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de 16 de Dezembro de 1920

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Mas, se assim é, talvez tenhamos de pensar ein deixar de ter basta representação nas grandes parentes da armada. Parece-me que não seria desajeitado que, era vez de se arranjarem lugares para os oficiais bastante graduados poderem fazer os seus tirocínios, que para nada servem, se procurasse a forma de se conseguir que os oficiais menos graduados pudessem fazer os seus com o necessário aproveitamento. E, para isso, seria conveniente e moral baixar as lotações ao quo eram cm 1914, se não mesmo descer algumas delas abaixo das que então existiam.

Os oficiais de patentes altas poderiam ser empregados om comissões sedentárias, nas capitanias e nas repartições do Ministério da Marinha.

Mas, Sr. Presidente, como estou tratando de assuntos que h armada respeitam, desejava ainda que o Sr. Ministro da Marinha me explicasse em que estado se encontra o conflito surjido há moses entre os oficiais da marinha de guerra e os oficiais da marinha mercante, conflito que colocou os primeiros numa situação extremamente desonrosa e desairosa. Foi uma questão desgraçada que a contigén-cia da política só agora me obrigou a que dela me ocupasse.

Na Liga dos Oficiais da Marinha Mercante, foram proferidas palavras extraordinariamente desagradáveis para o decô-ro, para o brio e para a dignidade, do pessoal da marinha do guerra. Ali, pôs-se em dúvida o esforço enorme, o grande sacrifício que ela teve do despender na grande guerra, e isto porque constara que os oficiais da marinha de guerra aspiravam a alguns lugares, que, a bordo dos navios do Estado, são ocupados neste momento pelos seus colegas da marinha mercante. Não havia, como se vê, um fundamento serio o certo para se poder fazer essa afirmação. O que realmente havia era umt aspiração, que ainda hojoexi«te, e que*tem por ba^e a defesa dos interesses do país : criação da chamada «reserva naval».

Não é preciso encarecer as vantagens que para o nosso país adviriam da criação dessa reserva; e se efectivamente a bordo desses navios poderiam embarcar oficiais da marinha de guerra, também lá poderiam ter o seu lugar muito^ oficiais mercantes, a quem seriam concedidas re-

galias e vantagens muito especiais e muito de apetecer.

Talvez que o problema tivesse sido posto ura pouco precipitadamente, o foi isso que assustou os oficiais da marinha mercante, que, além de verem no facto uma concorrência —aliás defensável-— aos seus lugares, tiveram também a impressão de que se pensava militarizar os serviços da marinha mercante, tirando--se-lhes, por essa forma, o direito à g revê, que eles, de fornia nenhuma, queriam perder.

Mas, fGssem estas razões ou outras quaisquer, o que é facto, Sr. Ministro, é que na Liga dos Oficiais da Marinha Mercante alguém se lembrou de proferir expressões extremamente desagradáveis para a classe a que me lipnro de pertencer.

Esqueceram-se esses senhores —que efectivamente tambôm tiveram ocasião de prestar altíssimos serviços ao seu país — de que os oficiais e marinheiros da marinha de guerra, com perda de algumas das ruas vidas, se expuseram na defesa dos navios mercantes, e que, acabada a guerra, nada exigiram ao país, ao passo que a classe que assim punha em dúvida o seu esforço se lançou, em menos de dois meses, em três greves violentíssimas, que muito devem ter contribuído para o descalabro a que chegaram as nossas finanças e a nossa vida económica, e que, como compensação do esforço despendido durante a guerra, vieram exigir ao país o pagamento de salários exageradís-simos.

O Club Militar Naval, depois duma reunião magna, dirigiu um oficio à Liga dos Oficiais Mercantes, pedindo explicações categóricas sobre o sentido das palavras que haviam sido preferidas nas suas salas; mas não obteve essas explicações, tendo resultddo daí a necessidade dum rompimento de relações entre uma e outra corporação.

Foi nesta situação que V. Ex.* sobraçou a pasta da Marinha.