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99 DE MARÇO DE 1972

Base XXIX

52. I— O n.º 1 desta base é a transcrição do n.º II da base xxvi da Lei Orgânica, aplicável às províncias de governo-geral e também, por força do disposto na base XXXIII, às de governo simples.

Já assim era segundo a primitiva redacção da Lei Or- gânica do Ultramar — Lei n.º 2066, de 27 de Junho

de 1958 —, que representara uma evolução em relação à Corta Orgânica, segundo a qual — artigo 76.º— a imi- ciativa da, apresentação de projectos de diplomas apenas pertencia ao governador, embora os vogais lhe pudessem apresentar propostas que ele podia admitir à discussão se não envolvessem diminuição de receitas ou aumento de despesas.

O preceito em apreço harmoniza-se com o que no ar- tigo 97.º da Constituição se dispõe em relação à Assem- bleia. Nacional,

II — O preceituado no n.º 11 constitui providência na- tural para evitar a apresentação de propostas que não tenham um mínimo de viabilidade.

Mas como o número de membros da Assembleia Legis- lativa que terão de assinar os projectos de diplomas, de- verá ser função da composição da mesma assembleia, o assunto deverá relegar-se para os estatutos das províncias.

A base terá o n.º xxxvil e a Câmara propõe a seguinte redacção para O n.º IL:

II— O número de assinaturas que deverão contor os projectos de diploma da iniciativa dos vogais da Assembleia será fixado no estatuto politico-adminis- trativo de cada provincia.

Base XXX

53. I— Corresponde ao n.º 1 da base xxrv da Lei Orgânica que reproduz, embora com alterações, o proposto por esta Câmara no seu parecer n.º 85/V.

II — Segundo a Lei Orgânica — redacção da Lei n.º 2066, de 27 de Junho de 1953 —, se o governador dis-

cordar da publicação do diploma votado pelo Conselho Legislativo submeterá o assunto ao Ministro do Ultramar, que, ouvido o Conselho Ultramarino, pode determinar a sua publicação total ou parcial ou legislar sobre o assunto.

Pela redacção actual — a resultante da revisão de 1963 —, no caso de discordância do governador, duas hipóteses se podem dar: ou o diploma é da iniciativa do governador, e este limitor-se-á a informar o Conselho Legislativo, que deixa de julgar oportuna a sua publica- ção, ou o diploma é da iniciativa dos vogais.

Neste caso, ou submete o assunto à decisão do Ministro do Ultramar ou solicita que as disposições votadas se- jam objecto de nova resolução do Conselho.

No primeiro caso, o da submissão à decisão do Mi- nistro, este. tal como ante a redacção da Lei n.º 2066, ou manda publicar o diploma, ou legisla. No segundo caso — o da nova remessa ao Conselho Legislativo —, se as disposições forem aprovadas por maioria de dois terços do múmero legal dos vogais, o governador mandará pu- blicá-las. Segundo a proposta de lei, no caso de discordância

também se prevêem as duas hipóteses já apontadas e no Primeiro caso — o de a iniciativa do diploma ser do go- vernador — a solução é a mesma.

No segundo caso — o de a iniciativa ser dos vogais — é que a solução já é diferente.

De facto, nesta hipótese, não haverá que recorrer ao Ministro do Ultramar. O diploma, em caso de discor-

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dância, terá de ser de novo submetido, na sua totalidade ou quanto às disposições a que se referir a discordância do governador, à apreciação da Assembleia. No caso de esta confirmar o diploma ou 'as disposições em discussão, por maioria de dois terços do múmero de vogais em efectividade de funções, o governador não poderá recusar a publicação.

O sistema, além da sua maior simplicidade, está mais de acordo com o princípio da autonomia consignado no artigo 185.º da Constituição, segundo o qual as províncias ultramarinas têm o direito de legislar através de órgãos próprios.

III — Corresponde ao n.º Iv da base xxtv da Lei Or- gânica do Ultramar — Lei n.º 2119, de 24 de Junho de 1963.

Este número foi introduzido pela Assembleia Nacional e corresponde, efectivamente, a uma distinção que havia a fazer e que clarifica em muito o problema.

Efectivamente, se se suscita o problema da constitu- cionalidade e da legalidade, ele deve ser encarado e resol- vido com base em tal configuração.

Tanto a proposta como w Lei Orgânica se referem a inconstitucionalidade ou ilegalidade. Mas, efectivamente, dever-se-á falor em ilegalidade?

Fezas Vital define a realidade social como, pluralista, e não monista, por o homem não se integrar sómente no todo nacional, mas também em unidades sociais, outros tantos corpos colectivos, com os seus fins próprios, ou seja, os correspondentes bens comuns cuja realização se propõem, subordinados, como bens comuns particulares ou parciais, ao bem comum nacional em que se integram, como este deverá, de certo modo, subordinar-se ao bem comum universal, obtido pela coordenação e integração dos vários bens comuns nacionais. E não subordinação exclusiva ao bem comum nacional ou, quando muito e através deste, ainda ao bem comum universal, porque os diversos bens comuns coordenam-se e subordinam-se, integram-se e organizam-se gradualmente até ao bem comum de todo o universo, que é Deus. Em suma, diz TFezas Vital, «pluralidade coordenada e

hierarquizada e não caótica ou simplesmente justaposta», o que implica idêntica coordenação e subordinação das «autoridades» incumbidas de os gerir e sancionar.

E, «daí, que as normas elaboradas pelas autoridades afectas à gestão de bens comuns superiores na hierarquia dominem as normas crindas pelas autoridades gestoras dos bens comuns inferiores».

Assim, uma fonte inferior só pode sobrepor-se à fonte superior quando esta ou outra superior a ambas, com consentimento legal, o determine, ou na hipótese de a lei «exigir» certa fonte como meio indispensável à sua inte- gração substancial; neste caso todas as restantes fontes secundárias deverão dizer-se dominadas pela fonte inte- gradora, visto a soberania da lei implicar em tal cast a superioridade da fonte destinada a completá-la, 18,

Por outro lado, tanto as leis própriamente ditas como os decretos-leis são leis ordinárias e têm o mesmo valor formal e idêntica força obrigatória, donde resulta poder uma lei ser alterada ou revogada por um decreto-lei.

Quanto ao ultramar, têm, ainda, força de lei os decretos e os diplomas legislativos ministeriais do Ministro do Ul- tramar e os diplomas legislativos que em cada, província ultramarina sejam publicados pelos órgãos competentes.

16 YPezas Vital, «Hierarquia das fontes de dircito», Bolelim Oficiul do Ministério da Justiça, ano HH, n.º 15, Março de 1948, pp. 6 e segs.