22 DE ABRIL DE 1952 817
representantes nesta Assembleia, o maior júbilo ao ver, com a execução em curso das obras da 2.ª fase de melhoramento da barra de Aveiro, estarem definitivamente em realização os propósitos de uma nova política portuária adoptada sequentemente pelos Governos do Estado Novo e enunciada, entro outros, pelos Decretos n.ºs 12:707, de 2 de Dezembro de 1926, 14:718 e 14:782, de 8 e 19 de Dezembro de 1927, 15:644, de 23 de Junho de 1928,17:047, de 29 de Junho de 1929, e 17:421, de 30 de Setembro de 1929, e pela Lei n.º 1:923, de 16 de Dezembro de 1933.
A essa nova política portuária nacional, que reconheceu a utilidade da função económica dos portos secundários e tem um sentido histórico, de solução o Decreto-Lei n.º 33:922, de 5 de Setembro de 1944, que tornou possível a execução das obras em curso no porto de Aveiro.
Mas, Sr. Presidente, não é só um sentimento de júbilo pela realização destas obras que me anima; anima-me também um sentimento de enorme gratidão por todos os obreiros de uma política de atenção ao interesse nacional, que tornou possíveis as realizações da magnitude daquelas a que me venho referindo.
Deram-lhes início, pela realização duma 1.ª fase, os saudosos e grandes Ministros das Obras Públicas e Comunicações Dr. Antunes Guimarães e engenheiro Duarte Pacheco.
Tomou o pensamento da continuação dessas obras, quando Ministro interino das Obras Públicas e Comunicações, o actual Ministro da Presidência, Sr. Prof. Doutor João Pinto da Costa Leito, que, naquela qualidade, subscreveu o referido Decreto-Lei n.º 33:922, que estabeleceu o programa das obras da 2.ª fase do plano portuário a realizar.
Deu impulso à realização das obras da 2.ª fase dos melhoramentos da barra de Aveiro, mandando abrir concurso para elas e adjudicando as, o Sr. Engenheiro Augusto Cancela de Abreu, quando Ministro das Obras Públicas e Comunicações.
A execução dessas obras tem presidido S. Ex.ª o Sr. Ministro das Obras Públicas engenheiro Frederico Ulrich, que ultimamente as impulsionou por forma notável e a merecer os mais rendidos agradecimentos da população, homologando o douto parecer do Conselho Superior de Obras Públicas, de que resultou se iniciassem as obras do prolongamento do molhe sul.
As faculdades realizadoras desses estadistas, ao carinhoso interesse dos Governos do Estado Novo pela solução dos problemas de interesse nacional e à sábia chefia e extraordinária obra de estadista de S. Ex.º o Presidente do Conselho ..
Vozes: - Muito bem!
O Orador:-... deve a região de Aveiro o ir ver transformar-se em realidade o seu porto, que foi durante perto de duas centenas de anos aspiração das populações, que foi durante esse período objecto de tenacidade e canseiras de tantos e matéria de dedicados esforços e proficientes o brilhantes trabalhos de Deputados, como José Estêvão, de jornalistas, como Fernando de Sousa e Homem Cristo, de estudiosos do problema portuário de Aveiro, como o comandante Rocha e Cunha, de engenheiros, como Luís Gomes de Carvalho, Reinaldo Oudi-not, general Silvério Pereira da Silva, Adolfo Loureiro, Sousa Brandão, Melo e Matos, Figueiredo e Silva, Francisco Barros Coelho, dos engenheiros que constituíram a comissão de classificação dos portos do continente e dos engenheiros Von Hafte, Viriato Canas, Duarte Abecasis, João Ribeiro Coutinho de Lima e Carlos Abecasis.
Sr. Presidente: ao assinalar o início da continuação do molhe sul do porto de Aveiro não me pude furtar à recordação dos que por este trabalharam esforçadamente e de, com ela, dirigir o meu preito de saudade aos que já não vivem, e a todos, vivos e mortos, o preito do meu reconhecimento.
Vozes: - Muito bem !
O Orador:-Mas em lugares culminantes estão, como credores de agradecimentos, os Governos do Estado Novo, a cujo dinamismo, inteligente e cuidadosa atenção ao interesse nacional Aveiro deve as obras do seu porto.
Por essas obras apresento, em meu nome e no do distrito de Aveiro, de que tenho a honra de ser um dos representantes, com respeitosas saudações, os protestos do mais vivo reconhecimento aos Governos do Estado Novo, muito especificadamente a S. Exª. o Sr. Presidente do Conselho, que, pela sua sábia orientação e superior visão, tornou possível toda a obra de ressurgimento e progresso do Pais, e aos ilustres Ministros das Obras Públicas que deles têm feito parte, entre estes o actual ilustre titular daquela pasta, Sr. Engenheiro Frederico Ulrich, cujos inteligentes e devotados cuidados pelos interesses das populações, esforçado dinamismo e aliciante acolhimento Aveiro e todo o Portugal reconhecem.
Sr. Presidente: falei do problema da barra do porto do Aveiro; mas é me impossível, ao tratar dele, abstrair o pensamento dos problemas com aquele interligados; que dizem respeito à ria de Aveiro, esplêndido instrumento à disposição da economia regional.
De facto, só por convenção se podem separar os problemas da barra e da ria, tão certo, é que das condições da barra depende a maior ou menor eficiência do auxilio primordial que à economia da região presta e pode prestá-lo ainda maior- a ria, ao mesmo tempo que esta será influente poderoso no contributo regional às actividades do porto.
Sr. Presidente: quando invoco o quadro maravilhoso de luz e cor, de energia e de trabalho que constitui a magnífica, sob todos os aspectos, região da ria de Aveiro, sinto mágoa pungente pela insuficiência da minha palavra. Vivifica a paisagem a policromia mais estonteante de cambiantes de luz e cor, que ao artista não furta assuntos para as mais soberbas realizações. Ali a beleza touca a natureza e a sua gente, dando-nos à vista miragens inebriantes. Ali as águas e a terra encantam o visitante, pondo-lhe na vista revérberos de deslumbramento, espalhamentos de beleza e cintilações diamantinas. Campo vasto e exuberante, com ambiente o mais aliciante e próprio para a atracção de turistas, que ali, porém, poderiam e deviam encontrar meios mais abundantes e fáceis que os que existem para percursos na ria, pousadas onde descançassem, possibilidades e facilidades para a prática da caça aquática, da pesca e de outros desportos náuticos. Onde ambiente mais aliciante a aproveitar pela indústria do turismo?
Ao examinar a magnífica região que margina a ria de Aveiro, surpreende a associação íntima das mais variadas actividades exercidas pela sua população, de cerca de 150:000 almas: faina marítima, indústrias de terra, agricultura, labor comercial.
Todas elas se movimentam em esforços intensos, criadores da riqueza, constituindo no seu conjunto um dos mais complexos e curiosos fenómenos económicos e sociais.
A população soube, com admiráveis e perseverantes. esforços, tirar do seio das águas da ria os moliços e as lamas com que, pelo trabalho corajoso e perseverante do agregado familiar, transformou estéreis dunas em. terrenos agrícolas de enorme fertilidade.
Na pesca lagunar, costeira e longínqua, na apanha dos moliços, na navegação fluvial, na agricultura, nas