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Sessão de 16 de Dezembi-o de 1921

Mas eu que fui dos primeiros cursos da Escola Naval, depois do publicada, a reforma daquele estabelecimento de ensino, reforma que aiada vigora', eu sei que então se procurava seguir, com todo o rigor, em matéria de instrução, o que se havia estabelecimento no respectivo regulamento, posso dizer que o pior tirocínio que tive de fazer foi precisamente aquele que me competiu a bordo do cruzador S. Rttfael e ainda da corveta Duque da Terceira, que, sendo um navio-escola, deveria reunir talvez todas as condições para esse fim. Em contraposição bom tirocínio, aquele em que mais aproveitei, tanto eu, corno os meus camaradas de curso, foi o que realisei a bordo da canhoneira Diu, um pequenino navio mixto que, ao tempo era comandado pelo Sr. Ltfote do Rogo, hoje ilustre almirante e distinto parlamentar. Mas mais do que isso, e é neste ponto que assenta a base das minhas considerações, o melhor tirocínio que eu fiz, Sr. Ministro, foi o que me foi dado realizar a bordo do transporte Pêro de Alemquer, navio de vela, que foi abatido ao serviço pouco depois da implantação da República, e onde não havia máquiuas, nem artilharia, nem electricidade, nem telegrafia, mas onde havia o essencial para ser proveitoso o tirocínio dos futuros oficiais. É que esse navio era comandado por um distinto oficial, o então capitão-tenente, Henrique Eduardo Macieira, que, conhecendo todos os segredos da navegação e sendo dotado de um extraordinário e invejável senso prático, sabia exigir dos aspirante a prática dos cálculos e empregava todos os seus esforços para que os futuros oficiais encetassem a sua carreira com a especialização que a todos deve ser comum: a navegação.

Creio, Sr. Presidente, com estos exemplos, ter já demonstrado que o que seria preciso para os aspirantes tirarem todo o proveito da sua viagem no Pedro Nunes era que, juntamente com eles, seguisse um bom oficial instrutor, especialmente encarregado da sua educação profissional. O navio é o monos; o instrutor e a qualidade da viagem é que são tudo!...

Suponho que essa viagem sorá de 4, õ ou 6 meses, tocando o navio em todas as nossas colónias e em muitos portos estrangeiros. Magnífica oportunidade por-

tanto para que os rapazes ficassem conhecendo os nossos domínios ultramarinos — agora que já não há as antigas estações navais — e para que as comparassem com as colónias estrangeiras.

Demais, haveria a vantagem, exactamente por a bordo desse navio seguirem bastantes funcionários coloniais, de os aspirantes adquirirem pelo convívio com eles conhecimentos de muitos dos problemas que dizem respeito às colónias portuguesas. Mas foi precisamente a questão dos funcionários que lhes tornou impossível a viagem ...

Diz-se, parece-me que sem razão, que não convinha que os aspirantes seguissem a bordo desse navio, porque nele iam embarcadas também as famílias dos funcionários coloniais, e como os aspirantes são rapazes, podoria muito bem resultar da convivência entre uns e outros qualquer acontecimento desagradável. Ora, meus senhores, não me parece que isto, a tal convivência, seja motivo para grandes temores ou receios, porquanto se trata de rapazes educados e ilustrados, que sabem muito bem como deveriam viver a bordo de um tal navio ... (Apoiados}.

E depois, Sr. Presidente, o navio não era mercante, mas de guerra, e eu tenho a certeza de que não só o seu ilustre comandante, como os restantes oficiais evitariam que os aspirantes pudessem de qualquer maneira tornar pouco agradável a situação dos funcionários que fossem a bordo, intrometendo-se com as pessoas das suas famílias. Desde que se lhes exigisse trabalho, já os rapazes não teriam tempo para brincadeiras, nem para outras cousas pouco úteis ao serviço de bordo e às necessidades da sua instrução.