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1 DE MAIO DE 1948 679

O Orador: - O concurso da Junta Central das Casas do Povo indica o período a observar: do século XIX até os nossos dias.
Efectivamente, no decurso do século XIX - como Lasserre sublinhou para o seu país, do qual, aliás, muita coisa aqui foi largamente decalcada - grande parte dos mais virulentos micróbios contra as tradições portuguesas, contra as bases da família, contra a saúde moral, contra os velhos costumes do um povo crente, contra a estabilidade e disciplina sociais, foram insinuados através do obras literárias.
Quantos poetas e romancistas se puseram ao serviço das chamadas «ideias novas» - que eram, apenas, os diversos meios de penetração e de expansão da Revolução em marcha!
Caricaturaram-se os melhores valores nacionais; copiaram-se os figurinos da decadência e da imoralidade estrangeiras; abastardou-se a língua.
Procurou-se - e conseguiu-se - estabelecer um ambiente de derrotismo, de cinismo, de sarcasmo dissolvente, de irreverência ímpia.
Não é necessário enumerar nomes e livros; mas, por exemplo, virá a propósito lembrar o panfleto negador e deformador que foi a História de Portugal de Oliveira Martins (resgatado pelo acto de contrição do Portugal Contemporâneo e pelos belos painéis da Vida de Nuno Álvares e de Os Filhos de D. João I) e as diatribes inflamadas do Junqueiro do Finis Patrioe a atear, na esteira de Vítor Hugo, com versos sonoros, o incêndio que subia.
Quanto aos narradores de cenas populares, raros se eximiam ao modelo de Rousseau - e se privavam de nos dar falsas imagens da nossa gente, em quem apenas se diria interessá-los os apetites brutais, as misérias torvas, os amargos ressentimentos e os ímpetos de revolta...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Isto no século XIX. Hoje não é preciso sublinhar outra vez como o processo se aperfeiçoou e agravou através dos tais neo-realistas, de pura cepa marxista, e como, por esse meio, se perturba e desorienta a juventude e nas suas fileiras se tom semeado com abundância os germes de uma doutrina anticatólica, antipatriótica e anti-humana. Há que desmascarar a conjura funesta e persistente se queremos garantir o futuro e dar ao nosso impulso de ressurgimento uma continuidade sem falhas!
Problema literário? Não! Problema religioso, ético, social, político. Problema nacional!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quero deixar aqui a homenagem merecida à Junta Central das Casas do Povo por o haver compreendido, pelo desassombro com que trava o combate no terreno em que ele deve ser travado. E visto considerar um acto de justiça denunciar e censurar os incertos e os cépticos, os dúbios e os comodistas, os que nada fazem e nada deixam fazer, e enchem de obstáculos e travões os nossos caminhos de luta...

Vozes : - Muito bem!

O Orador: - ...creio também dever de simples justiça pôr em relevo o nome do presidente da Junta Central das Casas do Povo, Dr. António Júlio de Castro Fernandes, Subsecretário de Estado das Corporações e Previdência Social, em cuja forte personalidade de animador pensamento e acção se aliam num espírito de ofensiva cheio de energia e de fé.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Igual fé e igual energia precisamos de mostrar todos, nesta batalha do que depende, porventura, a salvação das gerações novas - e, portanto, de que depende a projecção histórica da empresa que prosseguimos. Note-se bem: tudo quanto se fez, se faz e se fará será posto em risco se os portugueses que sobem agora para a vida não mantiverem o já adquirido e não levarem por diante - mas à luz das mesmas grandes certezas - os nossos esforços de reconstrução, de progresso e de engrandecimento.
Neste campo, como em todos, a batalha pela juventude terá de ser ganha - se não queremos que tudo se perca. O mesmo é afirmar que essa batalha há-de ser ganha - no presente, para o futuro!
Disse.

ozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Manuel Múrias: - Sr. Presidente: eu não costumo falar muito nem muitas vezes.
Se pedi hoje a palavra foi porque me parece conveniente que se não encerre esta sessão legislativa sem se ponderar num acontecimento de transcendência imperial que há-de celebrar-se enquanto estiver encerrada a Assembleia Nacional.
Sr. Presidente: no dia 15 de Agosto decorre o 3.º centenário da reconquista de Luanda aos holandeses. Esse acontecimento garantiu a Portugal a posse definitiva de Angola e a sua incorporação nos destinos da Pátria comum. Parece que o 3.º centenário da reconquista de Luanda não poderá deixar de ser aproximado de todas as campanhas que se fizeram nessa época para a libertar de invasores estranhos, pelas raízes, pela língua e pela religião, dos descobridores e ocupadores iniciais e, finalmente, definitivos de Angola e do Brasil.
Não é indiferente para quem medita, não só nesse tempo, mas no nosso tempo, um acontecimento dessa grandeza, porque ao mesmo tempo que se libertou Angola libertou-se a Guiné e permitiu-se a integridade das ilhas atlânticas que constituem a coluna vertebral da defesa do Atlântico e porventura uma dessas grandes partes que se podem jogar no Mundo em defesa dos interesses superiores de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como a Camará estará encerrada no dia 15, pareceu-me conveniente que se dissesse aqui do interesse que a Assembleia Nacional não pode deixar de ter por este acontecimento, visto que ela nunca pode ser estranha aos interesses do nosso Império.
Parecia-me, Sr. Presidente, que seria da maior utilidade nesse dia, e por essa altura, irem a Angola aqueles que, na verdade, representando posições de importância, podem intervir no desenrolar da política portuguesa. E parece-me também, Sr. Presidente, que deveria ir a Angola uma longa missão, escolhida entre aqueles que não conhecem ou não estudaram Angola, e de tal maneira fizessem uma viagem de estudo, cujas observações poderiam resultar da maior importância para que começassem a conhecer Angola e melhor o nosso Portugal. Dessa missão, que deveria ser de escol, não deveria deixar de fazer parte um grupo de Deputados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Deputados, Sr. Presidente, dos que menos conhecessem o nosso Império, embora se tenham preocupado com os seus superiores interesses. Vou ter-