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Sessão de 5 de Junho de 1925 15

galhardia e de ir para a frente. Mas, Sr. Presidente, um país não se serve só no campo de batalha.

As vitórias que mais custam, por vezes, não são as que se obtêm com as es: padas, nem as que fazem espuma nas águas do mar.

É mais difícil, por vezes, servir um país, procurando-se uma solução que evite uma posição de conflito, do que ir para a frente, apenas levado por êsses sentimentos heróicos, que têm sido, em grande parte, um prejuízo para o nosso País. E, tanto assim é, que nós, que nunca faltamos ao chamamento quando é preciso levar o povo ao sacrifício para trazer alguma mancha rubra de glória, temos, aqui dentro, o País, e, lá fora, as colónias, que não são nenhum modelo de administração, seguindo atrás dessa fama de glória, que sabemos que em nós existe, pensando que é só pelo heroísmo que bem se serve um país.

Sim, é pelo heroísmo, quando é preciso; mas mais vale evitar com prudência, com inteligência e com sensatez que isso seja necessário fazer-se.

É como se, Sr. Presidente, deixássemos do ter o cuidado que a higiene aconselha que devemos ter com o nosso organismo e, depois, começássemos amputando e cortando.

Eu não quis, Sr. Presidente, fazer a menor alusão à política de S. Exa., para lhe deminuir os méritos que tem.

O que disse é que tomei um certo número de providências e que procedi por indicação não só do meu dever, mas das condições particulares em que mo encontrava, a fim de evitar situações como aquelas com que S. Exa. teve de arcar, e que ontem aqui confessou que lhe deram os dias dos mais angustiosos da sua existência.

S. Exa. saiu de Macau vendo, como um espinho cravado na carne - é a sua própria frase - o tal torpedeiro chinês que não havia forma de arrancar de lá, e que depois, sem ser com a ameaça das armas e sem ser com a intimativa dos ultimata, um dia começou a navegar e nunca mais ninguém o viu.

Eu não disse, Sr. Presidente, que tinha resultado para Macau desvantagem pelo facto de S. Exa. ter feito, quando governador daquela colónia, o primeiro e o segundo ultimatum aos chineses.

Tenho estado a querer encarar êste problema, de cima, e sempre de cima.

E, se tenho de me referir a S. Exa., o Ministro, é não só pelo seu procedimento, como também porque foi êle quem me forneceu a melhor forma de contraste, visto que foi êle quem me antecedeu na colónia.

Eu sei que S. Exa. disse à Câmara que a situação de Macau é um acaso devido à situação da China.

S. Exa. julga que eu contesto?

Não!

Eu não quero as glórias, porque não tenho essa pretensão, de ser um diplomata de alto coturno.

Sou apenas um servidor do Estado: sirvo-o como posso e como sei.

Pode S. Exa. dizer o que quiser; posso eu afirmar o que entender.

Lembrarei a frase do Albuquerque: "as cousas da índia falarão por mim".

E eu direi: as cousas de Macau falarão por nós.

O Sr. Ministro das Colónias referiu-se a uma reunião que houve no Ministério das Colónias, para diz que representava uma negativa a afirmação que aqui fiz, de que nossa reunião se tinha tratado do problema melindroso que a situação da colónia oferecia, das medidas diplomáticas que era necessário pôr em prática, para evitar esto estado de cousas, para garantir a tranquilidade da colónia e assegurar o futuro desenvolvimento da construção do porto.

O caso é um pouco melindroso.

E eu, incidentalmente, devo dizer a S. Exa. que se não mo referi ao facto de S. Exa. não estar presente nossa reunião foi por um lapso absolutamente despercebido de mim porque supunha tê-lo feito.

Mas, Sr. Presidente, se é muito difícil fazermos referencia a acontecimentos que passaram perto de nós, muito quanto mais àqueles que decorreram há já dois anos.

Se desta sessão se não lavrasse a acta respectiva e nos pedissem dela o nosso testemunho, passados alguns anos, estou certo que cada cabeça teria a sua opinião.

Desde que eu ocupo lugares de responsabilidades, sigo esta norma banal de fazer o meu compte rendu das cousas a que assisto.

Eu não quero entrar em qualquer campo que vise a diminuir de algum modo a