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3109 | I Série - Número 79 | 10 de Maio de 2001

 

O Orador: - Sucede, porém, Sr. Deputado Francisco de Assis, que, para além do discurso do Sr. Secretário-Geral, foram votadas muitas moções no vosso Congresso. Da moção subscrita pelo Secretário-Geral e Primeiro-Ministro, ninguém sabe nada, ninguém conhece, ninguém fala!

A Sr.ª Maria Celeste Correia (PS): - Olhe que não!

O Orador: - Já a moção dos socialistas da EDP é conhecida por toda gente! Como esta moção foi aprovada - e isto não tem a ver com questões internas do PS - no Congresso do Partido Socialista, partido que está no Governo, é de supor que houve responsabilidade na votação daquela moção. Aliás, há pouco, o Sr. Deputado referiu que o debate foi vivo e intenso. Ora, se o debate foi vivo e intenso, todas as pessoas estavam cabalmente…

O Sr. Durão Barroso (PSD): - Conscientes!

O Orador: - … conscientes daquilo em que estavam a votar!
O Sr. Primeiro-Ministro já veio dizer que está em desacordo com o detalhe da remodelação imediata do Governo e da separação dos cargos políticos no Partido Socialista dos cargos governamentais.
A questão que lhe quero colocar, Sr. Deputado Francisco de Assis, é a de saber se o Partido Socialista na sua globalidade e o Primeiro-Ministro em particular estão de acordo com os outros detalhes, designadamente o da acusação de que o Governo mantém o estrangulamento do progresso do País, o da contestação à política de privatizações decididas ao lado de interesses estratégicos do País e ainda o do apelo, feito nessa mesma moção, a uma maior intervenção dos socialistas na gestão das empresas públicas, isto é, mais jobs for the boys!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco de Assis.

O Sr. Francisco de Assis (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Octávio Teixeira, não transformemos uma questão marginal na questão essencial do Congresso, tenhamos uma abordagem séria - V. Ex.ª habituou-nos a isso - da questão em causa! A aprovação dessa moção resultou seguramente das circunstâncias especiais e inéditas em que se verificou a votação das moções sectoriais em congressos do Partido Socialista,…

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Muito bem!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Ninguém sabia o que estava a votar!

O Orador: - … já que foi a primeira vez que essas moções foram votadas em pleno Congresso (até então eram votadas em reunião posterior da Comissão Nacional do Partido Socialista).
Mas V. Ex.ª mostrou algo que me parece fundamental, mostrou que desconhece inteiramente a moção do Secretário-Geral do PS.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Nós, o PS e o País!

O Orador: - Se a conhecer, até corremos o risco de o Dr. Octávio Teixeira aderir ao essencial da moção do Engenheiro António Guterres!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Mas, hoje, usarei da gentileza que o Dr. Durão Barroso já usou para comigo e terei todo o gosto em lhe oferecer uma cópia da moção do nosso Secretário-Geral. Isto é que fundamental, pois são lá colocadas questões em relação às quais é importante saber o que pensa o Partido Comunista Português!

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado Octávio Teixeira, as questões fundamentais são, pois, as de saber o que é que o Partido Comunista Português pensa sobre as reformas que nós estamos hoje a levar a cabo na Administração Pública, na saúde, na segurança social, no sector fiscal e sobre as propostas que apresentamos. Importa saber se o PCP vai continuar a ter aqui um papel de apoiante útil da direita portuguesa ou se, pelo contrário, está disponível para estabelecer entendimentos parlamentares com o Partido Socialista em torno dos mais diversos assuntos, que, aliás, constam explicitamente da moção apresentada pelo nosso Secretário-Geral.
Assim, será com todo o gosto que lhe enviarei uma cópia dessa moção, na expectativa de obter resposta às propostas constantes da mesma!

Aplausos do PS.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, para exercer o direito regimental da defesa da consideração da bancada, face à acusação feita pelo Sr. Deputado Francisco de Assis de que o PCP é um apoiante útil da direita portuguesa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco de Assis, manifestamente, o vosso Congresso decorreu tão bem e saíram de lá tão reforçados que todos vocês perderam a cabeça, inclusivamente o Sr. Deputado, que até hoje tem mantido sempre uma postura…

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - De cabeça fria!

O Orador: - … de cabeça bastante fria, bastante gelada, muitas vezes, e, por conseguinte, não entra nessas coisas. Hoje, perdeu a cabeça, mas - e permita-me a expressão - terá certamente a hombridade de, a seguir, pedir desculpa pela afirmação que fez!
Nós não somos apoiantes de qualquer direita!

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP): - Não foi uma ofensa, foi um elogio!