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I SÉRIE - NÚMERO 57

Os pinhais ardem em grandes extensões porque não estão, na maior parte dos casos, devidamente compartimentados nem intercalados por áreas agrícolas indis7pensáveis à permanência das populações rurais (únicas capazes de prevenirem os incêndios).
O montado de sobro, que deveria constituir uma permanentemente renovada fonte de divisas (nós ainda produzimos mais de metade. da produção mundial de cortiça), está a ser sistematicamente destruído por uma inadequada agricultura agro-química que, utiliza máquinas impróprias para os nossos solos e coberto vegetal.
Por sua vez, a azinheira que, no nosso clima mediterrânico, especialmente no Sul, é um elementos fundamental para a manutenção do equilíbrio ecológico e da fertilidade, está pelo mesmo motivo a ser destruída para dar lugar a extensas searas de discutível e imprevisível rentabilidade, mas que, devido à sua extensão, conduzirão infalivelmente à desertificação.
Mas, não é só no espaço rural que a árvore e a mata! são necessárias; é também na cidade e nas áreas mais densamente povoadas.
Também no espaço urbano e paraurbano as sucessivas comemorações da árvore não têm servido para modificarmos uma atitude de desprezo pela árvore.
Não é só o caso das árvores mutiladas anualmente pelas podas camarárias quando resolvem crescer sem que lhe, valha qualquer sociedade protectora, ou amigos da natureza, mas é o problema grave de que nas áreas consistentes das nossas cidades. desapareceu o lugar para a, árvore e destruíram-se as condições capazes de, em meio tão artificial, permitir o seu desenvolvimento.
A construção de torres e de grandes blocos ensom-
brando os passeios, criando correntes de ar violentas
e anárquicas, compactando o solo e provocando que
todo o espaço livre seja pouco para a circulação e
estacionamento de carros, não permite que a árvore
embeleze e vivifique as monstruosas criações urbanas
dos nosso dias e que vemos surgir por todo o nosso
país degradando a paisagem e destruindo o patri-
mónio.
Comemoremos a árvore, comemoremos a floresta,
mas, principalmente, demos lugar à árvore na cidade.
Salvemos os nossos campos e terras da desertificação
provocada pelas monoculturas extensivas, quer de
povoamentos florestais, quer de latifúndios, agro-
-químicos.
Porque salvar os campos e serras do despovoamento e da desertificação e humanizar a cidade com a escala apropriada e a presença indispensável da árvore é contribuir para a construção de um futuro viável para todos os portugueses, o que não estamos, de maneira nenhuma, a fazer.

Aplausos do PS e do PRD.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Cruz.

O Sr. José Cruz (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: a nossa intervenção pretende ser um alerta, uma vez que se avolumam as preocupações legítimas da opinião pública nacional, confrontada com a hipótese de aumento das facilidades concedidas a países estrangeiros em bases militares do território do nosso país:
Recordemos que o Sr. Giovani Spadolini, na quali-
dade de Ministro da Defesa de Itália, em recente visita aos Estados Unidos da América, levantou uma ponta

do véu do secretismo com que estas questões são normalmente tratadas, sufocado com o peso de 10 grandes bases, e mais 50 outras instalações militares dos Estados Unidos na Itália e confrontado com a hipótese de ter de receber os 72 F-16, caças bombardeiros que a Espanha terá decidido «expulsar» do seu território, entendeu que já lá têm bases que chegam e admitir, a possibilidade de transferência para Portugal das facilidades que os espanhóis querem reduzir.
É legítimo,pois, que nos interroguemos sobre que tipo de negociações foram feitas em Washington pelo ministro italiano ou que tipo de informações ali recebeu que lhe permitiram, tão peremptoriamente, sugerir, em clara ingerência, o território de Portugal para a recepção e acolhimento deste autêntico «presente» envenenado.

dozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Nós também por cá temos bases que chegam e, mais, que sobram para servirem de trampolim às agressões contra povos desejosos de independência e para apoio às pretensões imperialistas dos Esta-* dos Unidos da América.
A reacção portuguesa assumida pelo Sr. Ministro da Defesa Nacional é preocupante, uma vez que deixou aberta a poeta a uma solicitação dos Estados Unidos, algo assim como quem diz: Não demos porque não pediram, mas se pedirem, se calhar, quem sabe...
Vai o Sr. Caspar Weinberger, Secretário da Defesa dos Estados Unidos à capital da Espanha e tenta fazer o Governo Espanhol dar o dito por não dito perante o seu povo que votou em referendo a redução da presença militar americana e a integração daquele país apenas na estrutura política da NATO. Missão mal sucedida, por enquanto, e que até coloca em causa o tratado celebrado em 1953 e renovado por cinco anos em 1988. Está pois movida ao «grupo táctico 401» de caças bombardeiros F-16 uma acção de despejo. Mas os Estados Unidos consideram que eles se devem manter na região, para missão de seu interesse, a que eufemisticamente chamam a defesa do flanco . sul da Europa.
É urgente, pois, que o Governo Português esclareça, ainda antes da visita aos Açores do Secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos, qual a sua posição caso os Estados Unidos pretendam transferir as bases, donde, eventualmente sejam afastadas, para território nacional.
É importarite, também, conhecer se houve ou' não algum comprometimento do Sr. Pirmeiro-Ministro aquando das conversações secretas que manteve nos Estados Unidos.
A experiência dos povos demonstra que as facilidades militares a países estrangeiros se transformam em alienações de parcelas importantes da soberania e que as bases tendem a permanecer como uma mancha insultante mesmo quando já não são, desejadas. Maiores facilidades a conceder por Portugal não contribuem para dar expressão aos legítimos e constitucionais anseios do povo português de participar no reforço da paz mundial, preservando ao mesmo tempo a sua independência nacional.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

Entretanto, reassumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente José Vitoriano.