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26 Diário da Câmara dos Deputados

O próprio Sr. Vitorino Guimarães, Sr. Presidente, disse aqui que não estava de acordo com o que se tinha feito.

É, indispensável recorrer-se ao crédito para fomentar a riqueza do país; mas é necessário também inspirar confiança, pára que a propriedade não seja ameaçada.

É preciso evitá-lo, embora só por palavras exista essa ameaça.

Ainda Ontem o Sr. Ministro da Justiça teve de explicai- aqui os seus intuitos sôbre a expropriação dos incultos, em virtude de as suas palavras, numa entrevista de jornal, se prestarem a interpretações diversas.

Disse S. Exa. ter-se referido apenas à expropriação dos incultos.

O que é certo é que essa idea de expropriação dós incultos anda errada em muitas cabeças.

Apoiados.

Em primeiro lugar, há incultos que não podem ser cultivados.

Outros há que só podem ser cultivados quando o Estado tratar de irrigação. Outros que serão sempre incultos, e ainda outros que são precisos para o gado. para o seu sustento e para o amanho das terras.

Outros em que não há maneira de fazer uma cultura sem prejuízo certo.

Os que podem ser cultivados devem sê-lo.

Nós, conservadores, assim o pensamos, e já como aqui se disse, no tempo de D. Fernando havia essa opinião.

As expropriações dos incultos não representa radicalismo nenhum.

Mas nos jornais afirmou-se ter o Sr. Ministro da Justiça dito que a propriedade é um direito transitório que deve desaparecer pouco a pouco.

Pelo trabalho é que o proprietário garante não só a sua vida mas a dos seus sucessores.

É, pois, preciso respeitar o direito de propriedade.

Em França, se um Govêrno quisesse atacar a propriedade privada, não estava um momento no Poder.

Sr. Presidente: tencionava falar só meia hora, e já estou falando há mais de uma hora.

De modo que não deixarei tempo para o Sr. Barros Queiroz apresentar ainda hoje as suas ideas, que têm mais autori-

doe que as minhas. E assim farei ainda mais algumas considerações.

Como dizia, entendo que devemos promover o desenvolvimento da riqueza.

Mas para isso não devem os Governos ameaçar a riqueza e a propriedade, e antes garanti-las.

É certo que ainda hoje a Câmara mostrou o desejo de que o Govêrno mantenha as condições indispensáveis para que exista uma boa ordem na sociedade.

Realmente uma sociedade que não só sabe defender, defendendo o Estado do os particulares, é uma sociedade que se condena a si mesma.

Apoiados.

E é momento de cada um ocupar o seu lugar, porque aqueles que estão dentro da sociedade devem usar dó direito de defesa quando se vejam atacados nas suas vidas e direitos.

Não se compreende, como disse o Sr. Cunha Leal, ilustre leader do Partido Nacionalista, que todos os partidos que aqui estão não procedam assim, pois que na Câmara não haverá dê certo representantes comunistas.

A Câmara terá representantes de todos os partidos da sociedade portuguesa, estando talvez as representações baralhadas, estando na direita alguns que de viam estar na esquerda, mas ninguém representa essas ideas comunistas.

Os representantes da sociedade precisam defender-se; e lamentável é, desculpem a palavra, á cobardia de não se tomar a responsabilidade de nos defendermos.

Isso é perigoso, porque, não querendo tomar essa responsabilidade, sofremos as conseqüências, sem querer ver quem são os mais fortes.

Apodados.

Aproveito a ocasião para me referir a um àparte que foi feito ao Sr. Lopes Cardoso, dizendo-se que no Govêrno de que eu era chefe se tinham soltado bombistas.

Como isso não é assim, eu tenho a dizer que só foram para a rua aqueles que não tinha culpa e depois de inquiridos por quem de direito.

Eu não podia fazer outra cousa.

Assumo sempre todas as responsabilidades, mas não podia proceder por meu arbítrio.