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22 DE ABRIL DE 1952 811

Esta comissão fez o diagnóstico clinico provisório da peripneumonia e viu-o confirmado pelas investigações anátomo - patológicas do Laboratório Central de Patologia Veterinária e microbiológicas do Instituto Câmara Pestana.
A esta distância no tempo e com as provas que o gado continental tem fornecido, sinto-me no dever de prestar aqui as minhas homenagens ao labor destas comissões, ao cuidado com que actuaram e aos conhecimentos clínicos e científicos que revelaram e que se depreendem dos documentos que me foram fornecidos. Só por falta de tempo me dispenso de pormenorizar aqui o que foi u sua actuação.
Sabe a Câmara que, por virtude da intervenção aqui realizada em 14 de Março de 1950, em que se afirmaram dúvidas quanto ao rigor e exactidão do diagnóstico, o então Subsecretário de Estado da Agricultura mandou sustar a execução do seu despacho, de 8 de Março de 1950, em que se determinava o abate do gado contagiado, conforme determina o Regulamento de Sanidade Pecuária, e determinou, por despacho de 3 de Abril de 1950 (embora sem motivo para duvidar da competência dos técnicos que intervieram no assunto, mas para proceder com redobrada cautela em matéria de sua natureza melindrosa e grave, como ali se declara), que o inquiridor promovesse o envio para o estrangeiro de material para analiso e examinasse a possibilidade da participação nos trabalhos de outros técnicos ou institutos, conforme o seu despacho de 19 de Novembro de 1949, aposto na sugestão feita pelo inquiridor em 12 de Outubro de 1949.

Analisadas as dificuldades de dar cumprimento a este despacho, assentou-se que melhor seria confiar essa tarefa a um organismo internacional de que Portugal faz parte - o Offíce International des Epizooties.
No entanto, só em despacho de 6 de Julho de 1950 foram encarregados dessa missão no estrangeiro o inquiridor e o Sr. Dr. Pedroso Rodrigues, seu assessor jurídico.
Chegados a Paris, foram procurar o Dr. Ramón, presidente do Office International dês Epizooties. Expostas as razões da diligência, o Dr. Ramón indicou como particularmente recomendáveis o Dr. Thiery, director do Laboratório de Investigação Veterinária de Alfort, e o Dr. Curasson, inspector-geral honorário doa serviços veterinários da África Ocidental Francesa, residente em Puligny (Jura), e como de utilidade uma conversa com os Drs. Merle, Teuten e Guyaux.
O Dr. Thiery declarou não poder vir a Portugal naquele momento. Dirigiram-se, por isso, a Poligny.
Uma vez ali, souberam, pela boca do próprio Dr. Curasson, que já lá tinha estado o Dr. Fontes Pereira de Melo, que lhe tinha levado diversa documentação respeitante ao processo de inquérito e ao processo disciplinar que lhe foi instaurado. Desse material constavam: versão francesa incompleta do relatório do director do Instituto Câmara Pestana; versão francesa dos depoimentos dos Drs. Pedro Carda, Sanches Botija e Balanco Loizeller, de 28 de Setembro de 1949; fotocópia do relatório do Prof. Drieux sobre o exame das séries M, II e A das preparações histopatológicas de pulmões de bovideos doentes.
Estava, por isso, indicado que fosse o Dr. Curasson a vir a Portugal, e envidaram-se todos os esforços para que assim acontecesse.
Pelo ofício n.º 629, de 10 de Agosto de 1950, foi o Dr. Curasson convidado para tal fim. Depois da sua chegada, em 20 de Setembro de 1950, foi-lhe entregue pelo inquiridor:

1) A versão francesa do relatório do Prof. Gander;
2) A versão francesa do relatório do Prof. Cândido de Oliveira, director do Instituto Câmara Pestana;
B) A versão francesa dum esboço histórico sobro as doenças que se manifestaram nos bovinos que a Junta importara - dos que ficaram na metrópole e dos que foram para a Companhia dos Diamantes de Angola - e no qual se resumiram as diligências efectuadas para a identificação dessas moléstias, bem como os incidentes ocorridos por virtude de ter sido formulado o diagnóstico de peripneumonia.
No dia 21, era apresentado ao director do Instituto Câmara Pestana, pois que em Poligny tinha manifestado desejo de fazer as pesquisas do agente da peripneumonia tanto no Instituto Câmara Pestana como no Laboratório Central de Patologia Veterinária, para evitar melindres. O Prof. Cândido de Oliveira declarou que o Instituto estaria ao dispor do Dr. Curasson.
No dia 22, repetiu-se igual diligência no Laboratório Central de Patologia Veterinária e o Dr. Manso Ribeiro, seu director, indicou-lho a sala do laboratório e escritório anexo, preparados pura serem usados exclusivamente por ele.
Delinearam-se os planos de trabalho o foi inteirado de que teria à sua disposição o material e o pessoal necessários à sua execução.
Em resumo ficou assente, como plano de acção:
Sacrificar quatro bovinos da Junta - três do grupo da Venda Nova e um do de Paços de Ferreira;
Execução das análises nos respectivos serviços do Laboratório Central de Patologia Veterinária;
Pesquisa do agente da peripneumonia, realizada pelo próprio Dr. Curasson;
Inoculação de bovinos com exsudato pulmonar ou pleuritico, utilizando para isso três bovinos existentes na Escola Superior do Medicina Veterinária, e que ali continuariam depois de inoculados ;
Observar no dia seguinte os pulmões de três bovinos angolanos dum grupo que nesse dia havia .sido abatido no matadouro e era fortemente suspeito de peripneumonia.
Na manhã seguinte o Dr. Curasson disse:
1) Que resolvera não trabalhar no Instituto Câmara Pestana;
2) Que resolvera não utilizar os bovinos da Escola Superior de Medicina Veterinária;
3) Que já escolhera local nos terrenos do Laboratório para instalar os animais de experiência;
4) Que desejava fazer as provas do desvio do complemento em bovinos angolanos que estavam sendo abatidos no matadouro, em bovinos da Junta e em vitelos de experiência, com antigénio e soro padrões vindos da Austrália e que se encontravam no Laboratório Central de Patologia Veterinária ainda intactos;
5) Que nos vitelos desejava fazer a prova antes da inoculação e repeti-la nos dias subsequentes a esta;

6) Que desejava preparar antigénios a partir dos pulmões de bovinos de Angola, recebidos na véspera;

7) Que precisava, para isso, de trinta vitelos (seis para cada um dos quatro bovinos a abater e dois para cada um dos três pulmões dos bovinos angolanos).

A uma observação do Prof. Monteiro da Costa, aceitou o Dr. Curasson reduzir a metade o número de bovinos a inocular, assentando-se na técnica das inoculações a praticar.