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876 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 49

Travou com mão forte a saída de capitais.
Constrangeu as importações.
Reduziu as despesas no estrangeiro e reduziu até os investimentos.
O Banco de Inglaterra promoveu a redução da liquidez.
Até agora estes e outros meios utilizados não recompuseram satisfatoriamente a (situação, apesar de em seu socorro terem voado alguns grandes bancos estrangeiros, mostrando-se aos gentlemen, generosos, cavalheirescos e capazes de jogo mais do que asseado.
Medidas mais expeditivas foram tomadas nos preços e rendimentos.
Mais expeditivas, mas não sei se verdadeiramente socialistas.
Comprimiu-se o poder de procura.
Despediu-se o pessoal sobrante dos limites fornecidos pela colocação.
Bloquearam-se os salários.
Congelaram-se os preços.
Atacaram se as compras e os créditos.
Surgiu uma fiscalidade selectiva que não ignora os trabalhadores.
E os Ingleses puderam estancar a alta e pôr certa ordem em sua casa.
Mas na terra de Beveridge surdiu de novo o desemprego, com os seus clamores, tristezas e com as suas vítimas, numa comunidade que esperava o full employment e uma política plenamente racional.
A Inglaterra dá-nos, assim, uma lição corajosa, mas lógica, um exemplo perturbador e pessimista, embora não lhe faltem se condições de regresso saudável e as vozes de prudência, e equidade.
Ela leva mais de que nos traz, em valores do comércio.
Assim, em 1964 exportou para Portugal 102,8 milhões de dólares e recebeu 81,1. É isto que nos diz a E. F. T. A:
A França:
A ilustre França do general De Gaulle apresenta um potencial político-económico formidável e procura desembaraçar-se da compromissos militares para, no traçado de uma nossa independência, regressar à sua antiga e poderosa posição na balança de forças.
Apesar de algumas dificuldades e tendências acentuadas inflacionistas, ela mantém o domínio monetário e do crédito e insere-se numa alta mais que apreciável, nas paridades de poder de comprador.
Fruto dos seus campos sem rivais, dá sua técnica industrial cuidadosa e diversificada, explorando sabiamente as lindezas dos departamentos e das suas grandes cidades, enleando pelo requinte das produções e prendendo pelo luxo ostensivo, construindo em larga escala, economizando franco a franco, revendo cautelosamente as «adições» dos estabelecimentos, as contas, e a Conta Geral do Estado, poupando e investindo, a França dispõe de meios e condições ;em rival.
Não falando em que atrai e absorve por um turismo concertado que agora a recobre de hotéis, de pensões, de restaurantes e de salas de espectáculo, na qual se empenham os artífices e operários que desertaram das nossas terras.
Isto lhe assegura créditos que bastem para cobrir os déficit s da si a balança de pagamentos.
E assim pôde a França converter dólares bastos em ouro maciço e tornar-se campeã recente do já arcaico sistema do gold standard, ela que foi pátria do bimetalismo.
Não há que sublinhar que se entregue à travagem dos bens de equipamento e ao combate da alta, pelos cerceamentos orçamentais.
Estes fenómenos carecem ser vistos de mais longe e sem esquecer que, depois de anos e anos, a França apresenta orçamentos equilibrados, recorre aos velhos princípios da universalidade e tem na sua Cour napoleónica um instituto meticuloso que fiscaliza, além das contas públicas, a correcção administrativa e económica e a eficiência de serviços públicos de qualquer índole.
Claro que as decepções também não a excepcionam; foi assim que o avanço ultra-rápido dos Chineses permitiu bruler l'étape e deixar para trás os esforços descompassados e discutíveis do seu governo atómico.
A França é a nossa compradora primeira de vinho do Porto e a sua preferência tem o sabor e consagração de uma realeza.

Alemanha de Oeste:

Poucas palavras direi deste grande país, enriquecido pela invenção, pela técnica e pelo trabalho, que funciona em pleno. Não existe desemprego. A Alemanha precisa ainda de 1 800 000 trabalhadores mais na indústria e 600 000 nas suas granjas, as quais são, em grande parte, do Estado e ostentam dimensão média.
Apesar disso, ela dá a impressão de superlotada e as grandes cosmópolis vizinham com outras grandes e as unidades fabris de dimensão descomunal acumulam-se em Dusseldórfia e outros pontos, que parecem transportar-nos à América do Norte, sua rival.
Aumentando o redesconto, os juros, limitando os levantamentos, condensando os lucros, provocando a morosidade e a revisão das aberturas de crédito, utilizando menos o open market ..., pretendeu-se conservar a solidez do mercado de capitais e domar os preços, tudo isto sem, todavia, recompor, por inteiro, a balança de pagamentos.
Mas o coração da Alemanha pulsa agitadamente no Reno, com as suas drenagens infinitas, nas multidões disciplinadas, num trabalho organizado, que não pára, nem esmorece, e na certeza de suplantação pelo trabalho e pela técnica, que são o seu maior segredo.

A questão do ouro:

Deve o ouro ser reposto no seu antigo pedestal?
Ou deve apenas ser coadjuvado, completado e suprido na sua raridade?
Será a altura de se pensar numa nova moeda?
A estas e outras questões correlacionadas devia dar-se resposta na 22.a Assembleia do Fundo (Monetário Internacional, realizada em Setembro deste ano.
Cem ministros das Finanças, sob a presidência do Irão, várias autoridades monetárias de polpa, técnicos que julgam não haver outra linguagem senão as séries registadoras e as curvas varadas para os modelos futuros, práticos da banca, procuraram responder por diversas formas a estas e outras complicadas questões.
Os Estados Unidos da América e a Inglaterra apresentaram projectos e propostas. Mas a França, a Bélgica, a Alemanha Federal, negaram-lhes o seu acordo.
No fundo, atrás das intervenções e ocultados pelos argumentos, estavam em debate outros problemas - a ascendência do dólar e da libra, uma reforma monetária de maior escala, as taxas de juro que agora sobem sem licença e a ajuda ao Terceiro Mundo para o amortecer ou, pior ainda, para o despertar e erguer sem se saber como e contra quem.
Portanto, acentue-se, a reforma monetária que deveria gizar-se a favor de todos, de amigos, compartes, vizinhos e aliados, e sobretudo para ajudar o Terceiro Mundo.
Woods, presidente do Banco Mundial, quer um sistema que alargue os créditos de desenvolvimento para o quá-