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30 DE ABRIL DE 1973

rência activa na vida política, a criação de associa- ções, etc. Portanto, há várias vias de institucionalizar, de incrementar o desenvolvimento de uma força po- lítica que me parece ter surgido nos últimos anos neste país.

O Sr. Cunha Araújo: — Não dei por isso.

O Sr. Pinto Castelo Branco: — Muito obrigado, Sr. Deputado. Fico muito satisfeito por ver que Ms ias calculo eu, está na disposição, se for esse o caso, de vir a colaborar no Governo deste país.

O Orador: — Eu não disse bem isso. Essa con- clusão é um bocadinho precipitada.

O que eu disse é que há outras vias.

O Sr. Pinto Castelo Branco: — Bom! É uma das conclusões que me parece que, em boa lógica, naquela lógica que comecei a aprender no liceu e tenho pro- curado ir desenvolvendo ao longo da vida, se pode tirar daquilo que V. Ex.º disse. Nada mais.

Muito obrigado,

O interruptor não reviu.

O Orador: — V. Ex. assim o entende! Isso me conduz, Sr. Presidente, à última parte desta

minha já longa intervenção: feito o balanço da actua- ção de um grupo de Deputados que, para bem ou para mal, não deixou de marcar profundamente a X Legislatura da Assembleia Nacional, julgo que será de reflectir um pouco sobre o País que, como órgão de soberania que somos, deixamos aos Portugueses, designadamente aos que nestas cadeiras nos suce- derem.

Políticos e observadores, professores e tratadistas, de todos os quadrantes, nacionais ou estrangeiros, residentes ou emigrados, salientam e proclamam que

atravessamos, em Portugal, uma hora grave.

Se a hora é grave, há que fazer algo para que

deixe de o ser. Uma solução, a mais passiva, mas,

precisamente por isso, a menos eficiente, será a de

aguentar, de cerrar fileiras, como se diz na litera-

tura oficiosa. Outra, a mais activista, mas, por Isso

mesmo, de consequências imprevisíveis, mesmo para

os que a defendem, será a de tudo alterar a partir

das estruturas: a via revolucionária. A terceira hipó-

tese será a de, rejeitando a política do avestruz e não

escolhendo a priori a da bomba, procurar e seguir

caminhos que atenuem ou eliminem a gravidade da

situação.

O Sr. Camilo de Mendonça: — Oxalá que o resul-

tado não fosse como na França.

O Orador: — V. Ex.* fala das últimas eleições fran-

cesas?

O Sr. Camilo de Mendonça: — Da terceira força.

Foi um desastre!

O Orador: — Ágora eu estava no terceiro caminho,

não na terceira força. Não é bem a mesma coisa.

O Sr. Camilo de Mendonça: — No terceiro ca-

minho havia uma terceira força.

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O Orador: — A opinião é sua, Sr. Deputado. A simples formulação destas hipóteses demonstra

que o mais relevante e urgente problema português não é o do ultramar, como muita gente entende. Acima de tudo, é preciso criar condições para que as correntes de opinião se exprimam e canalizem.

São os Portugueses que devem decidir sobre as grandes opções que condicionam o seu futuro, e não uma minoria, conservadora, porque agarrada aos seus privilégios e autopromovida a detentora das verda- des únicas e intocáveis.

O Sr. Almeida Cotta: — O que eu não sei é como V. Ex.º entende a minonia.

O Orador: — Eu responder-lhe-ei à frente. Para tal é necessário que a informação seja livre

e que as pessoas se possam reunir e associar. A expressão «partidos políticos» continua a provo-

car o pânico e a indignação em alguns meios conside- rados representativos da sociedade portuguesa. Mas o associativismo político, a presença de partidos na vida portuguesa e nesta Casa não seriam muito mais es- clarecedores da realidade nacional, não desmistifica- riam tantos tabus nocivos, tantas situações injustas, não provocariam a guerra à corrupção, não impedi- riam que a riqueza continue a circular em redor de duzentas ou trezentas famílias, não obrigariam os in- decisos, os oportunistas e os ocomodistas a, de uma vez para sempre, se pronunciarem de acordo com o que pensam, e não segundo o que lhes convém no momento ou menos os incomoda? :

O Sr. Agostinho Cardoso: V. Ex.? dá-me licença?

O Orador: — Faça favor.

O Sr. Agostinho Cardoso: — Não lhe pareceria que essa terceira força bastaria como crítica? Para que preciso então os partidos? Não lhe parece?

O Orador: — Para mim são necessários.

O Sr. Agostinho Cardoso: tidos é fragmentar a Nação.

Para mim admitir par-

O Sr. Henrique Tenreiro: Apoiado! Seria a fragmentação da Nação!

O Orador: —- É uma opinião, Sr. Deputado Hen- rique Tenreiro.

O Sr. Cunha Araújo: — Nem V. Ex.* sobreviveria num regime de partidos. Não sobreviveria com cer- teza!

O Sr. Agostinho Cardoso: — V. Ex.” dá-me licença?

O Sr. Presidente: — Peço ao Sr. Deputado Pinto Balsemão que essa seja a última interrupção que con- sente.

O Orador: — Sr. Presidente, por mim podem in- terromper à vontade.

O Sr. Agostinho Cardoso: —É só para lhe dizer que me impressiona certa fraseologia de V. Ex.*, por