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4 DE MARÇO DE 1948 288-(115)

Conviria agora que se procurasse, por intermédio dos organismos associativos, reorganizar a indústria, atendendo à necessidade impreterível de aproveitar melhor a mão-de-obra que é precisa para outros misteres e outras indústrias, e adoptar processos que assegurem melhoria importante na qualidade dos produtos. Só a racionalização em termos e regras práticas o pode conseguir.

32. No começo do século eram os artigos de algodão que pesavam mais fortemente na balança comercial, na parte relativa a produtos têxteis. Ainda em 1925 se importaram 5:886 contos-ouro de artigos de algodão, num total de 13:152 contos de produtos têxteis, ou bastante mais de 40 por cento. Vinham a seguir os lanifícios, os artigos de seda e os de linho.
Mas as coisas modificaram-se bem depressa. As sedas começaram a suplantar os lanifícios nas importações quase desde o começo do século. A partir de 1930 aproximaram-se dos produtos de algodão e ultrapassaram-nos a partir de 1940. Hoje as sedas têm já um lugar muito importante na importação de produtos têxteis. Isto deve ter sido devido em parte ao enorme desenvolvimento tomado, de 1930 para cá, pelo gosto das sedas artificiais, mais baratas do que as naturais e que concorrem fàcilmente em certos casos com o próprio algodão. A indústria nacional não se encontrava apetrechada convenientemente para este novo tipo de produção.
A influência da seda começa a pesar bastante na balança comercial e há vantagem por isso de estudar o assunto, porque não é impossível suprimir a sua influência ou, pelo menos, reduzi-la muito.
A indústria em 1946 fez esforços no sentido de melhorar o fabrico, e entraram em laboração, já no ano de 1947, fábricas que hão-de certamente influir na redução das importações.
Por diversos produtos têxteis, mencionados com 1:461 contos-touro na importação de 1946 e 523 na de 1938, entende-se uma grande variedade de artigos. Mas os que na verdade pesam por bastante mais de metade são os sacos e fardos acondicionando mercadorias. De um total de 65:708 contos de diversos em 1946, competiam àquela rubrica 42:527, e destes quase metade vinha dos domínios ultramarinos sob a forma de sacaria.

33. A industrial têxtil é, sobretudo, deficiente na fiação. As maiores importações dizem respeito a fio. A importância desta verba varia: é maior nas sedas e menor nas lãs e linho.
Contudo, valeria a pena tomar medidas no sentido de resolver o problema do fio de seda. Se se subtrair do total das importações dos produtos têxteis o que se inclui em diversos, que, como se viu atrás, representa em grande parte o acondicionamento de mercadorias que entram no País, como açúcar e outras, verifica-se que os fios andam por quase metade da importação em 1938 e 1946.

[Ver Tabela na Imagem]

A Percentagem de 45 aplica-se a todos os fios: aos de lã, seda, algodão e linho. Mas, por muito, são os de seda que ocupam o primeiro lugar - bem mais de metade em 1946 (68:436 contos, num total de 92:665) e sensìvelmente metade em 1938 (20:819, num total de 39:007).
Vê-se, pois, haver necessidade de cuidar da produção de fio de seda dentro do País. Em geral é se atraído pela indústria mais rendosa e de menor responsabilidade técnica ou de organização mais fácil. E a indústria do fio de seda não é simples. Mas, como actualmente se encontram as coisas, o País depende de possíveis cartéis estrangeiros. Seria por isso vantajoso cuidar de um assunto que tem grande importância na indústria têxtil e parece notar-se indícios, e até orientações práticas, no sentido de solucionar mais este problema.
De uma resolução conveniente derivaria economia sensível na importação.
Outra questão relacionada com esta indústria é a da seda natural, da produção do fio entre nós. O cultivo de amoreiras e a criação do bicho da seda foi no passado uma lide caseira no nordeste do País. Porém, morreu ou quase que morreu. Constituiu-se uma escola, ou posto agrícola, com o objectivo de a amparar, mas nada produziu de útil na matéria que fora a base da sua instituição. Hoje pouco ou nada se faz no sentido de produzir internamente o bicho de seda indispensável para a indústria da seda natural. E é pena, porque o assunto tem grande interesse económico e social e nunca se devem perder tradições deste género, porque é sempre possível obter delas, sem grande esforço, um auxílio precioso para magros orçamentos caseiros.
Os produtos têxteis foram durante muitos anos uma preocupação dominante na política internacional do País. Em parte, as nossas relações com certos povos europeus, até em épocas recuadas da História, assentavam na exportação para Portugal de produtos têxteis em troca de géneros portugueses, como o vinho e outros. Assim se criaram permutas de interesse, como as que tiveram lugar com o Reino Unido e a Flandres. A importação destes produtos decaiu com o desenvolvimento da indústria nacional; contudo ficaram certas exportações que ainda hoje amparam em grau apreciável a balança comercial portuguesa.

34. Não se deram grandes modificações na relatividade dos países exportadores de produtos têxteis para Portugal no período de 1938-1946. A Inglaterra perdeu, porém, o primeiro lugar a favor da Suíça, que em 1946 foi o principal fornecedor de sedas, com 53:907 contos, num total de 105:359. Os Estados Unidos, que mandaram para Portugal apenas 1:675 contos de produtos têxteis em 1938, elevaram a sua comparticipação para 23:133 em 1946.
Pode esquematizar-se o abastecimento de fios, tecidos e outros produtos têxteis, por países, para os dois anos do modo que segue:

[Ver Tabela na Imagem]