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4974 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 247

tencem. Mas serão forçosamente sóbrias as minhas homenagens.
André Maurois, brilhante comentador das coisas inglesas, diz que talvez o facto de não haver tribuna na Câmara dos Comuns e de não se poder ler (salutar medida) discurso algum tenha concorrido para que, não obstante directa e simples, despida de retórica, a eloquência inglesa tenha atingido tão altos voos com Disraeli, com Gladstone e, no nosso tempo, com Winston Churchill. E não poucos.
E William Pitt, que os historiadores dizem ter uma eloquência teatral, irónica e apaixonada? Os que se lhe opunham podiam detestar essa eloquência. Mas tinham de reconhecer a sua autoridade.
Homens que ficaram na história pela simplicidade dos meios de que se serviram para convencer e dominar assembleias políticas.
Lembrarei, pelo sentido de humor tão britânico, aquela advertência feita por um velho parlamentar ao grande Joseph Chamberlain, no momento em que este acabava de se estrear na Câmara dos Comuns, com brilho extraordinário: "Foi admirável; mas a Câmara ficar-lhe-ia grata se, de vez em quando, de futuro, conseguisse ter alguma hesitação..."
Mas não era da Câmara dos Comuns que eu me propunha falar, mas antes encarecer a ligação tão íntima e constante entre o Reino Unido e a cidade do Porto, que tenho a honra de representar com outros nesta Casa.
Todos conhecem a extraordinária influência que dinastias de comerciantes ingleses tiveram na expansão do comércio do vinho do Porto. Todos sabem como essas firmas firmaram pela sua seriedade, pelos seus conceitos de negócio, do verdadeiro negócio e prestígio do vinho do Porto.
Sabem que a ligação da cidade do Porto com essas famílias se mantém ainda em grande plano de apreço, compreensão, senão mesmo de intimidade.
Ocorre-me esse romance de encanto em que Júlio Dinis transpôs do real o viver dessa "Família Inglesa" portuense, de que era chefe Mr. Richard Whitestone, e em que perpassa o suave perfil de Miss Jeny.
E também parece arrancado do real o Craft de Os Maias, requintado dândi, fino coleccionador e artista, que encheu a Lisboa romântica, mas que vinha do Porto, e que na minha imaginação não seria outro senão Ricardo Clamouse Brow. Seria?
De qualquer maneira, a Feitoria Inglesa, a Rua dos Ingleses, que se chamava então a Praça, o Clube Inglês, o Oporto Cricket e até há pouco o Hospital Inglês são realidades, são instituições a que o Porto quer, que o Porto respeita.
E permita-me, Sr. Presidente, que evoque, para terminar, a imagem do entusiasmo popular, espontâneo, transbordante, que subverteu tudo, o protocolo e o próprio serviço de ordem, quando há cerca de quinze anos o Porto teve a alegria de receber, fora de qualquer protocolo, Sua Graciosa Majestade a Rainha Isabel de Inglaterra e seu marido o Príncipe Filipe de Edimburgo.
Não me esquece o que foi a entrada na Bolsa, o que foi o caminho para a Feitoria, o que foi sobretudo o trajecto cheio de entusiasmo, cheio de alegria, cheio de irreverência, se quisermos, de Pedras Rubras ao Porto e do Porto, pela Foz, para Pedras Rubras.
Não se esquece a imagem real, sentida, verdadeira, de entusiasmo da cidade do Porto pelos valores grandes da Inglaterra.
Saudemos.

O Sr. Alberto de Alarcão: - Precisamente no dia em que aqui abordei problemas de electrificação e abastecimento de águas, e nomeadamente me referi a alguns aspectos do aproveitamento hidráulico do Mondego para fins múltiplos e defesa das suas margens, seguia - aliás, com meu desconhecimento, anote-se, para que não haja indevida interpretação - para publicação no Diário do Governo da mesma data, que no dia seguinte seria distribuído e viria a receber em minha casa, o Decreto-Lei n.° 153/73, de 6 de Abril, que autoriza a Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos a celebrar contrato para a elaboração do projecto das obras de regularização dos leitos do sistema hidráulico do Baixo Mondego e de defesa e rega dos campos marginais.
Tal me impõe uma palavra de reconhecimento bem sentido em nome de populações agrárias, rurais, que delas virão a beneficiar e que como conimbrincense de naturalidade, que não enjeito, me obriga desta bancada a afirmar.
Ficam elas aguardando, e nós também, a desejada concretização de melhoramentos regionais por demasiado tempo protelados. Bem haja o Governo que assim o determinou.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Vamos passar à

Ordem do dia

cuja primeira parte tem por objecto, como sabeis, a continuação da discussão na generalidade da proposta de lei de terras do ultramar.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nicolau Martins Nunes.

O Sr. Nicolau Martins Nunes: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ao aceitarmos o pesado encargo de representar a província nesta Câmara, dois propósitos nos moviam:

1) Procurar, quanto soubermos e pudermos, corresponder à confiança que em nós depositaram aqueles que se dignaram propor-nos e eleger-nos;
2) Servir de meio de ligação entre o nosso povo e a fonte da vigorosa civilização ocidental - diria mesmo universal -, em que ele tem, necessariamente, que se integrar para poder sobreviver e progredir.

Nada de mal temos a dizer - antes pelo contrário, só temos a dizer bem - da forma como fomos acolhidos e temos sido tratados nesta Casa, onde nem uma única vez nos sentimos estranhos. Tudo nos foi proporcionado para que pudéssemos melhor cumprir a nossa missão, sem faltar a necessária compreensão que logo de início solicitámos Por outro lado, graças a Deus, não temos razão para nos sentirmos descontentes; temos procurado cumprir.