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Há que mudar mentalidades tradicionais e conservadoras e atitudes que na prática só prejudicam o papel que às mulheres cabe.
As mulheres, tais como os homens, são ambos seres de parte inteira e devem congregar esforços para prosseguir na defesa dos ideais que, a nós sociais-democratas, nos são particularmente caros, de liberdade, justiça e igualdade.
E a propósito deste facto gostaria de chamar a vossa atenção para duas realidades.
Uma que se pode constatar através dos trabalhos de investigação realizados pela Comissão da Condição Feminina - na vida política portuguesa a participação feminina nos órgãos autárquicos da Região Autónoma da Madeira é percentualmente a maior do País, mais de 12 Olo. O que a nós, madeirenses, nos orgulha particularmente.
Outra, bem importante e que muitas vezes é esquecida, é a que, numa imagem talvez muito triste mas real, se denomina «viúvas de vivos» - as mulheres de emigrantes que ficam na terra. Mulheres que ficam com a responsabilidade muitas vezes não só de educar os filhos, mas também de manter economicamente a família enquanto os maridos em terras estrangeiras não têm possibilidade de enviar dinheiro.
Mulheres que ficam na terra, muitas vezes com grandes e graves dificuldades, porque não têm ao seu dispor o braço um pouco mais forte do marido para as proteger, no sentido de os trabalhos duros do campo que são feitos por homens passarem a sê-lo, neste caso, pelas mulheres. Muitas delas ficam esquecidas para sempre, são as verdadeiras chamadas «viúvas de vivos»; outras, mais afortunadas, conseguem juntar-se aos seus maridos e reagrupar a família em países distantes. Há também as mulheres que vão para o estrangeiro à procura de melhores dias e que aí têm um trabalho particularmente duro - não conhecem a língua, não têm amigos, apenas trabalho, trabalho e mais trabalho.
A esperança que as anima é conseguir angariar um pequeno pecúlio com o qual possam voltar à terra que as viu nascer e aí reagrupar a família e viver em melhores condições económicas.
Esta realidade de mulheres de emigrantes e ou mulheres emigrantes não pode nem deve ser esquecida.
Hoje, Dia Mundial da Mulher, é justo que se lhes preste também uma homenagem particular pela contribuição que dão na demonstração cabal de que mulher é, sobretudo, ser humano.

Aplausos do PSD e do PS.

Entretanto, assumiu a Presidência o Sr. Presidente Fernando Amaral.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Gonzalez.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Gonzalez.

O Sr. António Gonzalez (Indep.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Hoje, neste g de Março, dia dedicado à mulher, milhares e milhares de homens, por todo o lado, vão dizer e escrever coisas lindas sobre as mulheres, sobre a mulher. Tal como eu o estou a fazer neste momento! Como se a mulher precisasse de lindas palavras, num dia do ano, para a ajudar a vencer as dificuldades suplementares

1 SÉRIE - NÚMERO 55

que sobre ela são descarregadas durante os outros 364 dias, pelo simples facto de serem... mulheres!
Convencer-se-á o homem que a mulher poderá esquecer, no dia de hoje, que muitos dos problemas que a afectam resultam de uma evolução sexista das nossas sociedades que reservou para a mulher o papel do último vestígio da escravatura evidente?
A nível do emprego, da casa, a mulher foi sempre mantida em posição inferior, embora a maior parte do trabalho desenvolvido seja devido ao seu esforço.
E quanto às esferas das decisões políticas a sua entrada foi rasgada só muito recentemente e à custa da luta individual ou organizada das mulheres para a qual foi importantíssimo acelerador a abertura verificada com o 25 de Abril.

Existe realmente um 25 de Abril para a mulher! Não porque todas as barreiras sociais, preconceitos, tradições poeirentas tenham sido apagados e vencidos com a queda do antigo regime, mas sim porque foi permitida a organização, o debate, a participação que vai permitindo a consciencialização da mulher e principalmente a do homem para a realidade da vida daquela e para o muito que era preciso mudar para que realmente ambos tivessem iguais direitos, e a injustiça milenária que esmagou a mulher fosse para sempre banida.
O que é preciso mudar?

Coisas evidentes, como as questões que se prendem com os salários mais baixos que auferem em relação aos homens, para igual trabalho; como a carência de estruturas sociais, de apoio ao seu papel de mãe. Gostava aqui de recordar, por exemplo, os jardins-de-infância, que não abrem por responsabilidade governamental e que tanta falta fazem. Mas é preciso mudar, mudar também, a menos evidente teia de interesses conservadores e discriminatórios masculinos enraizados profunda e camufladamente no espírito de cada um de nós e que a educação que tivemos nos inculcou silenciosamente desde os bancos da escola.
As suas consequências são evidentes.

As empresas comerciais utilizam-se dessas deformações para vender os seus produtos e disseminam, através da propaganda, imagens e ideias que vão aumentar e tornar ainda mais fortes os errados estereótipos que existem!

Na esfera da luta política, muitos, sem escrúpulos, fazem promessas e utilizam, tal como as empresas comerciais, o seu conhecimento técnico profundo daqueles estereótipos com a finalidade de caçar o voto da mulher, numericamente maior que o do homem.
Os exemplos poderiam continuar e é natural que outras bancadas os refiram mais exaustivamente do que nós o fazemos aqui hoje.

O que importa assinalar é o direito à diferença, é a capacidade e o direito que assiste à mulher de se assumir como tal, em plena igualdade e unidade com o homem.

Numa época de tão apregoada crise, a mulher assume grandes responsabilidades não só por ser participativa mas também porque sobre ela recaem, em primeiro lugar, as consequências dessa mesma crise.

A mulher é a primeira a perder o emprego em caso de despedimentos.

A mulher, que tem normalmente a seu cargo uma casa e uma família, é a primeira a sentir as repercussões dos salários em atraso.