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14 Diário da Câmara dos Deputados

claramente que a situação das nossas colónias tem melhorado muito depois da República.

É certo que os nossos domínios coloniais atravessam uma crise financeira; mas eu pregunto lealmente ao Sr. Carvalho da Silva qual o País do mundo que não tem sofrido crises financeiras?

Angola tem aumentado a sua riqueza, há de ressurgir e em breve.

Eu ouvi aqui dizer que Angola deve um milhão de libras.

Sabe S. Exa. a quanto monta a dívida da colónia do Natal, por exemplo? A muitos e muitos milhões de libras.

Eu não podia, evidentemente, prever que o Sr. Carvalho da Silva viesse aqui fazer-me uma interpelação tam cerrada e por isso não trago todos os documentos de que careceria para poder responder detalhadamente a todos os pontos a que S. Exa. se referiu.

Quanto ao facto do crédito ser proposto pelo Sr. Ministro das Finanças, não acho nisso nada de extraordinário, porque o Ministro das Colónias não o podia propôr sem que o seu colega das Finanças o consentisse.

O Sr. Carvalho da Silva pede insistentemente para ir ao Ministério das Colónias verificar certos documentos que me foram enviados pela Agência Geral de Angola e pela respectiva comissão de inquérito.

Tem S. Exa. autorização para isso, salvas, naturalmente, quaisquer reservas diplomáticas que existam.

Já se encontram no meu Ministério efectivamente algumas comunicações de expediente da comissão de inquérito à Agência Geral de Angola; mas eu resolvi enviar todos êsses documentos ao Conselho Colonial, para formar um processo geral e depois proceder conforme fôr de justiça.

No emtanto, repito, fica desde já concedida a autorização por S. Exa. solicitada.

Preguntou-me também S. Exa. se o pagamento é relativo a fornecimentos já feitos, visto eu ter aqui declarado ter podido sustar alguns pagamentos de mercadorias que não estavam ainda entregues.

Devo dizer a S. Exa. que os pagamentos são para fornecimentos já feitos, como
material do caminho de ferro de Ambaca, material de portos, etc.

Afirmou o Sr. Carvalho da Silva que a República não tem contas. Isso é absolutamente falso.

Na República não há mistérios, é todo claro. S. Exa. é que pretende fazer o escuro, mas eu não lho consinto.

Eu já posso fornecer hoje à Câmara uma nota detalhada e minuciosa da dívida de Moçambique.

Leu.

A dívida de Moçambique, como a Câmara vê, não representa uma cifra muito grande.

Aqui tem o Sr. Carvalho da Silva como as contas de Moçambique são claras e sem mistérios.

O Sr. Morais Carvalho: — O que estamos a discutir é um assunto referente a Angola, e V. Exa. está a responder referindo-se a Moçambique.

O Orador: — Perdão! V. Exas. Referiram-se dum modo geral às colónias. Angola teve um abalo financeiro grave com a saída do Sr. Norton de Matos, pois que êste Alto Comissário contava, para fazer face aos débitos da colónia com o empréstimo da Companhia dos Diamantes, que era de 1 milhão de libras. O contrato provisório dêsse empréstimo veio à Câmara que o recebeu mal, e o Govêrno entendeu que, embora não devesse aprovar o contrato, devia, no emtanto, continuar as negociações com a Companhia dos Diamantes.

Havia um crédito de 1 milhão de libra-s de empréstimo ao Banco Ultramarino que não se pôde realizar, e bem assim o empréstimo à Caixa Geral de Depósitos que não se pôde realizar por falta de escudos.

Tudo isso foi abaixo com a saída do Alto Comissário, e agora dá-se um desequilíbrio que temos de remediar com outras fontes, como o já está fazendo o actual Alto Comissário, que trabalha como bom português.

Quanto a haver algum funcionário que receba em ouro, eu direi que não me consta, mas não o posso afirmar.

O. Sr. Carvalho da Silva: — Como V. Exa. vê, nem tudo está claro.