O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

15 DE DEZEMBRO DE 1966 877

druplo, a fim de acudir aos países em evolução, que são a maioria.
Mas terá de se subir o juro para 6 por cento. O seu Banco vai ser constrangido a isso (sic).
Schweitzer, director-geral do Fundo Internacional, estudou a diminuição das exportações dos países em via de desenvolvimento, a necessidade de finanças compensatórias, o mecanismo da criação de reservas adicionais em curto prazo para obter maior liquidez internacional, facilidade nos negócios e segurança no comércio mundial.
Vários oradores acentuaram a necessidade de reservas suplementares.
Mas foi dito que os países com situação firme deviam abrigar-se, controlando a inflação.
A França propôs uma solução neutral, chamada de branco e preto.
No fundo reclamava-se estabilidade geral, negócios mais avultados e fáceis, pontos de apoio sólidos e em número maior que o actual.
Foi preciso que a crise tocasse pela porta dos grandes países para se promover a formação de uma opinião qualificada, genérica, mas salvadora.
As propostas de solução pareceram anais que modestas.
Tempos estes -que não os da minha mocidade estudiosa-, tempos de Irving Fisher, de Gustavo Cassei e de Keynes, homens inteligentíssimos e (resolutos.
A ciência e a arte entorpecem na aluvião dos elementos medidos e a imaginação dos teóricos também não desperta num mundo prolixo e conjecturai.
Somos um pouco injustos, porque, apesar dos novos factores, o elemento fundamental da reserva e o denominador comum das paridades continua a ser o ouro,- o qual tem um pool e uma convenção, tem os seus apóstolos e liga às moedas de projecção mundial as produções de maravilha da Califórnia e do Rand.
O relatório do nosso banco emissor regista a complexidade do problema e das negociações e prevê lentidões de processamento, mas parece aguardar para voltar ao fundo da quês cão.

O Plano Rueff:

A França pretende que se estude o preço do ouro e que se proceda à sua revalorização.
Em Fevereiro do ano passado, o general De Gaulle fez-se apóstolo do estalão ouro, mas sem se esquecer de o acompanhar, cautelosamente, da reivindicação de créditos suplementares.
Não seria este, na realidade, o espírito de Bretton Woods?
O ilustre professor francês Jacques Rueff, na altura em que se discutiam em Washington - e pode perguntar-se porque não estava lá - as propostas de reforma monetária internacional, apresentou em Inglaterra - creio que no Times - um plano de revigoração do preço do ouro para o dobro, o que implicava uma desvalorização geral de todas as moedas.
A tese querida de Rueff era a de que em 1934 os Americanos, tendo procedido ao congelamento do preço do ouro, consolidando uma certa política, introduziram, todavia, na vida internacional um factor constante de distorção e de justiça.
Como se está a ver, esta tese ajustava-se à atitude francesa e aos interesses dos que, como nós, basilarmente, dispõem de ouro.
Para que nem tudo fosse exíguo e condicionado, para remover a catástrofe segundo as suas previsões, o mestre francês apresentava um plano de reforço do preço do ouro e pretendia aproveitar-se das vantagens de uma inflação geral em larguíssima escala.
Seria justo - perguntava ele - que a tonelada de carvão e a tonelada de aço recebessem o dobro em ouro do que mereciam, antes de 1934?
Não se trataria de receio próprio de um feticlaísmo ultrapassado, que apenas é ditado pelos mercados?
Rueff planeava uma série de medidas que começariam na restrição das reservas em dólares e em esterlino e que implicavam também a subida simultânea do ouro nas diferentes bolsas e mercados.
A mais-valia assim obtida haveria de ficar afecta ao desenvolvimento dós países menos evoluídos. E os governos obteriam, desta sorte, novas e grandes margens nas suas operações criadoras.
E certo que isto implicava a liquidação das dívidas exteriores em ouro, ou a sua consolidação em vinte anos o que, de qualquer modo, produziria um surto de dificuldades e desembolsos.
Porém, esta larga e deliberada operação desencadearia nova maré de negócios e revestia-se de um aumento geral de prosperidade.
Não se sabia, em todo o caso, se os preços ficariam contidos e, menos ainda, se findaria a guerra das divisas qualificadas, nas praças mundiais.
Seja como for, os Estados Unidos opõem-se, com todas as veras de uma convicção inabalável, à revalorização do ouro.
Não sei bem, pois, qual é a nossa posição perante o esquema do professor. Mas já disse, minutos atrás, o que predomina nos nossos interesses.
Terei de acrescentar, apenas, dois reparos:
Primeiro, as nossas finanças têm sido sempre avessas a reajustamentos maciços, porque comportam grande dose de ilusão e de inutilidade.
Em segundo lugar, a nossa política monetária e de preços lutou bastas vezes, na medida possível, pela estabilidade do poder comprador e de valores para o largo prazo.
Assim, a sugestão ousada de dirigismo monetário, a despeito das suas óbvias vantagens, encontra razões tradicionais que não permitem nela embarcar sem tormenta.
A liquidez internacional:
Isto nos conduz para a larga questão da liquidez internacional.
O sistema monetário internacional deveria ser tal que ajudasse a produção e melhorasse rapidamente o comércio mundial.
Em grandes países, as reservas ouro e as reservas em divisas estão-se a esgotar dia a dia e ameaçam de eclipse os países de posição comercial, industrial e financeira predominante.
Por outro lado, as necessidades mundiais de novos mercados, de acréscimos de vendas e de novos fabricos, também cada vez mais, impõem recursos suplementares transferíveis, financiamentos e poderes de compra internacional para acudir à expansão, ou melhor, no progresso geral do Mundo.
O grande problema da hora presente é o da liquidez mundial, ou seja o funcionamento de um sistema monetário internacional sem choques, sem paragens, sem desvios.
Se há liquidez a mais, aqui e além, alguns países tornam-se donos e senhores, adquirem posições de supremacia nas bolsas e nos mercados e podem rir-se ou explorar a debilidade alheia.
Se há liquidez a menos, tem de se vender e não se pode comprar, estuo fechadas as cancelas do desenvolvimento, consagra-se uma inferioridade e cai-se em estagnação, se não se caminha em retrocesso.