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816 DIARIO DAS SESSÕES N.º 107

os forneceu e nos sujeitou aos comentários desagradáveis que acabei de ler.
Se são exactos, então não me atrevo a desenvolver as considerações que me acodem ao espírito. Sobre isto nada perguntarei. Aponto factos, e factos bem desagradáveis.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Gaspar Ferreira: - Sr. Presidente: porque é a primeira vez que na presente legislatura tomo a palavra nesta Assembleia, devo e gostosamente cumpro esse dever - principiar por dirigir a V. Ex.ª as mais respeitosas saudações, que quero fazer acompanhar da afirmação muito sincera da minha grande admiração pelas elevadas qualidades de inteligência de V. Ex., pelos seus devotados e relevantes serviços à causa da Nação em muitos e importantíssimos departamentos de actividade, pelo aprimorado trato de V. Ex.ª, irradiante de bondade, a dar a todos ânimo e confiança, pela maneira superior como tem dirigido os trabalhos desta Assembleia, por forma a conquistar esta prestígio e o reconhecimento geral de elevação no exercício das suas funções.

Devo também, Sr. Presidente, aproveitar esta oportunidade, visto não ter tido ainda outra, para apresentar ao ilustre leader, o Sr. Prof. Dr. Mário de Figueiredo, as minhas mais sinceras homenagens devidas aos seus altos dotes intelectuais e distintas qualidades pessoais, uns e outras largamente comprovados no exercício do professorado universitário, das funções de Ministro e de tantas outras da maior responsabilidade e do maior interesse para a Nação, especificadamente as de leader, nesta Assembleia, funções estas a que deu tanta altura e tal timbre que conquistou definitivamente a nossa admiração, o nosso respeito e, permita-me V. Ex.ª a ousadia de o dizer, a nossa mais profunda simpatia.

Aos Srs. Deputados, meus ilustres colegas, afirmo o meu mais elevado apreço por todos e a permanência do meu propósito de colaboração honesta nos trabalhos desta Assembleia, não me permitindo eu próprio o desvio daquilo que a todos nos anima: servir o interesse nacional.

Vozes: - Muito bem !

O Orador:-Sr. Presidente: no dia 10 de Fevereiro, com o lançamento do primeiro batelão de pedra, foram iniciadas as obras do prolongamento do molhe sul do porto de Aveiro.
Este facto constitui para a região um acontecimento da mais alta importância, que merece ser assinalado.

É ele indicador seguro de que terminou certa indecisão na execução integral do sistema de obras, que constitui uma 2.ª fase, concebido, projectado e aprovado para melhoramento da barra de Aveiro.
Verifica-se por ele que foi superiormente aceite e esperamos que definitivamente - que o prolongamento do molhe sul, tal como foi projectado, não pode ser suprimido, nem mesmo ser retardada a sua execução, visto constituir um elemento essencial do sistema de obras em curso, destinado a conseguir o acesso seguro ao porto, cujo melhoramento, com o prolongamento, embora .só parcialmente realizado, do molhe norte, já é notável e evidente, sendo mesmo de assinalar a sua benéfica e importante repercussão já verificada na economia das actividades marítimas com base no porto de Aveiro.

Estamos certos de que com o estabelecimento completo do sistema de obras previsto ficará garantido, em favor da economia da região e da economia nacional, o funcionamento dos instrumentos do maior valor que serão os seus portos de comércio e de pesca.

Não me proponho enunciar hoje nesta Assembleia as vantagens já obtidas com. as obras simplesmente iniciadas, vantagens de entre as quais se destacam o aprofundamento constante e já verificado do passe da barra, por forma a terem tido já nela passagem navios demandando 19 e ate 20 pés de calado, e o estímulo psicológico dessas vantagens, vivificantes das actividades económicas com base no porto do Aveiro.

Não quero também neste momento fatigar a Assembleia desenhando-lhe o quadro real daquelas actividades já existentes, e só de relance, num esboço extremamente modesto, me limitarei a referir a progressão marcada pelos seguintes números, pelo que diz respeito à pesca do bacalhau:

Em 1932 entraram no porto de Aveiro 1.420:000 quilogramas de bacalhau, no valor de 2:858 contos;
Em 1946 entraram 11.935:000 quilogramas, no valor de 47:744 contos; Na campanha de 1949-1950 entraram 44.003:424
quilogramas, no valor, atribuído à descarga, de 264:380.544. Na campanha de 1950-1951 entraram 51.472.044 quilogramas, no valor, atribuído à descarga,
de 308:834.784.

Referirei ainda, do relance, que as instalações do secagem de bacalhau de várias empresas têm sido, desde o início das obras da barra, consideravelmente melhoradas.
Assim, além de outras melhorias mais modestas, mas de relevo, realizadas por outras empresas, a Empresa de Pesca de Aveiro montou e pôs em funcionamento, já em fins de 1950, uma moderna instalação de secagem artificial, que julgo ser a de maior capacidade do País e montou uma nova central frigorifica para alimentar nove camarás, com a capacidade de 5:000 toneladas de bacalhau, ao mesmo tempo que outra empresa concluiu várias câmaras frigoríficas, aguardando oportunidade para montar a respectiva central.

E isso que fica dito, a evidenciar o desenvolvimento prodigioso do porto bacalhoeiro de Aveiro, não me inibe de dizer que também já é evidente e prometedor o surto de desenvolvimento nas outras actividades de pesca.
Sr. Presidente: a quem tenha passado em Aveiro de alguns anos para cá não terá passado despercebido o rápido e enorme desenvolvimento daquela cidade.
O seu veloz e admirável surto de progresso tem *Mo influenciado -não há que contestar- pela atenta e cuidadosa direcção e esforços da sua Câmara Municipal, tem sido impulsionado portentosamente pelos relevantes auxílios do Governo do Estado Novo, mas tem tirado alimentação abundante da riqueza, em cuja base estão em lugar muito notável, embora não único, as actividades económicas ligadas ao porto de Aveiro e outras por estas directa ou indirectamente influenciadas.

Vai-se desenvolvendo com o progresso das obras do porto de Aveiro a demonstração da verdade que se assevera no relatório que criou a Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro, e que a história da região, aliás, ensinava: ser «o mar o activo e renovador elemento que alimentará as energias de que dependem todos os valiosos interesses regionais de natureza diversa (agrícolas, comerciais e industriais), mas paralelos e solidários, pois certo é que a prosperidade e a decadência da região de Aveiro são função de melhor ou pior facilidade das suas comunicações com o mar».