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Sessão de 17 de Novembro de 1924 19

sabia que iam ser tomados enormes compromissos?

E que diremos dás fomes de Cabo Verde?

Todos os anos se pede dinheiro para os famintos de Cabo Verde, que são já uma instituição nacional.

E que diremos de Timor, onde todos os anos há déficit, para cobrir o qual os Governos todos os anos vêm ao Parlamento pedir uma verba?

Agora mesmo, Sr. Presidente, se vão iniciar as negociações, para uma convenção com o Transvaal.

Estamos nas vésperas de se dar um passo que pode, para muitos anos, talvez para todo o sempre, comprometer o futuro da nossa província de Moçambique.

Não pode o Govêrno — não digo hoje, mas qualquer dia - explicar à Câmara, nas suas linhas gerais, qual é a política que tenciona seguir em tal matéria?

Bem sei que pode haver pontos confidenciais, mas — e para isto chamo a atenção do Sr. Ministro das Colónias — o que é indispensável é que no nosso País e no Transvaal se saiba que há um certo número de princípios de que não abdicamos, de interêsses que de maneira nenhuma estamos dispostos a abandonar.

Apoiados.

Sr. Presidente: vou concluir, fazendo os meus sinceros votos por que a Câmara resolva ràpidamente esta questão, porque ela nada vale comparada com todos os interêsses que estão em jôgo e ainda porque um assunto em que o Govêrno não teve a mais pequena interferência não pode transformar-se num debate político.

E terminarei agradecendo à Câmara a atenção que me prestou, que muito me lisonjeia, mas que, sobretudo, prova uma cousa: é que podemos ser todos modestos portugueses — e eu sou de todos o mais modesto — mas queremos continuar a ser modestos portugueses de um Portugal grande!

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ginestal Machado: — Sr. Presidente: começo por me congratular com o regresso do Sr. Presidente do Ministério a esta Câmara e sinceramente o faço,
porque tal facto significa que a saúde de S. Exa. vai melhorando.

Muito estimarei que S. Exa. ràpidamente se restabeleça por completo; apenas lamento que ainda não esteja completa-mente restabelecido.

Congratulo-me, também, com a presença do ilustre Presidente do Ministério nesta Câmara, porque V. Exa. poderá, certamente, trazer para o debate esclarecimentos que ainda nos faltam e elucidarmos quanto àqueles pontos desta questão que interessam à política geral do Govêrno, pontos que por nenhum dos ilustres colegas de S. Exa. aqui foram versados nos dias sucessivos em que tem ocupado a atenção da Câmara a chamada questão de Angola.

Se o Sr. Presidente do Ministério não estivesse presente, naturalmente, dispen-sar-me-ia de usar da palavra, visto que dêste lado da Câmara a questão, em si,
está já suficientemente esclarecida.

Acerca dela e logo quando sob o modo de votar vários Deputados entenderam dever falar, os dois ilustres leaders nacionalistas, Srs. Jorge Nunes e Lopes Cardoso, usaram da palavra.

Depois, o Sr. Ferreira da Rocha, meu ilustre correligionário e um dos coloniais mais distintos, não só dos que têm assento no Parlamento, mas de todo o País, ocupou-se da questão de Angola com uma precisão, com uma clareza, com um conhecimento invulgar o com uma incontestável competência, e seria, realmente, da minha parte pretensão ridícula o tentar trazer aqui alguma cousa mais além do que pelo Sr. Ferreira da Rocha foi dito.

Acerca da acção que o Partido Nacionalista entende dever adoptar-se, o meu ilustre amigo, Sr. Lopes Cardoso, hoje leader dêste Partido, foi claro e preciso, usando até de grande energia ao sublinhar essa acção.

Assim, como disse, eu bem me podia dispensar de usar da palavra.

Não posso trazer novidades, não posso trazer informações ou esclarecimentos, mas apenas aproveitar-me daqueles que aqui têm sido dados e sôbre êles chamar a atenção do Sr. Presidente do Ministério, visto que não tem podido assistir ao debate.

Antes de entrar propriamente na questão, permita-me V. Exa. que eu abra