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Diário dos Sessões do Senado

tas vezes tem sido patenteada, mas não tem mais nada que fazer.

E a Câmara dos Deputados, ou o Senado com a sua votação não vão senão fornecer elementos para o Sr. Presidente da República resolver a crise pela melhor forma.

Não quero ser desprimoroso para coca S. Ex.as e fazem-me a justiça de acreditar que não é esse o meu intuito, mas este acto verdadeiramente grotesco de dar um voto de confiança a um Governo, que já não existe, e a que o Sr. Presidente da República naturalmente já aceitou a demissão é o que se chama uma manifestação platónica, que não tira, nem põe cousa alguma ao falecido Ministério, mas que tira alguma cousa ao prestígio do Partido Democrático.

Tenho dito.

O Sr. Artur Costa : — Sr. Presidente : pedi a palavra para lazer umas ligeiras referências ao discurso do Sr. Aagusto de Vasconcelos, que disse que o Partido Democrático, ou melhor, o Partido Republicano Português tinha a ânsia de permanecer sempre no Poder e que, por consequência, tudo que não fosse isso não lhe agradava.

Em aparte disse a S. Ex.a que, neste caso, que estamos tratando, não era o Partido Democrático que tinha ânsia do estar no Poder.

Houve um outro agrupamento político que, não tendo maioria nas Câmaras, pretendeu sósinho ir governar e encaminhou as forças que pôde arregimentar na outra casa do Parlamento do que resultou uma manifestação em favor da sua chamada ao Governo.

Nenhum de nós tem má vontade ao Partido Nacionalista, temos disso dado, desde longo tempo, as provas mais concludentes.

Tendo nós quási sempre a maioria nas duas casas do Parlamento, votámos a dissolução para que o Partido Liberd de então pudesse ir ao Poder.

Apoiados.

Esse Partido fez as eleições e não trouxe maioria.

Fomos nós os culpados?

Mais tarde, e já depois de constituído o Partido Nacionalista, esse Partido foi chamado ao Poder.

£ Pomos nós os culpados de que a sua acção não pudesse vingar?

Não.

Devo dizer que os homens meus correligionários, que têm pertencido aos Governos sentem a necessidade de descansar e dar a alternativa a quem tenha o direito de osupar as cadeiras do Poder.

Mas não somos nós que havemos de chegar ao" pé dos nossos eleitores e dizer--Ihes que votem no Partido Nacionalista.

Os eleitores não vão atraz de quem quer que seja, e assim muitos homens eminentes, por que têm passado de agrupamento., não têm tido o voto dos seus antigos eleitores.

A razão por que essa moção foi apresentada está na circunstância de homens que se bateram pela Constituição, a paixão cegá-los, e se esqueceram das disposições dessa mesma Constituição, e terem votado uma moção que ia esfarrapar a Constituição.

Ora o Senado- não se desonra afirmando o seu respeito pela Constituição e pelas prerrogativas do Chefe do Estado.

Vozes: —Muito bem. O orador não reviu.

O Sr. Procópio de Freitas: — Sr. Presidente: o espectáculo a que desde ontem vimos assistia do é de molde a que algumas pessoas que ainda se interessavam pelas cousas públicas, levadas pelo desânimo, deixem de se interessar porque a Nação se revolte contra o actual estado de cousas.

Sr. Presidente: o que se tem passado Ultimamente não é a luta dum Governo para dar ao país um certo número de medidas, que entende serem benéficas.

O que se tem passado ultimamente é a luta dum partido, que se tem habituado a ser o detentor do Poder, e que, como o vê a fugir das mãos, procura por todos os processos continuar agarrado a êíe.

Não, Sr. Presidente, tem havido, neste país, situações bastante graves e a todas elas fomos levados pelos erros políticos.