O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

30 DE MAIO DE 1990 2625

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputada, eu estou a invocar o direito de defesa.

A Sr.ª Natália Correia (PRD): - Ah, bom!... É que em geral o Sr. Presidente não me deixa falar!...

Risos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr.ª Deputada Natália Correia, faço-lhe confiança porque a Sr." Deputada não é como o outro a quem faltava o golpe de asa. Eu acredito no seu golpe de asa. A Sr.ª Deputada é o além na poesia portuguesa e eu acredito em si. Não consigo conceber que o poeta se possa desligar das suas outras actividades: o poeta é o deputado e o deputado o poeta, a personalidade humana é uma unidade só. E a Sr.ª Deputada é-o com certeza. Por isso acredito na Sr.ª Deputada e em consequência tomo a palavra.
Concordei inteiramente com o discurso da Sr.ª Deputada e apenas reagi quando acusou outrem de farisaísmo, sendo certo que, se nos quisermos ater aos factos, o farisaísmo mais revoltante e mais caracterizado teve lugar quando a bancada socialista votou contra o aumento que foi aplicado aos cargos políticos, o recebeu e, no entanto, procedeu como uma galinha atordoada, esganiçando-se de farisaísmo, precisamente renunciando aos dinheiros como se não os quisesse. Foi a essa parte do seu discurso que reagi.
Concordo com ele, mas a Sr.ª Deputada tem de ter um acto de justiça. Não quero pedir-lhe que elogie outrem que não lhe agrade elogiar, mas é de uma injustiça flagrante acusar os outros de farisaísmo, quando foi precisamente a bancada socialista que teve o comportamento mais farisaico que pudemos ver aqui, neste Plenário, nos últimos anos.
Foi este ponto, Sr.ª Deputada Natália Correia, que me fez reagir. Tenho a maior consideração pela Sr.ª Deputada e não posso aceitar nem consigo imaginar que a sua personalidade se possa desdobrar.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra a Sr.ª Deputada Natália Correia.

A Sr.ª Natália Correia (PRD): - O Sr. Deputado, e muito bem, dentro de um critério romântico que nos identifica, porque é um romântico envergonhado e eu sou uma romântica descarada... Sr. Deputado Silva Marques, é lindo ser-se romântico.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Pertenço ao romantismo do PSD!

A Oradora: - E eu pertenço ao romantismo português!

Aplausos gerais.

Mas, como romântico que realmente é, identificou, e muito bem, as minhas atitudes como deputada com a minha poesia. Está certo, pois é um ponto de vista romântico.
Defendo o poeta da vida tal como ele é a escrever. Estou plenamente de acordo, aceito e aplaudo.
No entanto, não posso, neste momento, acusar o PS de farisaísmo a propósito do congelamento dos salários, porque não foi ele que propôs esse congelamento e lambem está em campanha eleitoral.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Ó Sr.ª Deputada, não diga uma coisa dessas!

A Oradora: - Sr. Deputado, é verdade! Quem o propôs foi o Sr. Primeiro-Ministro! Estão ambos em campanha eleitoral, mas quem o propôs foi o Primeiro-Ministro.
Em relação ao Primeiro-Ministro, que, aliás, não é assim tão mau como as pessoas dizem, porque ele até é um pouco feminista - se querem saber a minha opinião.

Risos gerais.

Malgré lui.... Matgré lui, até é. Esconde isso para mostrar aquela inflexibilidade, mas no fundo daquela alma, aparentemente inflexível, há um gruo de feminismo apaixonado.

Risos gerais.

Mas, de qualquer maneira, o Sr. Primeiro-Ministro tem de «apanhar» porque é primeiro-ministro...

Vozes do PSD: - Ah! Ah! Ah!

A Oradora: - Ah! Então o Sr. Deputado Silva Marques não é um romântico a sério!

O Sr. Silva Marques (PSD): - E os socialistas não «apanham»?!

A Oradora: - Mas não estão no Poder, coitados! Risos gerais.

Quando eles estiverem no Poder... Risos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira, para exercer o direito de defesa da honra relativamente a um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Octávio Teixeira ao Sr. Deputado Alberto Martins.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - O Sr. Deputado Octávio Teixeira referiu que eu tinha dito que a partir de agora os aumentos iriam ser transparentes. O Sr. Deputado deve ter uma ideia estranha sobre o que é uma coisa transparente e o que é uma coisa opaca, porque se houve aumentos transparentes foram aqueles que ocorreram há pouco tempo. Foram claríssimos, e tão claríssimos foram que justificaram toda a discussão surgida à sua volta. Pelo contrário, uma atitude hipócrita em relação a esta matéria é a que corre o risco de tornar estas questões opacas e não transparentes.

que digo não é que se substitua um sistema transparente por um sistema opaco, mas sim outra coisa.
Se há presente que eu gostaria de receber depois do Congresso do Partido Socialista é este, pois o Sr. Deputado do PS acabou de revelar publicamente o discurso escondido por todas as bancadas da oposição há meia dúzia de meses, ou seja, o discurso do desejo que elas gostariam de ter tido, e que não tiveram, mas que a actual