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3816 I SÉRIE — NÚMERO 102

Por outro lado, a falta de construção de circulares e ainda os maus acessos feitos ao açude-ponte recentemente aberto à circulação contribuem para engarrafamentos monumentais.
Quanto ao Sr. Deputado Costa Andrade registo que V. Ex.ª queria, de facto, deixar aqui especificadas algumas das questões que não referi e desejava falar no inequívoco falhanço da política municipal — digamos que é uma dor que ficou ao PSD, pelo facto de ter «perdido» a Câmara Municipal de Coimbra. Mas pareceu que, ao querer afastar-se um pouco das responsabilidades que lhe cabem, procurou esquecer que o atraso de Coimbra não é apenas relativo as questões do poder local, nem às questões municipais.
O PSD tem responsabilidades no poder central e isso tem-se reflectido efectivamente no atraso de Coimbra.
O tom negro com que o Sr. Deputado nos acusa de termos «pintado» na nossa intervenção termina —e talvez V. Ex.ª não tenha ouvido— com uma palavra de esperança, porque efectivamente os trabalhadores têm esperança, acreditam que se abriram novas perspectivas na democracia portuguesa e certamente iremos conseguir para Coimbra que essas perspectivas não saiam defraudadas.
Por último, queria dizer que, efectivamente, não poderia falar em todas as questões. O Sr. Deputado falou na CIC e compreenderá que não temos quaisquer pruridos ideológicos em relação a esta importante manifestação económica. De facto, ela merece uma palavra de apoio, mas não havia tempo para o fazer, pelo que ela fica aqui.
V. Ex.ª falou na questão do hospital, creio que, também, para referir mais uma questão que eu tinha es-quecidp. Ora, isso não é verdade, pois na verdade, o que aconteceu foi que não tive tempo para a abordar. Falou na sua inauguração, mas cremos que, também, aí errou um pouco porque as responsabilidades do atraso da inauguração do Hospital Central de Coimbra cabem em grande parte ao PSD e, como sabe, ainda se desconhece qual é a data da sua. inauguração.

O Sr. Cunha e Sá (PS): Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: — Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Cunha e Sá (PS): — Para exercer o direito de defesa, em relação à intervenção do Sr. Deputado Costa Andrade, pois pertenço ao executivo da Câmara Municipal de Coimbra.
Sr. Deputado Costa Andrade, muito rapidamente, é o seguinte: apesar da estima que tenho por V. Ex.ª, tenho de referir três coisas: em primeiro lugar, quando este executivo foi presidir à Câmara Municipal de Coimbra não existia qualquer projecto de urbanização. Em segundo lugar, a primeira medida a tomar pelo executivo foi no sentido da moralização, pois ainda agora estamos a pagar contas do executivo anterior, por falta da sua contabilização. Em terceiro lugar, quero dizer que 99 % das decisões da câmara são tomadas por unanimidade.

O Sr. Presidente: — Para dar explicações, tem a pa-lavra o Sr. Deputado Costa Andrade.

O Sr. Costa Andrade (PSD): — Sr. Deputado do Partido Comunista, em primeiro lugar não fugi às responsabilidades que tinha. Pelo contrário, penso que a postura da minha intervenção Foi no sentido de dar alguma luz ao seu «quadro escuro» assumindo ...

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Costa Andrade, V. Ex.ª não pode dar respostas ao Partido Comunista, pois V. Ex.ª está a dar explicações ao Sr. Deputado Cunha e Sá.

O Orador: — Sr. Presidente, mas também estou no exercício de uma certa legítima defesa, pois o Sr. Deputado chamou-me irresponsável, na medida em que estava a fugir às responsabilidades. Penso que isto ...

O Sr. Presidente: — V. Ex.ª é um ilustre jurista, pelo que fará a melhor interpretação dentro do espírito e da letra do Regimento.

O Orador: — ... dá direito a legítima defesa, que pressupõe uma certa agressão, enfim, com alguma violência. Considero que tem alguma violência chamar irresponsável a alguém. Irresponsável é aquela pessoa que foge ás suas responsabilidades.
Portanto, Sr. Deputado, não fugi às minhas responsabilidades, pelo contrário, se avoquei alguma coisa de mérito foi porque me coloquei «de dentro» do processo. O que fiz foi censurar —embora concordando com a sua intervenção— o carácter manifestamente maniqueísta da sua intervenção.
O Sr. Deputado acaba de dizer que se esqueceu de alguns aspectos. Ora, esqueceu-se de todos aqueles com carácter positivo.
Também não é verdade, Sr. Deputado, que o Partido Social-Democrata como partido tenha qualquer responsabilidade no atraso da inauguração do hospital. As responsabilidades que temos, assumimo-las, mas penso que até agora havia um executivo com Primeiro--Ministro que era de certa maneira —segundo penso e até prova em contrário— constitucional e organicamente responsável pela política geral do País.
Quanto ao Sr. Deputado Cunha e Sá, quero dizer que em relação ao executivo de Coimbra —que me merece, também, todo o respeito, devo dizê-lo— não posso deixar de censurar a campanha eleitoral do Partido Socialista, que foi feita acima de todas as possibilidades realistas e o Sr. Deputado acaba por o reconhecer.
Refere V. Ex.ª que encontrou uma câmara catastrófica — o que não é inteiramente correcto. No entanto, encontrando-se essa câmara num estado de catástrofe, recomendava o realismo, a boa fé e o bom senso que fizessem outro tipo de campanha. V. Ex.ª não tenha dúvidas, a campanha que o Partido Socialista produziu, embora bem feita, foi uma fraude ...

O Sr. Cunha e Sá (PS): — Foi uma fraude, não foi?!

O Orador: — ... porque o tipo de programa que apresentou —e se o trouxermos aqui veremos isso— não era realizável dada a situação da própria câmara.
Não culpo a gestão camarária, mas sim a fraude da campanha eleitoral, que foi claramente megalómana. Foi assim que lhe chamei e mantenho, porque a câmara está a fazer o que é possível —nisso rendo-lhe a minha homenagem—, só que não posso deixar de trazer à colação esta questão e passados 3 anos sobre a campanha podemos constatar isso.