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Sessão de 30 de Maio de 1924 25

O pessoal, quási que em pêso, diz que é conveniente e urgente a tua vinda a Lisboa.

Não imaginas como és cá considerado. Falando-se de ti dizem logo todos: «Ele que venha cá e depressa».

Faze o que entenderes, mas a minha opinião é que deves, vir e já, a não ser que faças aí falta.— O mesmo».

O orador pede ao Sr. António Maria da Silva que lhe releve o facto de ler as passagens que lhe dizem respeito, o que fez sem nenhum intuito desprimoroso.

Para aqueles que afirmam que os funcionários dos correios e telégrafos não praticaram actos de sabotage dentro das estações, chama a atenção para o que se diz na carta.

Além dêstes documentos outros há que não lê, para não fatigar a Câmara. Contudo lê ainda um que foi apreendido na estação de Sacavém.

No dia 10 de Maio, ao entrar no edifício dos correios e telégrafos, momentos após a entrada das fôrças militares, êle, orador, encontrou um funcionário, a quem naturalmente preguntou se os seus camaradas não trabalhavam, se estavam em greve, respondendo-lhe o referido funcionário negativamente, mas acrescentando que, de facto, os serviços não estavam correndo com a usual normalidade, que os aparelhos não estavam em condições de poderem funcionar e que, portanto, não poderia desempenhar as suas funções.

Depois de mencionar vários actos de sabotage e entre êles o certo do linhas, diz que passando da estação telegráfica para a estação dos correios, nesta verificou que haviam sido arrancados os rótulos das caixas de destribuição, o que se fez antes de os militares lá terem entrado.

Os empregados não se limitaram a abandonar os seus lugares; fizeram desaparecer diversas tabelas e instruções, trocaram as correspondências fizeram o que elos chamam o bicho, que é a mistura de cartas para diversos destinos numa mesma caixa.

Êste acto de sabotage foi feito na própria presença do Sr. Director Geral dos Transportes, e deu lagar a que houvesse

de se fazer a prisão de todos Os funcionários que no local se encontravam de serviço, visto que era impossível saber-se imediatamente quem era o responsável, o que alguém Considerou de uma violência escusada.

Mas há factos desta natureza de uma especial gravidade, como o da correspondência do país se encontrar nas malas destinadas à índia.

Em presença de tudo isto, ò Govêrno tomou o caminho que não podia deixar de tomar. Houve rebelião; houve o propósito de impor ao Estado a vontade dos grevistas, e o Govêrno não podia seguir outro caminho (Apoiados) (Não apoiados), tinha de aplicar as disposições legais. O Govêrno não teve outro intuito, e até procedeu generosamente.

O edital que o Sr. Presidente do Ministério devia mandar publicar para daí cumprimento à lei de 6 de Dezembro de 1910 não se fez logo, e deixou-se espaçar tempo.

Sabe êle, orador, que o pessoal menor não pode substituir o pessoal maior não tem a cultura e a prática suficientes para determinados serviços, e deve ainda acentuar que o Govêrno não pode nem quere fazer uma obra de parcialidade, mas sim apenas de rigorosa legalidade.

Crê ter demonstrado à Câmara que o Govêrno se encontra em frente duma situação criada pelo funcionalismo superior dos Correios e Telégrafos. Crê ter demonstrado também que o Govêrno o convidou a apresentar-se ao serviço, e que o prazo foi alargado, não tendo, todavia, o pessoal feito a sua apresentação até agora.

Mesmo depois de publicado o decreto, o Sr. Presidente do Ministério teve O cuidado de dizer aos funcionários que se se apresentassem antes do levantamento dos autos nenhuma sanção lhes seria aplicada. Apesar disto não compareceram, e, nestas condições, o Govêrno tem simplesmente de acudir aos interêsses do país satisfazendo as suas necessidades de rápidas comunicações telegráficas e postais.

O discurso revisto pelo orador e acompanhado dos documentos lidos, será publicado na integra quando, nestas condições, devolver as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.