem de se manter.

Devo dizer a êsse ilustre homem público, que realmente há muito de verdade neste raciocínio, neste juízo.

Entendo que não é esta a hora para estabelecer retaliações nem para lançar culpas a alguém dêste ou daquele pecado; mas creio chegada a hora de dizer alguma cousa do que foi a minha passagem pela pasta das Finanças, tendente a desafrontar-me dessa campanha que me foi movida, quando ocupei as cadeiras do poder.

Pouco tempo depois do Sr. Vitorino Guimarães ter lançado o empréstimo, pediu S. Exa. e a demissão, do Ministro das Finanças.

Fui eu indicado alguém se lembrou de mim para ocupar o lugar de S. Exa.

Entre parêntesis, devo também dizer a, V. Exa e à Câmara que pela segunda vez, fui Ministro, sem ter solicitado um lugar.

Nunca desejei, nem desejo, ser Ministra nunca solicitei, êsse nem outro qualquer cargo da República.

Repito: fui instado para desempenhar essas funções.

E ainda agora ocasião de dizer o seguinte: o empréstimo foi lançado, mas o certo é que ou tomei conta da pasta das Finanças no dia 14 de Agosto, isto é, poucas semanas depois do lançamento, dês-se empréstimo.

E quando eu esperava encontrar nos cofres públicos maneira de viver durante algum tempo, não ignorando que o Parlamento tinha votado um Orçamento com um encargo diário de 1:000 contos, a verdade, repito, é que dez;dias depois de eu