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288-(116) DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 132

III

Produtos alimentares

35. Os produtos agrupados sob a designação de substâncias alimentícias constituem, logo a seguir às matérias-primas, a classe mais valiosa das importações. A sua influência na balança comercial não é de agora. Já em 1900 se fazia sentir, pois constituíram nesse ano um quarto, em valor, do total das importações. Em 1946, no total importado de 150:000 contos (ouro), cerca de 21 por cento era formado por substâncias alimentícias. As principais, em tonelagem, são os cereais - trigo e milho - e o açúcar, e em valor os cereais, o açúcar e o bacalhau somam, quase sempre, bem mais de metade do total das importações.
O quadro seguinte, expresso em toneladas, dá ideia da importação destes produtos desde 1900:

QUADRO XXV

Importação de substancias alimentícias

[Ver Quadro na Imagem]

No exame dos números relativos a importações não deve dar-se excessiva importância aos que correspondem a um só ano. As médias de séries de anos consecutivos exprimem mais claramente o fenómeno económico.
Isto aplica-se de um modo geral a todos os tipos de importação, mas no caso de substâncias alimentícias tem muito maior relevo.
O que pesa mais fortemente na balança comercial, em volume, é o trigo, e nos últimos tempos o milho adquiriu posição que a afecta sensìvelmente.
Ora as importações de trigo e também as de quase todos os farináceos de trigo dependem muito da produção interna, como é natural, e aliás se prova com os anos de 1932, 1934 e 1935 e outros de grande produção.
Deveriam, pois, tomar-se séries de anos (quatro ou cinco), e comparar médias, para mostrar com bastante maior realidade o fenómeno. Mas não há números para a produção desde o começo do século até próximo de 1930, e é principal objectivo apenas neste apanhado do comércio externo dar ideia geral do sentido das necessidades internas no conjunto - de modo a determinar nos últimos cinquenta anos a origem do desequilíbrio da balança comercial.

Os farináceos

36. Em tonelagem os anos de menor importação de substâncias alimentícias foram os de 1902, com 135:646 toneladas, das quais corresponderam cerca de 70:000 a farináceos, incluindo cereais, no valor-ouro de 2:261 contos para o total de 8:303 no ano e o de 1918 com 112:576 toneladas, das quais 61:700 eram farináceos.
Os anos de 1935, 1936 e 1937 marcam baixos níveis de importação de farináceos, com, respectivamente, 92:000, 57:800 e 53:300 toneladas, os mais baixos neste longo período de quarenta e seis anos. Os valores que lhe corresponderam foram de 1:535, 1:042 e 926 contos. Em 1936 foi até levada a efeito, talvez pela primeira vez na história económica dos últimos cem anos, uma exportação de 110:000 toneladas de trigo.
Houve períodos, como o de 1928, em que as importações de farináceos atingiram 553:000 toneladas, no valor de 29:440 contos-ouro para um total de 37:162. Em 1928, cerca de 80 por cento do valor da importação de substâncias alimentícias são representados por farináceos.

Consumo do trigo

37. A verba mais importante que quase todos os anos pesa nos farináceos é a do trigo. As quantidades importadas variam muito de ano para ano, tendo descido em 1937 a cerca de 2:300 toneladas e atingido em 1944 mais de 367:000.
Não é fácil determinar o consumo de trigo no País, e já diversas, tentativas se fizeram com esse objectivo. Talvez que a melhor solução para o problema esteja no uso dos manifestos feitos na Federação Nacional dos Produtores de Trigo ou dos números do Instituto Nacional de Estatística, acrescidos de uma percentagem que corrija as faltas de pequenos agricultores ou de cultivadores que não declararam o trigo que produziram, tudo relacionado com a importação. O assunto foi cuidadosamente ponderado e parece que o acréscimo da percentagem de 5 por cento no período compreendido entre 1934 e 1939, antes da guerra, e 10 por cento nos anos de guerra, aproxima mais da verdade as declarações feitas àquele organismo. Foi baseado nos números da Federação, acrescidos de 5 e 10 por cento, que se organizou o quadro XXVI.