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270 DIÁRIO DAS SESSÕES-N.º 132

a viabilidade do fabrico do pão de trigo com mistura de milho, de resto já em prática, com certas deficiências técnicas por falta de degerminação do milho actualmente.
Sabemos que essa mistura vem, pelo mais baixo preço do milho, diminuir o preço do pão e, portanto, para um mesmo preço do pão, permitir que se pague o trigo por um valor mãos alto.
Ora quanto mais baixo for o preço do milho mais acentuada será a vantagem da mistura para o aumento do preço do trigo ou embaratecimento do preço do pão. Acontece que quanto maior quantidade de milho colonial -mais barato- entrar no volume de milho destinado à mistura mais baixo será o seu preço. Parece por isso conveniente, quanto à economia do sistema, utilizar para a mistura a maior quantidade possível de milho africano.
Se estas premissas estiverem certas, parece-nos que em tempos normais não será conveniente aumentarmos de forma considerável a produção do anilho continental, mas, como com a utilização de melhoreis sementes nós podemos obter produções unitárias muito maiores, só conseguiremos o fim em vista reduzindo a área actualmente destinada à cultura do milho.
Sabemos que essa redução está condicionada às necessidades de forragens para a alimentação do gado. Julga-se, por outro lado, que a qualidade da farinha de milho proveniente de híbridos permite uma maior incorporação com a farinha de trigo, o que nos oferece uma segurança para o desgaste do aumento da produção de milho.
Mas a área que ficar livre não poderá ser utilizada em grande parte pela cultura do trigo?
Sabe-se que no Norte do País se encontram condições mesológicas muito mais favoráveis à cultura do trigo do que no Sul.
Por lá se cultiva bastante trigo, mas cultivou-se muito mais.
Julgo, todavia, não ser estranho à diminuição verificada o aparecimento da Federação Nacional dos Produtores de Trigo, que, tendo monopolizado as compras deste cereal - sistema isento de críticas para o Sul do País -, não se adaptou, nem podia adaptar-se, à vida rural nortenha. Como a produção no Norte não era densa, construíram-se lá poucos celeiros, e, portanto, o lavrador era e é obrigado a percorrer longas distâncias para ir entregar o seu trigo, contrariando o hábito de o vender à porta de casa ou na feira mais próxima.
Isso vem a propósito para pôr perante VV. Ex.ªs a dúvida de se poder vir a aumentar a produção trigueira do Norte do País, enquanto o sistema de intervenção for o actual.
O resto seria talvez conseguido por uma política de preços de trigo em relação ao milho, de forma a que, remunerando convenientemente as duas culturas, uma trouxesse mais vantagens do que a outra. Mas passemos ao centeio.
O centeio cultiva-se, como todos sabem, em vastas zonas do País, no sentido de ser farinado para pão e, de certo modo, para alimentação de animais.
Reportando-nos à colheita de 1944, a que já me tenho referido, verifica-se:

Média de produção por manifesto (quilogramas)................. 747
Média de venda por manifesto (quilogramas).................... 71
Percentagem para venda........................................ 9,8

de onde se pode concluir a extrema pulverização da sua cultura e ser praticada principalmente para prover ao autoabastecimento das casas agrícolas.
A cultura do centeio reveste interesse especial, pois pode dizer-se eleita para o melhor aproveitamento dos terrenos pobres: queremos dizer que nos solos sáfaros esta cultura dá-nos uma maior produção por unidade de superfície do que a do trigo.
Portanto, o praticar-se aquela em vez desta nos referidos terrenos traduz-se num maior rendimento económico para o País.
Vejamos se foi nesse sentido que evolucionaram as áreas cultivadas de centeio e de trigo.
Para isso observemos o fenómeno ao longo dos cinco quinquénios que vão de 1916 a 1945, tomando os índices de superfícies cultivadas por média de quinquénio:

[Ver Tabela na Imagem]

Por estes índices evidencia-se que a cultura do centeio vem descrescendo desde 1916 até 1940, enquanto se tem dado o incremente constante da cultura do trigo, apenas com um decréscimo no quinquénio de 1936-1940, mas, mesmo assim, indicando uma superfície cultivada superior à de 1926-1930.
Qual o motivo desta evolução?
Talvez ela tivesse tido origem no facto de certas actividades ligadas- ao trigo terem interesses na expansão do consumo do pão deste cereal e, portanto, de não se remunerar a cultura do centeio convenientemente em relação à remuneração dada à cultura do trigo.
Os índices de relação entre os preços reais do centeio e trigo, para o caso do centeio, parecem confirmar esse facto:

1916-1920................... 100
1921-1985................... 101
1936-4930................... 80
1931-1935................... 76
1936-1940................... 82

Mas convirá observar a evolução das áreas cultivadas de centeio e trigo nos distritos mais característicos, pois poderia o fenómeno examinado em globo para todo o País induzir-nos em engano.
índice das superfícies cultivadas de centeio e de trigo por média de quinquénios

[Ver Tabela na Imagem]