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Sessão de 17 de Julho de Í92Ô

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Tudo isso foi consequência da política desse partido, que tem a preocupação de ser única e exclusivamente o detentor do Poder.

O Sr. Júlio Ribeiro:—Estamos à espera do Partido Eadical.

O Orador: —Está S. Ex.a iludido. O Partido Radical não deseja ir ao Poder senão quando chegar a sua hora própria.

Mas a verdade, Sr. Presidente, é que depois desses momentos amargos por que o país passou, aqueles que davam vivas ao exército e à armada para que lhes acudissem, 6 ,que deviam orientar a política duma forma absolutamente diversa continuam a reincidir nos mesmos erros.

Pelo caminho em que vamos não será para admirar que, em breve, tenhamos neste país situações bem dolorosas. Para que isto não suceda, torna-se necessário que todos nós coloquemos os interesses da Nação acima dos interesses pessoais e partidários.

j Mas não é isso o que eu vejo, Sr. Presidente!

O que se observa é a luta dum partido para que o poder lhe não fuja, não para interesse da Nação, mas para que se não veja destituído das benesses que se habituou a usufruir.

Se assim continuarmos estou certo de que há-de chegar um momento em que o país diga: basta!

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Mendes dos Reis: — Sr. Presidente : poucas palavras, porque não vale a pena proferir muitas.

Não.vou discutir, nem tratar do Partido Democrático, nem do Nacionalista, como não vou discutir o Governo porque está morto.

Vou apenas, Sr. Presidente, referir-me à moção apresentada.

éQual é o fim dessa moção?

O fim dela é inutilizar a votação desfavorável que o Sr. Presidente do Ministério, ou melhor, o Governo "obteve na Câmara dos Deputados.

Pretendem os autores dessa moção, que essa votação de desconfiança envolve uma pressão ao Sr. Presidente da República,

indicando-lhe para governar o Partido a Nacionalista.

Não é verdade, e S. Ex.as, que parecem estar bem informados sobre certos factos, não estão informados sobre tudo o que ali se passou.

ÍSe S. Ex.as tivessem prestado a sua atenção teriam visto que os Deputados da Acção Republicana, depois de terem votado contra o Governo, mandaram para a Mesa uma declaração de voto afirmando que rejeitavam os considerandos da moção, votando única e simplesmente a moção de desconfiança ao "Governo.

O que foi votado na Câmara dos Deputados pela oposição foi somente uma moção de desconfiança ao Governo, visto que a totalidade, ou pelo menos uma enor-míssima maioria daqueles que votaram coatra o Governo fizeram uma declaração de voto, escrita e assinada por eles, dizendo rejeitarem os considerandos da moção, isto é, que não concordavam com a indicação de qualquer parti do'ao Sr. Presidente da República para nele escolher Ministros.

O Sr. Pereira Gil:— Essa declaração de voto não vale nada, visto que na votação nominal não fizeram declaração nenhuma.

O Orador:—Peço perdão. S. Ex.a é parlamentar e eu também já o sou há bastante tempo.

Todos nós sabemos que, em política, se fazem muitas vezes votações com declaração de voto.

E na votação final foi declarado por escrito, e com as devidas assinaturas, que se votada única e exclusivamente o voto1 de desconfiança ao Governo, rejeitando1 qualquer indicação ao Sr. Presidente da República sobre a escolha de Ministros.

Não há, portanto, pressão alguma ao Sr. Presidente da República para escolher Ministros deste; ou daquele partido.

Sr. Presidente: é inútil estarmos a gastar muito tempo com este assunto. Nós sabemos que o Partido Democrático, ou melhor, a direita do Partido Democrático tem uma grande representação nesta casa do Parlamento-, e por consequência a moção será aprovada por grande maioria.