I SÉRIE — NÚMERO 76
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Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Idália Salvador Serrão, agradeço
as considerações que fez e as questões que colocou. E respondo-lhe muito diretamente: sim, acho muito
estranho, e não devo ser só eu e a Sr.ª Deputada. Os portugueses devem achar muito estranho este
silenciamento do CDS-PP.
Com efeito, já aqui foram produzidas três declarações políticas sobre uma matéria relevantíssima para o
País neste momento e o CDS ainda não abriu a boca para questionar nada! E nem precisava de questionar,
bastava fazer alguns comentários para que se pudesse perceber alguma coisa do seu raciocínio sobre esta
matéria.
Há pouco, também tive a informação da Mesa que o CDS não está inscrito para uma declaração política,
portanto, eventualmente, não falará nada. E, às vezes, os silêncios são de ouro, não é verdade, Srs.
Deputados?
O Sr. João Oliveira (PCP): — São como as enguias!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Os silêncios também podem ser sujeitos a interpretação política e
o CDS, Sr.ª Deputada, está nitidamente a seguir a sua estratégia. Mas dá uma confirmação ao País, a de que
isto não está nada bem, porque se estivesse bem o CDS levantaria a sua voz em defesa do Governo. Não
está, e o CDS quer colocar-se a um cantinho para ver como é que vai beneficiar, depois, eleitoralmente nesta
matéria. Mas deixemos essas estratégias e esses estratagemas para a coligação, pois o PSD não deve andar
nada satisfeito.
Sobre a outra questão que a Sr.ª Deputada colocou, gostaria de dizer o seguinte: o pior que pode haver
para um país é um governo obcecado, porque um governo obcecado, numa determinada estratégia, perde
facilmente o rumo de orientação relativamente à realidade concreta do país.
Tal como referi na minha intervenção, fiquei absolutamente chocada quando o Sr. Primeiro-Ministro, no
debate quinzenal — e, na altura, já não tinha tempo para retorquir —, veio insinuar ao Plenário da Assembleia
da República que não há, praticamente, fome em Portugal. Ou seja, o Primeiro-Ministro perdeu
completamente a consciência das consequências concretas das suas políticas sobre os portugueses, e isto é
absolutamente dramático! Quando um governo perde a noção da realidade é dramático.
Em relação ao despacho do Sr. Ministro de Estado e das Finanças, a Sr.ª Deputada tem toda a razão.
Aliás, já vieram uma série de instituições públicas reclamar e «pôr as mãos à cabeça» a tentar perceber o que
vai acontecer daqui para a frente, nos próximos dias, não é nos próximos meses nem nos próximos anos.
Há universidades que podem deixar de ter capacidade de dar alimentação aos seus estudantes, podem
deixar de ter capacidade de pôr os seus estudantes a praticar nos laboratórios; há unidades de saúde que
podem ficar em risco e isto é «de levar as mãos à cabeça»!
Na verdade, o Sr. Ministro de Estado e das Finanças tinha obrigação de já ter vindo explicar ao País o que
é que queria, de facto, com aquele miserável despacho.
A Sr.ª Presidente: — A próxima declaração política é do PSD.
Tem a palavra o Sr. Deputado Mendes Bota.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: «Temos de travar várias batalhas
para ganhar uma guerra». Ao citar esta frase de Margaret Thatcher, presto homenagem a uma estadista
ímpar, que deixou uma marca incontornável na história política mundial.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Vozes do PCP: — Nas costas dos estivadores, dos estudantes, da pobreza!