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16 Diário das Sessões do Senado

mmciades no Parlamento e os artigos publicados nos jornais, verá que os dois estadistas que têm marcado ultimamente a orientação das questões económicas naquele país, que são os Srs. Clementel e Tardien, não defendem êsses princípios. O que comina no espírito dêles, como no de todos os economistas afectos às esquerdas radicais e socialistas, é que ao estado de antes da guerra não se voltará tam cedo; vão mais longe, é que nunca mais se voltará ao statu quo ante.

Eu passo citar a V. Exa., Sr. Presidente, os termos precisos, em que o Sr. Clementel se exprimiu no Senado.

Êle disse: «Nós marchamos para um regime económico inteiramente novo».

E tendo alguns Deputados feito observações, o Sr. André Tardieu, que é um homem de alta competência, reconhecida em todo o mundo; o Sr. Tardieu, que foi o alto comissário da Franga nos Estados Unidos, respondeu: «As organizações económicas da guerra hão-de ficar como poderosos instrumentos às acção económica nos tempos de paz».

O Senador Thourou manifestou as mesmas ideas, no meio de gerais aplausos.

E em França, hoje, àparte a escola livre cambista a que muito brilhantemente preside Ives Guyot, é esta a orientação dominante.

Na Alemanha e na Inglaterra as restrições foram estabelecidas, e mantêm-se para depois da paz.

Na Inglaterra, o país da liberal tradição e do comércio e da navegação livres, do restabelecimento da liberdade de navegação, adoptaram-se as seguintes restrições, que são obrigatórias pela ordem da Sua precedência:

Para os transportes de mercadorias a prioridade será concedida:

1.° Aos géneros de alimentação.

2.° Às matérias primas destinadas à fabricação de material de guerra.

3.° As matérias primas destinadas às manufacturas de exportação.

E quere V. Exa. saber o que fez a Alemanha, que apesar da guerra não descurou o seu futuro económico?

A 3 de Maio de 1918 foi votado no Reichstag a criação dum conselho com largas atribuições para regular o funcionamento da marinha mercante, logo que os mares de novo lhe fossem abertos.

Êste organismo tinha por fim fazer que o povo alemão não fôsse afectado pelos desequilíbrios que traria uma completa liberdade dos armadores de navios, no que diz respeito à importação e exportação, estabelecendo-se três categorias, que abrangem das diversas classes de navios, as diversas espécies de mercadorias, os períodos sucessivos para a maior ou menor amplitude das restrições impostas e até a directriz das próprias carreiras de navegação.

O mesmo, com outras modalidades, fizeram os Estados Unidos da América do Norte, que muito cautelosamente vão alargando a apertada rêde em que encerraram a produção e permuta das suas géneses agrícolas, das matérias primas e dos produtos manufacturados.

Veja pois, V. Exa., e veja a Câmara, como, para a hipótese de findar a guerra, a França, a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos, estabeleceram medidas tendentes a deixar na mão dos governos os meios de acção tendentes a continuarem a, exercer a direcção efectiva de tam melindroso assunto.

E creia o Sr. Ministro dos Abastecimentos que o perigo é grande em Portugal, desde que haja a liberdade do comércio.

As restrições são precisas, para evitar que a ganância duns, a inconsciência doutros e os inconfessáveis propósitos de alguns agravem a situação já pesadíssima dos consumidores, 011 provoquem irritações que conduzam à desordem e à anarquia.

Elas são precisas ainda para que uma volta excessivamente rápida ao regime de livre concorrência não provoque o descalabro de instituições industriais e comerciais, cujos interêsses legítimos o Estado não pode descurar, porque êles representam nina boa parte da riqueza e da prosperidade da nação.

Se o Estado, até agora, não tem sido suficientemente previdente ou bastantemente enérgico para evitar desmandos do comércio e da indústria, a verdade é que o soa dever é evitar os craques, a derrocada dos interêsses económicos - já criados pelo que ela traria de perturbação à vida económica dum país de tam fracos recursos como é o nosso.

Sr. Presidente: passados assim em ré-