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Sessão de 16 de Dezembro de 1920

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Sr. Presidente, as acções ficam com quem as pratica e as palavras quando são iujustus recaem sobre aqueles que as proferem.

Estão os factos todos os dias comprovando o que há de verdade nas minhas afirmações.

Sempre que precisamos dum navio para qualquer serviço, temos de reconhecer que não temos nenhum em estado de seguir viagem.

Portanto, Sr. Presidente, eu que não digo nada sem avaliar as consequências das minhas palavras, e que do assunto tenho conhecimento precisamente porque sou oficial da marinha —e daqueles que, por amor à sua profissão, tem o mau hábito de andar sempre embarcados— quando digo que a armada no estado em que está é uin luxo, digo-o coin consciência, honestamente para conseguir que nos dêem os meios de podermos ser úteis ao país.

O país não está positivamente em condições de ter luxos. O estado caótico em que se encontra a armada e o nosso desejo de que melhorem os seus serviços, justificam sobejamente a mensagem que o Sr. Ministro da Marinha deve ter recebido, mensagem em que eu tenho a minha parte e que explica a maneira de remediar este estado de cousas.

O Sr. Ministro da Marinha (Júlio Mar-tens):—Ainda não recebi essa mensagem. Ficou combinado que a comissão de oficiais ma entregaria hoje à noite.

O Orador: — É apenas uma questão de horas: Por essa mensagem verá V. Ex.a o que há que pensar na Armada!. ..

Está tudo por fazer. E sendo assim, eu só estranho que não sendo eu, na realidade, um desconhecido, sendo mesmo uni oficial que tem prestado serviços à República, sejam precisamente os chamados grupos civis de defesa da República, grupos cujo patriotismo e dedicação reconheço e admiro por serem constituídos por cidadãos que se acobertam com esse nome sugestivo e interessante de defensores da República, estranho, dizia eu, que sejam esses indivíduos quem, em vez de procuraram pôr-se ao lado de quem faz afirmações que só têm por fim obstar a este estado de cousas, venham dizer em. público que não é digno dos seus

parcos vencimentos o oficial que fez tais afirmações ! Paciência! Os fartos se encarregarão de me dar razão. Os factos ... e alguns homens...

Quando anunciei a minha interpelação, recebi de Paris uma carta do Sr. Almirante Leote do Rego, ilustre parlamentar, carta em que S. Ex.a me felicitava pela acção que eu tomava na defesa dos interesses da armada, e principalmente pela afirmação que fiz sobre a inoportunidade da viagem do cruzador S. Gabriel à América.

Aconteceu que da tal campanha a quo já tive ocasião de me referir, apareceu no Século a notícia de que o Sr. Almirante Leote do Rego havia telegrafado ao meu antagcmista'enviando-lhe por motivo da sua campanha cordeais felicitações.

E evidente que havia aqui uma situação desprimorosa para o ilustre Almirante, a quem eu' depois preguntei o que haveria de verdade em tal notícia, tendo-me S. Ex.a respondido que realmente deveria ter havido uni qualquer mal-entendido da parte de quem a publicou, uma vez que o Sr. Leote do Rego só se referira à entrevista que o Sr. tenente Lança havia tido com uni repórter do Século.

Como este facto se tornou do domínio .público eu quiz que V. E.as tivessem dele conhecimento para poder demonstrar que ha realidade o meu procedimento teve, sem dúvida alguma, o apoio de alguém que tem grande peso na armada pela sua muita competência, pelo seu muito zelo pelo serviço e pelas suas grandes qualidades de republicano — o Sr. Almirante Leote do Rego.

Tenho dito.

O Sr. Ministro da Marinha (Júlio Martins):— Sr. Presidente, sendo esta a pri meira vez que eu tenho a honra de falai-no Senado, como membro do actual Governo, eu começo por dirigir a V. Ex.'1 as minhas saudações.

Sr. Presidente, ouvi com a maior atenção as considerações do Sr. Travassos Valdês e vou procurar responder aos pontos concretos a que S. Ex.a se referiu.