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aqui, ao chamado discurso da estabilização da insegurança.
V. Ex.ª começou por dizer que tinha havido apenas um pouco mais de 1000 participações e que, por isso, apenas uns mais zero vírgula zero não sei quantos por cento de crimes. A seguir, em resposta a outros Deputados, disse que não tinha vindo falar em números, o que é falso, pois veio falar em números. Para concluir, disse que estava estabilizado o nível de crimes em Portugal. É falso! É falso e o que é mais grave é que V. Ex.ª sabe que é falso,…

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do CDS-PP: - Exactamente!

O Orador: - … porque foi a polícia que lhe disse que é falso!
V. Ex.ª conhece um artigo, que todos conhecemos, de um inspector-chefe, publicado há pouco tempo, que lhe diz para descer à rua, para descer ao povo, para ver que o crime alastra e que aumenta todos os dias!

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Mas não é só a polícia, são também os tribunais que lhe dizem que isso é falso! São os portugueses que lhe dizem que isso é falso!

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Ministro, leia o imparcial artigo de Bettencourt Resendes, publicado hoje, que diz que «(…) avultam sinais de que a grande criminalidade organizada, com tentáculos internacionais, cada vez mais se instala em Portugal. (…) Estará a democracia portuguesa devidamente apetrechada para responder a estes novos desafios? Tudo indica que não. (…)».
Para mim, Sr. Ministro, o mais grave é V. Ex.ª «tapar o sol com uma peneira», como aqui já foi mencionado, e dizer que «afinal, no fundo, não é inteiramente má a estabilização do fenómeno». Então, estabilizar um fenómeno horrendo como o crime não é inteiramente mau?! Sr. Ministro, pactuar, ainda que indirectamente, com essa ilusão, falsa, pactuar, ainda que indirectamente, com essa dita estabilização, para mim, é um crime! Um crime de índole política, um crime de índole cívica e um crime de índole social!

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Quando tenho um Ministro que diz e defende isso, que considera não razoável que o crime estabilize - o crime cometido contra mim, contra si, contra os nossos filhos, contra os nossos concidadãos -, não é o ministro que eu quero e, sobretudo, não é o ministro que os portugueses merecem ou precisam!
Dizer o que V. Ex.ª disse é, salvo o devido respeito, demonstrar uma falta de qualidade (não pessoal, evidentemente), mas, sobretudo, uma falta de coragem política para mudar seja o que for em Portugal.
Ouvimos aqui um conjunto de ideais, de vagas, redondas e abstractas medidas, de que os polícias vão andar a cavalo, por exemplo, mas eu quero saber concretamente o seguinte: em Lisboa e no Porto, essencialmente nestas duas zonas urbanas, quando e quais as medidas imediatas e concretas que V. Ex.ª tenciona tomar?

Aplausos do PSD.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, fui informado que o Sr. Ministro da Administração Interna pretende responder no fim, conjuntamente aos pedidos de esclarecimento.
Assim sendo, para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Ministro da Administração Interna, ouvi-o com toda a atenção e devo dizer-lhe que, para além de muitas considerações gerais e filosóficas, não ouvimos soluções nem respostas.
Quanto à polémica dos números, o Sr. Ministro tem os seus e nós temos os nossos; os nossos coincidem com os das polícias e são rigorosos!

O Sr. Ministro da Administração Interna: - Com os de todas as polícias?

O Orador: - Tirando a polémica dos números, Sr. Ministro, o que eu esperava ouvir hoje eram mais soluções.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Ministro disse uma frase que, para nós, é significativa: «ninguém tem o monopólio da segurança». Uma coisa é certa, logo à partida, Sr. Ministro: o Estado deveria ter o monopólio dos meios de violência! O Estado não detém, hoje em dia, esse monopólio, porque está progressivamente a privatizar.
Em relação a «monopólio», permita-me que faça um trocadilho, Sr. Ministro. O problema do monopólio, lembrando-nos do jogo e não propriamente do económico, é que os senhores estão a perder rua a rua. Em Lisboa, por exemplo, já perderam as zonas do Centro Comercial Colombo, da Curraleira, o que é normal, do Instituto Superior Técnico, como vimos, e a zona mais perigosa, neste momento, da cidade de Lisboa, que é a baixa, precisamente aquelas ruas que, no tal jogo, valiam mais que todas as outras e eram as mais preciosas.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - É verdade!

O Orador: - A baixa de Lisboa é das zonas mais perigosas da cidade e, indiscutivelmente, a mais perigosa do País.
Feita esta consideração, permita-me que o confronte com questões concretas. Sr. Ministro, quando vai começar a fiscalizar a distribuição e o acesso fácil a armas brancas, que estão por detrás de tantos crimes, designadamente