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4 DE MARÇO DE 1948 288-(117)

QUADRO XXVI

Consumo do trigo

(Toneladas)

Números da Federação Nacional dos Produtores de Trigo acrescidos de 5 por cento e 10 por cento respectivamente nos quinquénios de 1934-1938 e 1939-1943

[Ver Quadro na Imagem]

(a) Manifestos da Federação Nacional dos Produtores de Trigo acrescidos de 5 por cento.
(b) Manifestos da Federação Nacional dos Produtores de Trigo acrescidos de 10 por conto.

Parece ter havido muito maior consumo de trigo depois do começo das hostilidades, o que tal vez se justifique por maior poder de compra da população, pela transferência para trigo de muitos consumidores de milho e centeio e ainda por virtude de maior população flutuante no período da guerra. A tendência para o aumento do consumo continua a manifestar-se nos anos de 1945 e 1946, e neste último há que contar com a importação em larga escala dos Estados Unidos de farinhas para caldos e para pão e de massas para sopas. Se tivessem sido considerados nos números as produções e importações de outros cereais talvez se encontrassem as razões das anomalias notadas, mas isso não é fácil por falta de elementos seguros.
Em 1940 a estatística agrícola apresentou os dados seguintes para consumo de trigo:

Períodos: Toneladas

1916-1925 ............. 359:970
1926-1935 ............. 489:223
1935-1943 ............. 390:426

Se estão certos os números da Federação e os das importações, parece não estarem de acordo as estimativas atrás mencionadas.

38. Os distritos produtores de trigo são os do Alentejo e em muito menor escala os de Lisboa, Santarém, Setúbal, Faro, Castelo Branco e Bragança.
As produções unitárias são das mais baixas da Europa. Segundo uma estimativa da Sociedade das Nações, apenas as da Grécia eram inferiores às de Portugal na produção por hectare, que se computa em 700 quilogramas.
Este baixo rendimento parece ser devido a três causas fundamentais: deficiência dos solos, condições climáticas desfavoráveis e cultura extensiva. «A intensificação da cultura tem de ser vista não só como meio de resolver os nossos deficits em trigo, mas como maneira segura de estabilizar as produções através dos anos», escreveu um especialista em 1936 1.
Mas muito pouco se tem feito neste sentido. E o rendimento por unidade de superfície continua a ser baixo.
Segundo os dados da estatística agrícola, só nos anos de 1934, 1935 e 1939, desde 1929, a produção foi superior a 1:000 quilogramas por hectare. Em quatro anos, nos quinze assinalados, a produção mostra-se inferior a 700 quilogramas, chegando a atingir a casa dos 500 em três desses anos.
Se fosse possível obter a produção anual média de 1:000 quilogramas, que é inferior à da grande maioria dos países europeus, os 500:000 a 600:000 hectares anualmente semeados seriam talvez suficientes para atender ao consumo interno. Ora apenas a Grécia, a Roménia, a Bulgária e a Espanha (960 quilogramas) têm, na Europa, produções médias inferiores a 1:000 quilogramas por hectare. Nalguns países, como a Bélgica, a Holanda, a Inglaterra, a Suécia, a Suíça, o rendimento médio é até superior a 2:000 quilogramas.
Apesar de as circunstâncias serem consideradas adversas em certos aspectos, parece urgente fazer esforços no sentido da intensificação da cultura, de modo a poder elevar o rendimento.
A fraca produtividade do trigo afecta profundamente a vasta região do Alentejo, que é o principal produtor daquele cereal. E as crises naquela província têm repercussões sérias na economia geral.
O problema do Alentejo, ou, antes, o problema do aumento da produtividade dos solos alentejanos, aparece assim como uma das mais sérias questões da economia agrícola - porque os três distritos de Portalegre, Évora e Beja, com alguns concelhos do de Setúbal e de Santarém, ocupam uma área importante e são escassamente povoados em muitas zonas. Continuar a cultura extensiva do trigo nas condições actuais é certamente

1 «Ensaios de intensificação cultural do trigo», Revista Agronómica, XXIV - Lisboa, 1936, p. 369.