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18 Diário da Câmara dos Deputados

Sul, desde o lago Niassa ao Cabo da Boa Esperança, e encontrando-me em Londres, pediu-me um amigo meu, muito relacionado no Ministério dos Colónias, para me apresentar ao Sub-Secretário de Estado das Colónias.

Acedendo ao pedido que se me fazia, fui apresentado ao Sub-Secretário de Estado, que depois duma ligeira conversa me pediu para sôbre a Rodésia e Nyassaland dar uns pequenos esclarecimentos a um funcionário, em face de um mapa contendo toda a África.

Estabeleceu-se conversa sôbre assuntos da região e, durante duas horas, fui largamente interrogado sôbre tudo quanto de interessante pudesse contar da minha viagem.

Dois dias depois, era convidado para um lunch na sede da South África Company.

Trocando-se impressões sôbre Victoria Falls, tive ocasião de notar que seria muito interessante que aos viajantes fôsse fornecido um pequeno mapa das quedas de água, com os necessários esclarecimentos.

Não tardou o Sub-Secretário de Estado a mandar agradecer a minha visita, e algumas semanas após a minha chegada a Lisboa era-me enviado pela South África um pequeno mapa que tinha mandado fazer conforme as minhas indicações:

Vim para Lisboa, e poucos dias após o da minha chegada, eu, ainda ingénuo, fui ao Ministério das Colónias, de uniforme n.° 2, como então se usava, apresentar os cumprimentos ao Ministro.

Estivo três horas à espera de ser recebido.

Vi passar vários caciques e vários pretendentes e eu que nada pretendia, mas que também nada valia, no fim de três horas desisti e fui-me embora, pedindo ao secretário para dizer ao Sr. Ministro que mais sacrifício fizera em passar ali três horas do que três anos em África.

A questão é que nós não temos política colonial.

Apoiados.

Não há um programa colonial (Apoiados), o como não o temos como pode o Ministro orientar a acção dos Altos Comissários, como pode fixar as directivas da sua administração?

Eu nunca governei colónias e por isso pregunto àqueles que as têm governado
se têm recebido instruções sôbre a colónia que vão governar.

Agora, chegou a Pretória o Sr. Azevedo Coutinho, e vejo pelos jornais que vai negociar a convenção com o Transvaal.

Qual é a política que vai seguir-se nessas negociações com o Transvaal?

Sr. Presidente: estou cansado e peço a V. Exa. que consiga estabelecer o silêncio, pois não posso levantar mais a voz, e desejo ser ouvido.

O Sr. Presidente: — Peço a atenção da Câmara.

O Orador: irá pois era lá admissível, se tivéssemos política colonial, que se prolongasse o caminho de ferro de Moçambique, que nada tem que transportar, de preferência a pôr-se em condições de funcionamento o caminho de ferro de Ambaca, onde as mercadorias aguardam semanas e meses para ser transportadas?

Gasta-se dinheiro e dinheiro sem garantia alguma da província e remuneração ou utilidade, sem necessidade alguma, e depois não há dinheiro para aquilo que é de extrema necessidade.

Permitiu-se à Rodésia, de igual modo que ao Transvaal, que recrutasse indígenas para os seus trabalhos mineiros e, no emtanto, a Zambézia não se desenvolve por falta de braços.

Assim, amanhã as colónias inglesas do sul virão chamar-nos ineptos por não desenvolvermos os nossos territórios, quando tal facto é derivado da circunstância de cedermos os braços que nos são necessários para êsse desenvolvimento.

Então se tivéssemos política colonial, podíamos lá desinteressar-nos como nos desinteressamos do caminho de ferro de Benguela, que tam valioso elemento de valorização podia ser para a província de Angola, quando fôsse buscar o cobre das minas de Catanga, que hoje ainda vai sair pela Beira, mas que amanhã poderá ir para a Swakopmand ou Banana?

Iniciaram-se as obras no porto de Loanda que, na verdade, por agora não precisa mais do que aquilo que já tem.

E no Lobito para quê?

Onde havia os capitais necessários para a realização dessas obras? O Ministro das Colónias não sabia isto?