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do em vista o tráfico de pessoas. E, em relação a esta matéria, Sr. Ministro, quero dizer que, perante o tipo de crime que vão praticando e de que vamos tendo conhecimento, trata-se de mafias com alguma capacidade organizativa e operacional para as quais, pelos vistos, aparentemente, nem temos os meios nem os recursos capazes de contrariá-las.
Não estou a falar como Deputado da oposição - já sei que é sempre considerado muito suspeito o que diz um Deputado da oposição! -, estou a falar pelas palavras de um inspector-chefe da Polícia Judiciária que, no dia 29 de Janeiro de 2001, publicou na comunicação social um artigo intitulado Sim, Sr. Ministro, dirigido ao Sr. Ministro António Costa, que contém uma parte impressiva…

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Já lá vamos! Já vai ouvir!

O Orador: - Depois, também farei umas perguntas ao Sr. Ministro António Costa se ele tiver oportunidade de responder.
Como eu dizia, o referido artigo tem uma parte impressiva que vou ler: «Sim, Sr. Ministro, muito mais haveria para lhe dar a saber. Desça mais vezes junto do seu 'povo'…» - povo entre aspas, porque refere-se aos agentes de segurança - «… que tanto defende e ajude a evitar males maiores pois a criminalidade violenta, ao contrário do que se diz, aumentou e organizou-se de forma tremenda». Não é um Deputado da oposição que diz isto, é um inspector-chefe da Polícia Judiciária do Porto que, evidentemente, sabe o que acontece neste domínio hoje em dia.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Sim, não o fez de ânimo leve!

Protestos do Deputado do PS Osvaldo Castro.

O Orador: - Sr. Deputado Osvaldo Castro, as motivações emocionais traduzidas em carta são menos emocionais do que as ditas ao microfone no momento, e, portanto, não vale a pena desvalorizar as palavras de quem, antes de mais, tem a coragem cívica de pôr num jornal o que pôs este inspector-chefe da Polícia Judiciária! Não vale a pena tentar minorar isto! Isto vale o que vale, tem a importância que tem. Atribuo importância a este artigo, porque reconheço à Polícia Judiciária a qualificação técnica, a competência e a capacidade para falar dos assuntos que aqui são falados. Portanto, socorro-me destas palavras para os senhores não virem dizer que estamos a fazer um discurso tremendista e dramático. Não estamos a fazer um discurso tremendista e dramático, os senhores é que, cada vez mais, estão a ficar autistas em relação ao que se passa lá fora.

Vozes do PS: - Não pense nisso!

O Orador: - Estão a ficar autistas neste domínio.

O Sr. Dias Baptista (PS): - Não pense nisso!

O Orador: - Sr. Ministro, ainda neste domínio do crime organizado e das mafias, quero chamar a sua atenção para mais dois assuntos.
Em Portugal, nos últimos tempos, tem-se assistido a relatos de assaltos, não de assaltos quaisquer mas de assaltos a espingardarias. Houve vários casos desses seguidos.

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): - Houve 52 em Aveiro!

O Orador: - E, nestes assaltos a espingardarias, o que suspeitamos é que se trate de assaltos destinados a distribuir material não ao comércio ilícito de espingardas mas, sim, pelos gangs e pelas organizações criminosas que têm proliferado no País e que, de forma organizada, têm planeado e cometido crimes em série.
Ora, esta matéria é, também, preocupante. Dir-me-ão que é uma questão de pormenor,…

Vozes do PSD: - Não é!

O Orador: - … que se trata de situações muito específicas, mas são muito preocupantes e, do meu ponto de vista, indiciam, uma vez mais, que estamos no reino do crime organizado, de um crime cada vez mais organizado, cada vez mais bem armado, para planear e produzir em série actos criminosos. Depois, Sr. Ministro, este ano ainda, verificou-se um aumento de homicídios que, tanto quanto sei, se cifrou em mais 22%.
Assim, a questão que coloco é a de que, pelas repercussões que tem, este tipo de crime violento afecta, de forma evidente, toda a comunidade e acresce à insegurança que essa comunidade já sente.
Por isso, Sr. Ministro, pergunto-lhe: considera ou não que, neste momento, são preocupantes os sintomas existentes em Portugal de um crime organizado, emergente mas cada vez mais poderoso? E é ou não preocupante que, hoje, em Portugal, o Estado esteja em grande medida desarmado perante redes mafiosas, que, porventura, podem ter ligações internacionais, as quais não são combatidas com eficácia, porque, por um lado, há estruturas de segurança que, confessadamente, não dispõem de meios para o fazer e, por outro, delapidamos a credibilidade de organismos que deviam ter a responsabilidade de intervir e de prevenir este tipo de situações?

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Penso que era importante que o Sr. Ministro da Administração Interna reflectisse também, neste debate, sobre esta questão e desse aos Deputados, à Assembleia e, através de nós, ao País a sua visão sobre esta matéria que é evidentemente preocupante.
Termino, Sr. Ministro, dizendo-lhe que há mais questões relevantes no domínio da segurança cujo tratamento é urgente e necessário.
Não quero falar sobre delinquência juvenil, nem quero fazer aqui a avaliação do que foi a reestruturação que o Governo do Partido Socialista fez nas estruturas que têm a ver com esta matéria. No entanto, julgo que os números