O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 30 de Maio de 1924 29

Não se impõem vontades ao Govêrno, como se êste fôsse um farrapo, mas os Governos firmados na sua generosidade, que é a generosidade dos fortes, devem saber perdoar, porque perdoar é também uma função dos que mandam.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O orador foi muito cumprimentado por toda a Câmara e pelos Srs. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra.

O Sr. António Maia: — Mando para a Mesa a seguinte

Moção

A Câmara dos Deputados, ouvidas as declarações do Sr. Ministro da Guerra e reconhecendo que a atitude do Govêrno contribuiu e muito para que o conflito telégrafo-postal se agravasse, passa à ordem do dia.

Câmara dos Deputados, 30 de Maio de 1924. — O Deputado, António Maia.

Sr. presidente: o Sr. João Camoesas expôs com toda a clareza qual fora a atitude do Govêrno neste conflito, e verifica-se que o mesmo Govêrno saltou para fora da Constituição.

O Sr. Ministro da Guerra, em resposta às considerações daquele Sr. Deputado, leu à Câmara varíadíssimos documentos, fazendo a sua analiso. Todavia não conseguiu rebater uma só das afirmações feitas pelo Sr. João Camoesas.

O Sr. Ministro da Guerra leu uma série de circulares que diz serem emanadas do pessoal.

Ora é preciso notar que todas essas circulares foram apanhadas nas estações já depois de elas estarem ocupadas militarmente.

Eu pregunto: quem pode garantir que tais circulares são, de facto, da responsabilidade da comissão de resistência do pessoal?

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Estão todas autenticadas com um carimbo especial

O Orador: — O que diz o Sr. Ministro de Guerra, não invalida o que eu digo.

Quem me poderá também garantir que êsse carimbo não se tivesse perdido e depois alguém malèvolamente dêle fizesse uso?

E isto é tanto mais para considerar quanto é certo que a numeração das circulares não é seguida como seria natural.

A certa altura a numeração volta para trás.

Em 4 de Maio a circular dessa data tem o n.° 1-A.

Confessou o Sr. Ministro da Guerra que, de facto, muitos funcionários foram postos, fora da estação, pela fôrça armada, sem que estivessem em greve.

Como se explica então a demissão dada em massa a todo o pessoal?

Ainda há mais. O Govêrno chegou ao cúmulo, de violar correspondência. Só assim se compreende que o Sr. Ministro da Guerra lesse também uma carta particular dura amigo para outro.

Depois, de ler êsse documento o Sr. Ministro da Guerra, confessou que muitos empregados foram postos fora dos seus lugares pela fôrça armada, sem que estivessem em greve.

Isto vem provar que nem todo o pessoal maior dos correios e telégrafos, estava em greve.

Então para que é a demissão colectiva dêsses funcionários?

Um caso deveras interessante, é que todos os documentos lidos pelo Sr. Ministro da Guerra fossem encontrados na estação de Loulé...

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Nem todos.

O Orador: — Para que hei-de acreditar nos carimbos que tinham os documentos, se não acredito no Govêrno que veio falsear a verdade?

Q Sr. Agatão Lança (interrompendo): — V. Exa. ouviu ler ao Sr. Ministro da Guerra documentos firmados por oficiais do exército. São cópias autênticas de documentos.

Portanto, não pode duvidar dêsses documentos firmados por camaradas seus.

O Orador: — Não duvido das cópias. O que duvido é da autenticidade dos documentos que foram copiados.

Acho extraordinário que o Sr. Ministro da Guerra venha ler à Câmara uma carta que foi violada e apreendida contra os ter-