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74 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 119

Quer dizer: importámos menos de 60 por cento do que em 1946 e do que em 1939! Simplesmente pagámos este ano a tonelada a 66$, quando em 1946 a pagámos por 39$ e em 1939 por menos de 14$.

III - Máquinas, aparelhos, ferramentas, etc.
Navios. Veículos

(Janeiro-Setembro)

Em 1946: 47:682 toneladas; 669:540 contos.
Em 1947: 52:002 toneladas; 1.332:165 contos.
A aceitar o coeficiente 1,2 (Janeiro-Outubro), teríamos para 1947: 66:785 toneladas, 1.750:897 contos, ao passo que em 1946 tivemos 91:259 toneladas e 1.283:341 contos.
Importámos cerca de 500:000 contos mais do que em 1946, mas, em compensação, menos cerca de 24:000 toneladas!
A aceitarmos, porém, a média das 25:000 toneladas de importação de antes da guerra, tivemos um déficit até agora, nos anos de 1941, 1942, 1943, 1944 e 1945, de cerca de 5 por cento das toneladas, que se cobriu agora.
De cerca de 100 quilogramas de aparelhos radioeléctricos importamos agora 355:000; de maquinaria agrícola, de que importávamos 182:000, importamos agora 314:000; de aparelhagem industrial temos agora 6:708 toneladas, contra 3:715 em 1946; de aparelhos frigoríficos, 53:000 em 1946 e 182:000 em 1947; de máquinas eléctricas, 364:000 em 1946 e 680:000 em 1947.
De automóveis, camionetas e camiões importámos em 1946 cerca de 5:916 toneladas, no valor de 143:668 contos; em 1947 importámos 17:268 toneladas, no valor de 449:167 contos. Em números, o problema apresenta-se assim:

Em 1946 .............. 4:065
Em 1947 .............. 11:481

Vejamos o seguinte: aceitando a média anual de 4:000 de antes da guerra, a diminuição de 1940 a 1946 foi de 18:000 veículos, o que mostra não termos senão recuperado a posição perdida, e agora com tanto mais interesse quanto é certo que saímos, da guerra com os nossos veículos completamente esfrangalhados, e não é má ideia estarmos preparados para o futuro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em compensação, e graças à indústria nacional e à importação de 1946, já importámos menos pneus e câmaras de ar:
Em 1946: 1:507 toneladas, 90:410 contos;
Em 1947: 1:156 toneladas, 45:759 contos.
Cumulativamente, importámos muito mais material circulante para caminhos de ferro:
Em 1946: 1:262 toneladas, 6:461 contos;
Em 1947: 2:540 toneladas, 27:362 contos.

IV - Manufacturas diversas

(Janeiro-Setembro)

Em 1946: 24:006 toneladas, 393:918 contos;
Em 1947: 32:209 toneladas, 574:793 contos.
A aceitar o coeficiente 1,2 (Janeiro-Outubro), teríamos para 1947: 46:031 toneladas e 780:612 contos, contra (1946): 39 014 toneladas e 640:589 contos.
É difícil a análise, visto que nesta rubrica se incluem as mais diversas manufacturas, desde o vidro, papel e aço em obra até aos medicamentos e brinquedos; observe-se, unicamente, que não chegámos a exceder em 10 por cento a média da importação de 1938 e 1939.

V - Substâncias alimentícias

(Janeiro-Setembro)

Em 1946: 309:134 toneladas, 757:788 contos;
Em 1947: 341:649 toneladas, 1.197:394 contos.
A aceitar o coeficiente 1,2 (Janeiro-Outubro), teríamos para 1947: 432:271 toneladas e 1.579:908 contos, contra (1946): 540:780 toneladas e 1.478:833 contos.
Importámos mais 100:000 contos do que em 1946, mas, em compensação, importámos menos 100:000 toneladas, ficando ainda abaixo das importações de 1944 e 1945.
Não fomos mesmo além de 20 por cento mais do que as importações que fizemos em 1938, quando, em plena normalidade, nada faltava para a nossa alimentação. Custou-nos mais dinheiro a importação. É certo, visto que o preço da tonelada variou do seguinte modo:

Em 1938 ................ 1.200$00
Em 1946 ................ 2.740$00
Em 1947 ................ 3.660$00

Total das importações (Janeiro-Setembro):
Em 1946: 1.549:655 toneladas, 4.009:624 contos;
Em 1947: 1.715:141 toneladas, 5.355:215 contos.
A aceitar o coeficiente 1,2 (Janeiro-Outubro), teríamos para 1947: 2.332:382 toneladas e 7.137:366 contos, contra (1946): 2.487:888 toneladas e 6.859:511 contos.
Quer dizer: não atingimos o volume das importações de 1946 (menos 6 por cento, ou seja 156:000 toneladas) e ficámos ainda abaixo do de 1938!
O mal esteve, evidentemente, no sen custo; com efeito, o preço médio da tonelada importada variou como segue:

Em 1938 ........................ 960$00
Em 1946 ........................ 2.760$00
Em 1947 ........................ 3.060$00

Isto significa que, com uma importação menor, gastámos mais 278:000 contos do que em 1946, ou seja cerca de 4 por cento.
Sr. Presidente: o nosso ilustre colega Deputado Prof. Pacheco de Amorim citou-nos alguns índices-números para concluir que as reduções no custo de vida, consequência da política do Sr. Ministro de Economia, haviam sido quase insignificantes, oscilando entre os 2 e os 4 por cento. E, interpelado por um dos Srs. Deputados que o escutavam com a atenção a que as considerações de S. Ex.ª têm jus, informou que colhera esses índices-números das estatísticas oficiais.
Vejo-me, portanto, forçado a repetir agora o que mais de uma vez tenho tido oportunidade de afirmar do alto da tribuna: esses índices-números induzem-nos, por vezes, a conclusões em patente e evidente oposição com os ensinamentos que a experiência diária da vida nos fornece. E o Sr. Dr. Pacheco de Amorim já o reconheceu lealmente.
Ora, a par desse vício, são esses indices-números por demais subtis ou sibilinos para a grande massa do País, aquela em que penso e pela qual pretendo fazer-me compreender ao apreciar problemas monetários, ou económicos, ou financeiros, a mor parte das vezes anuveados ou entenebrecidos nas, aliás excelentes, abstractas teorizações dos grandes mestres.
Efectivamente, se é possível que os índices-números demonstrem que as reduções no custo de vida não andaram muito além de 2 a 4 por cento, é, sem dúvida, absolutamente certo que em todos os lares portugueses e nas bolsas de todos os chefes de família nacionais há a convicção segura e a comprovação inabalável de que a essas facilidades corresponde uma redução muito, mas muito superior!