I SÉRIE — NÚMERO 56
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O Sr. José Alberto Lourenço (PCP): — … fazendo umas contas até ao final deste ano e tendo em conta
esta nova previsão do Governo, o PIB irá cair 7,7%, o investimento 50% e a procura interna 20%.
Perante isto, as perguntas que se fazem são estas: mas basta rever o PIB em baixa? E quais são as
políticas necessárias? Se continuarmos com as mesmas políticas, alguém espera que o PIB caia menos ou
cresça? Alguém espera que isso aconteça? É evidente que não teremos crescimento económico se não
houver mudança de políticas, e este Governo já demonstrou que não quer mudar as políticas.
Sr. Deputado, a pergunta que queria deixar-lhe é esta: alguém tem dúvidas, neste momento, de que
estamos perante uma espiral recessiva?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Alberto Lourenço, a sua pergunta,
que agradeço, tem toda a pertinência.
Em primeiro lugar, numa economia que está há oito trimestres a encolher não pode dizer-se que haja outra
coisa que não seja uma espiral recessiva, até porque a notícia de hoje confirma isso. O Governo, há dois
meses, dizia que a recessão, em 2013, seria de 1%; agora, veio dizer que é de 2%. E não sabemos se vai
ficar por aqui — provavelmente, não ficará.
Temos um Governo que não percebe que ele é o próprio motor da recessão, em Portugal, com as suas
escolhas políticas. E porquê? Porque a devoção à «santa austeridade» está acima dos interesses das
pessoas e da defesa da economia.
Ora, não há economia que resista a políticas como as que este Governo está a levar a cabo, e esta é a
realidade concreta que temos pela frente. Por isso, é necessário que Portugal se levante contra estas políticas,
contra este Governo. O espaço da política, nos dias que correm, vai muito para além do Parlamento e dos
partidos políticos, é também um espaço da cidadania e da atuação.
Portugal tem de chumbar esta política, este Governo e a troica. É o que se exige nesta sétima avaliação do
Memorando.
Nós já sabemos que tudo vai bem: quando se retiram direitos, tudo vai bem; quando o desemprego
aumenta, tudo vai bem; quando a recessão aumenta, tudo vai bem; quando não se vê nenhuma luz ao fundo
do túnel que não seja a luz do comboio que traz mais recessão, tudo vai bem! Ora, se tudo vai bem com este
Governo, é porque tudo tem de ir mal em quem olha para ele, por isso os portugueses não aceitam mais estas
políticas.
Este é o repto que os dias que correm lançam a todos nós — a nós, partidos políticos, a nós, Assembleia
da República e, principalmente, a nós, cidadãos — para nos levantarmos contra estas políticas e contra as
maldades que estão a fazer ao País de hoje e ao País do futuro, pois sabemos que muitas destas políticas
terão largos anos pela frente para serem desfeitas. Mas essa é a urgência dos dias que correm!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta declaração política
de Os Verdes dirige-se, fundamentalmente, a V. Ex.ª, Sr.ª Presidente da Assembleia da República, mas
também, naturalmente, a todas as Sr.as
e os Srs. Deputados e é um apelo para que interpelem o Governo
sobre o cumprimento de uma lei que foi aprovada, por unanimidade, na Assembleia da República, em 2011 —
a Lei n.º 2/2011, mais conhecida por «lei do amianto», para que seja, de facto, cumprida.
As leis aprovadas, por unanimidade, na Assembleia da República não são para «meter na gaveta». Esta lei
teve o impulso de Os Verdes na sua origem, mas teve, depois, o contributo de todos os grupos parlamentares.
Ou seja, todos, em conjunto, construímos uma lei extraordinariamente importante para a defesa da saúde
pública no País e o Governo não pode, pura e simplesmente, ignorar que existe uma lei que é para cumprir!