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Queria dizer uma palavra de estranheza quanto aquilo que me parece uma omissão. Parece-me que V. Ex." esqueceu, na rememoração que fez, a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, decana das agremia- ções regionalistas deste País, cuja acção se estende não apenas à metrópole mas também ao ultramar português e ao Brasil, através de um intercâmbio apertado que tem mantido com os centros trans- montanos espalhados pelo Mundo, desde Luanda e Lourenço Marques até ao Rio de Janeiro e S. Paulo.

Muito obrigado.

O interruptor não reviu.

O Orador: — Muito obrigado, Sr. Deputado, e peço desculpa realmente dessa falta, mas são tantas as ca- sas regionais, que esse lapso é compreensível.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Pelo valor destas instituições, de que ofereci uma pálida ideia, bem mereciam que lhes fosse outorgada e reconhecida a sua utilidade pública.

O Sr. Roboredo e Silva: — Muito bem!

O Orador: Interior para que todas as colectividades regionalis- tas sejam classificadas como pessoas de utilidade pú- blica administrativa.

Vozes: — Muito bem!

O Sr. Pinto Balsemão: — Sr. Presidente: No. de- correr desta legislatura, entre 1969 e 1973, produ- ziu-se um fenómeno cognominado «ala liberal», En- cetando vigorosos passos na primeira sessão legislativa, e cumpre-me aqui recordar o nome, já hoje citado pelo Sr. Deputado Alberto de Alarcão, de José Pedro Pinto Leite, atingindo o auge na segunida, alcançando o «estado de sabedoria» na terceira, parecendo defi- nhar na quarta, a chamada «ala liberal» foi um dos sucessos políticos dos últimos quatro anos. Sucesso, no sentido de acontecimento, de algo que se verificou — e será sempre detectável — num dado momento histórico, de movimento que marcou um período curto da nossa vivência, dentro e fora deste edifício.

Para além das paixões momentâneas, das tácticas de grupos e subgrupos, das susceptibilidades dos que se consideram, injusta ou justamente, envolvidos, terá talvez chegado o momento de fazer uma análise da actuação dos que o nosso colega Cunha Araújo, com a facilidade de terminologia que o caracteriza, reuniu sob o tranquilizante epíteto de «ala liberal».

O Sr. Cunha Araújo: — V. Ex.” está a citar-me?

O Orador: — Só para atribuir a V. Ex.” a pater- nidade da expressão «ala liberal».

O Sr. Cunha Araújo: — Eu tenho que acudir à chamada, demais que me lembro, quando falei na ala liberal, de ter levantado uma reacção que me sur- preendeu, e me surpreendeu sobremaneira, até por- que não fui eu o padrinho.

O Orador: — Eu julgava que sim, Sr. Deputado.

DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 258

O Sr. Cunha Araújo: — Não fui eu, de maneira nenhuma. Eu, na altura, quando me perguntavam como é que sabia que havia aqui uma ala liberal, eu esclareci que-o tinha lido em O Século.

O Orador: — Ah! Entendo que é o O Século o pa- drinho.

O Sr. Cunha Araújo: — Está no Diário das Sessões. De maneira que não fui eu o padrinho. Por isso, está agora a surpreender-me que V. Ex. esteja aqui a realçar a existência «de facto» de uma «ala liberal» que, aliás, eu nunca considerei, mormente depois das reacções verificadas.

O Orador: — Muito obrigado. Ficámos todos escla- recidos.

O Sr- Cunha Araújo: — Aliás já cheguei à con- clusão de que sou o mais liberal.

Risos.

O Orador:

Risos.

Muitos parabéns, Sr. Deputado.

Análise feita em termos puramente pessoais, atra- vés das opiniões, impressões.e conclusões deste vosso colega que, pela última vez, desta feita, usa-da pala- vra nesta sala e não se arvora em porta-voz de nin- guém, senão de si próprio.

Análise que não pretende justificar erros cometidos,

nem desculpar faltas ou omissões praticadas, mas apenas lançar um pouco de ordem nas contas que temos de prestar a quem nos elegeu e permitir — a todos, sem esquecer, portanto, os que em 1969 contra nós votaram — um juízo crítico sobre o que fizemos (e não fizemos), o que nos deixaram fazer (e o que não deixaram), as nossas falhas e os nossos êxitos, os nossos objectivos e os nossos resultados.

Tenho defendido, Sr. Presidente, que o saldo da actuação da chamada «ala liberal» é positivo. Para O País, para os Deputados que a integram e mesmo para o Governo.

Em 1969, o Governo, se recordarmos o modo como decorreram a campanha eleitoral e as eleições, neces- sitava de dar uma certa permanência a uma imagem liberalizante. No plano interno, era preciso alimentar o sentimento (de esperança para uns, de receio para outros) de que a doutrina a que entretanto se veio

-a chamar o Estado Social era diferente da do Es- tado Novo, que o regime não seria classificável como pós-salazarista, porque uma época nova, actualizada, começava. Para além das garantias de continuidade, o acento tónico, nas palavras e nos actos, era posto na evolução, na renovação de métodos, de nomes, de objectivos secundários.

Nesta fase — e mesmo hoje — os Deputados deno- minados liberais foram um útil instrumento, uma excelente demonstração de que o pluralismo, dentro de limites muito bem definidos, era aceitável, se não desejado. Por outro lado, determinados projectos go- vernamentais receberam dos «liberais» um apoio que constituiu uma boa ajuda na argumentação con- tra as forças reaccionárias.

Estou a pensar no que se passou, nesta sala, nas Comissões e nos bastidores, por exemplo, a propósito