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30 DE JANEIRO DE 1948 227

chinesas, quase triplas das alemãs, quase décuplas das classes pobres ingleses e quase duplas das classes ricas britânicas, as de ovos vinte e quatro vezes superiores às chinesas, quase quatro vezes superiores às alemãs, quase seis vezes superiores às classes pobres da Inglaterra e quase duplas das classes ricas.
Não se vê no capítulo "Gorduras" da estatística Maia de Loureiro qualquer referência à capitação portuguesa, Mas a de azeite, anterior à guerra, era computada em 7 a 8 litros, contra 1,3 quilogramas na China, 17 na Alemanha, 10,6 nas classes pobres inglesas e 7,1 nas classes ricas inglesas. A nossa capitação de queijo, segundo o Prof. Maia de Loureiro, pouco inferior é, em valor absoluto, às capitações alemã e inglesa. E o vinho, para as adultos, figura com a capitação de 178,12, não atingida em qualquer país do Mundo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nas frutas e vegetada, alimentação corrente das zonas rurais, não falam os estatísticos democráticos.
Estes números e este quadro são os de 1938-1939.
Em seguida, no seu notável trabalho, o Prof. Águedo de Oliveira compara a estatística Maia de Loureiro com a italiana.
Sem entrar em pormenores, limito-me a dizer que as conclusões são, também aqui, notavelmente favoráveis a Portugal.
Era este o panorama anterior à guerra. Depois dela as coisas evolucionaram de tal forma que a abundância relativa dos portugueses é motivo de pasmo para todos os estrangeiros, mesmo das mais altas classes sociais, que diariamente nos visitam.
Apoiados.
Estávamos, antes da guerra, 16 por cento abaixo do número de calorias que os sábios diziam ser necessário para alimentação racional?
Pode ser. Mas, com perdão dos sábios, nem só de calorias vive o homem.
Risos.
Seja como for, mesmo anteriormente à guerra, a situação nos restantes países da Europa não era preferível à portuguesa. Na América do Norte, considerada como o país de mais alto nível de vida, a alimentação das classes menos favorecidas igualava a das classes idênticas de Portugal.
De resto, as diferenças qualitativas e quantitativas são próprias dos climas, dos hábitos e das facilidades de produção local. As variações dão-se, como toda a gente sabe - menos os estatísticos que só tiram médias -, dentro de cada país, de região para região.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O Dr. Águedo de Oliveira, de harmonia com os melhores estudos internacionais, concluiu que o problema do consumo alimentar ascende ao plano mundial. Significa isto que constitui questão generalizada para a qual é indispensável solução de conjunto. Critério idêntico determinou as Nações Unidas a uma cuidadosa revisão anual das disponibilidades e ao condicionamento ou contingentação das exportações e importações. Não compramos o que queremos, mas só aquilo que nos podem vender.
Foi por isso que certos emigrados, que se dizem portugueses, correram à Conferência de S. Francisco pedindo que, no condicionamento do comércio internacional, a população lusitana fosse privada de abastecimentos ... Ou havia democracia, ou não comia ninguém!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nada conseguiram dos Governos Aliados, e a Mãe-Pátria continuou a abastecer-se, felizmente em melhores condições do que qualquer outro país europeu, porque possui finanças e economia sólidas, paga de pronto, não pede e antes concede empréstimos internacionais.
E se não conseguimos melhores quotas no rateio internacional, isso deve-se, exactamente, ao facto de as estatísticas demonstrarem que outras nações carecem mais do que nós.
Bastantes esforços fizeram os correlegionários do Prof. Maia de Loureiro para que Portugal fosse realmente um país subalimentado. Foram derrotados.
E então aparecem nos jornais comunistas, órgãos de uma doutrina que condenou à morte pela fome dezenas de milhões de homens, mulheres e crianças, bocadinhos de ouro como este, que vou extrair do último número do O Militante, de Janeiro de 1948:

Os salazaristas, para conquistarem certa influência nas massas, recorrem a uma política antieconómica de importações, ao mesmo tempo que dão grande publicidade às conferências do Ministro da Economia e às suas promessas demagógicas!

Eternos velhos do Restelo!
Se cuidamos da alimentação do povo, por importações de emergência, enquanto não organizamos totalmente a produção, que os nossos opositores deixaram na última miséria, aqui-del-rei, que praticamos uma política antieconómica!

O Sr. Mendes Correia: - V. Ex.ª dá-me licença?...
Eu desejaria fazer a afirmação de que nunca, como neste momento, se cuidou tanto das necessidades alimentares do povo português.
Tenho a história do assunto através dos tempos, mas não posso ter, com a mesma generalidade, as opiniões que V. Ex.ª apresenta.

O Orador: - V. Ex.ª referiu-se ao passado, mas eu refiro-me ao presente. V. Ex.ª falou da alimentação de há muitos séculos e eu falo da alimentação astual. E, quanto a esta, vejo que, afinal, estamos ambos de acordo.
Se não importarmos e permitirmos que os preços subam astronòmicamente, aqui-del-rei, que o País está subalimentado!
Se, sob o comando do coronel Linhares de Lima, a lavoura lusitana ganha, arrojada e brilhantemente, a batalha do trigo - ai de nós, que o trigo português é caro, a cultura é extensiva e a terra se esgota ou é levada pela erosão!
Se substituirmos a importação pela produção, como sucedeu, por exemplo, na notabilíssima organização da pesca, secagem e armazenagem do bacalhau, os mesmos homens que só souberam prometer o fiel amigo a pataco logo se levantarem a requerer importações!
Se estamos realizando - e não apenas prometendo! - um plano de trabalho industrial sério, estudado, viável, pleno de certezas - que há-de transformar em poucos anos toda a economia lusitana -, aqui-del-marechal Estaline, que fazemos promessas demagógicas!
Se falamos ao povo, se lhe explicamos os nossos pontos de vista, se respondemos às críticas claras e surdas - aqui-del-Comintern, que fazemos publicidade!
Se nos calamos modestamente, se não damos a um trabalho sério, como o do Dr. Águedo de Oliveira, o relevo que os adversários fornecem às estatísticas de imaginação - dizem que nos encerramos numa torre de marfim e desprezamos a opinião pública!
Herdámos em 1926 um país em ruínas, que o insuspeito Dr. António Maria da Silva, chefe do Governo de-