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nalidade, há dois tipos de política que não são convenientes: uma política «faz-de-conta» e uma política «faz-de-número».
A política «faz-de-conta» é aquilo de que muitas vezes VV. Ex.as, por apenas reagirem e não prevenirem, são acusados e criticados, a meu ver com toda a razão.
A política «faz-de-conta» é, por exemplo, quando uma actriz famosa sofre uma tentativa de violação, os senhores descobrem que há um sentimento de insegurança e mandam um comunicado para a opinião pública a dizer que vão colocar polícias em determinados sítios e no Metro, sabendo que estão a usar estagiários que dentro de poucos meses vão para outras partes do País, não sendo pois alocáveis, de um ponto de vista duradouro, a essa função.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - A política «faz-de-conta», Srs. Ministros, é VV. Ex.as inventarem, e bem, um programa que devia ser bem executado, como o Programa Comércio Seguro, e as associações de comerciantes dizerem hoje, com toda a franqueza, que nem têm os telemóveis que lhes foram prometidos nem viram as motoretas que VV. Ex.as se comprometeram a comprar.
Fazer uma política «faz-de-conta», Sr. Ministro, é, por exemplo, anunciar três vezes num ano só a inauguração da mesma esquadra.
Para sua informação, a «tal» 5.ª divisão - graças a Deus que os senhores perceberam que havia um problema de organização territorial da polícia em Lisboa, que não podia ter só quatro divisões e que a 2.ª e a 3.ª esquadras tinham uma extensão territorial absolutamente incontrolável -, a Esquadra do Alto do Pina, Sr. Ministro, está pronta há um ano. O senhor é que não tem verba para a mobilar! Esta é a verdade franca e dura e os senhores já anunciaram três vezes que vão inaugurá-la!

Vozes do CDS-PP: - Exactamente!

O Orador: - Isto é a política «faz-de-conta», Sr. Ministro, que não engana ninguém, e é com isto que queremos terminar.
A política «faz-de-conta» é, por exemplo, os senhores inventarem um programa - a meu ver, bem feito - chamado Natal Seguro, sendo V. Ex.ª filmado pelas televisões, para que os comerciantes sentissem o Natal com mais segurança. Sabe quando é que chegou a Trás-os-Montes o material para o programa Natal Seguro? Chegou em Janeiro, Sr. Ministro. Informe-se! Chegou para o dia de Reis, Sr. Ministro!
A política «faz-de-conta», Sr. Ministro, é um estudante do Instituto Superior Técnico, infelizmente, primeiro, ter sido assaltado e, depois, assassinado porque não tinha dinheiro para dar ao assaltante. Este tipo de exigência por parte do delinquente não é comum no perfil criminológico português. Estamos habituados a ouvir isto sobre o Brasil ou sobre a América mas não sobre Portugal.
Mas um rapaz do Instituto Superior Técnico foi assaltado e, como não tinha dinheiro, foi degolado e o que os senhores fazem é mandar um comunicado para a rua dizendo que vão pôr mais 20 polícias na zona do Técnico ou que vão inaugurar uma esquadra, a tal do Alto do Pina, que ficará nas imediações do Técnico! Sr. Ministro, não é assim que os problemas se resolvem!
Nós precisamos de uma política de segurança, preventiva, eficaz e duradoura e não de medidas de remedeio para gerir a imagem do telejornal seguinte. É essa a diferença substancial entre aquilo que os senhores têm andado a fazer e aquilo de que o País precisa.
Também nessa matéria podem VV. Ex.as adoptar a atitude do Dr. Fernando Gomes, que era negar sempre o aumento da criminalidade. Quantas e quantas vezes ele o negou nesta Assembleia... Da última vez, já ninguém acreditava nele, nem vocês! Só que não é isso que muda as coisas, Sr. Ministro!
Lamento que um académico, uma pessoa que escapava ao laxismo tradicional de certo tipo de esquerda em Portugal, tenha vindo, aqui, hoje, escudar-se numa realidade que o Sr. Ministro sabe que é manipulada. Desculpe-me que lhe diga, mas é manipulada! Porque o Sr. Ministro sabe perfeitamente que os indicadores objectivos são, neste momento, os da PSP, onde no ano passado havia 186 000 crimes e este ano 197 000 crimes, e os da GNR, onde no ano passado havia 137 000 crimes e este ano 145 000 crimes. O Sr. Ministro sabe perfeitamente que boa parte, uma parcela que nem o senhor nem eu conseguimos determinar, dos crimes investigados pela Polícia Judiciária já estão participados nas outras duas forças de segurança e que, portanto, é tecnicamente incorrecto estarem a envolver esses números para o apuramento da verdade final, Sr. Ministro.

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Isso é absolutamente incorrecto, Sr. Ministro! V. Ex.ª sabe perfeitamente que é assim.

Vozes do PS: - Não é verdade!

O Orador: - Mais: porque não uso argumentos ad terrorum, não quis falar em homicídios nem em violações. Mas para lhe dar um exemplo - porque o seu colega da justiça falou nisso e porque é aí que está a sede principal do problema -, no ano passado, entraram na Direcção da Polícia Judiciária de Lisboa, para investigação, 58 casos de homicídio; 21 acusações e zero detenções. A culpa não é da Polícia Judiciária, mas dos meios que tem e das leis que temos.

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP): - Claro!

O Orador: - Outro exemplo: quanto a violações, houve 120 casos em investigação, 12 acusações e zero detenções. A culpa não é da Polícia Judiciária é dos meios que tem e das leis que temos.
Para um crime mais comum, o roubo por esticão, que não citei na intervenção que fiz da tribuna, no ano passado, foram investigados 959 casos pela Polícia Judiciária, com 39 acusações e 4 detenções.
Sr. Ministro, os números são estes, não vale a pena tentarem contrariar aquilo que é a realidade física e psico