25 DE OUTUBRO DE 2013
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O Sr. João Oliveira (PC): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Para estas dezenas ou centenas de milhares de empresas, a Sr.ª Ministra não
lhes diz nada de bom, não lhes diz nada ao falar desta proposta de lei.
Deduzir prejuízos fiscais ao longo dos 12 anos seguintes, em vez de 5, isentar dividendos obtidos no
estrangeiro ou enviados para o estrangeiro, alargar possibilidades a empresas participadas em fusões,
aquisições, etc., etc., ou seja, aumentar substancialmente as possibilidades do planeamento fiscal, Sr.ª
Ministra, não é para o pequeno comércio; é para a grande distribuição.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Isso vai deixar o pequeno comércio numa situação ainda mais desfavorável
perante as grandes empresas e o grande problema das micro e pequenas empresas do nosso País é o
pagamento especial por conta. Não admira, pois, que a Sr.ª Ministra não tenha dito uma palavra sobre essa
questão.
O pagamento especial por conta aumenta 75% com a vossa proposta, ou seja, aumenta de 1000 € para
1750 € por ano, apertando ainda mais o garrote sobre estas empresas.
Os senhores falam no regime simplificado como solução alternativa, como consta da proposta, e eu
pergunto: existindo em Portugal, segundo o INE, mais de 250 000 microempresas — só as micro, para além
das pequenas e médias empresas — qual é a percentagem estimada pelo Governo das que serão abrangidas
por este regime?
É que o volume de negócios, máximo, que esse regime prevê é de 200 000 € por ano, ou seja, 10 vezes
menos do que o valor que define uma microempresa, 25 vezes menos do que o valor que define uma pequena
empresa, mas, entretanto, o Governo obriga toda a gente a ter contabilidade organizada e para a imensa
maioria de empresas e setores presume-se uma margem de lucro de 10%, com os tais coeficientes técnico-
científicos.
Sr.ª Ministra, não pode ser 4% para um setor e 10% para todos os outros.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Termino, Sr.ª Presidente, perguntando se ser amigo do investimento é
esmagar as micro e pequenas empresas e favorecer dessa forma, com um «fato feito à medida», as grandes
empresas e os grandes grupos económicos.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Uma vez que a Sr.ª Ministra optou por responder em conjunto a
todos os pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Reis para pedir esclarecimentos.
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, a proposta de lei que
procede à reforma da tributação das sociedades, alterando o Código do IRC que hoje nos apresenta, será
provavelmente para muitos empresários a melhor notícia que ouviram nos últimos tempos.
Além do efeito óbvio em termos de tesouraria das empresas que a redução da taxa nominal de IRC em 2
pontos percentuais pode representar, está o facto de uma taxa de IRC mais reduzida poder ser um fator
decisivo para que determinado projeto avance ou apresente rendibilidades interessantes para os investidores,
podendo tal significar novas entradas de capital estrangeiro, ganhos em postos de trabalho, acréscimo de
competitividade, aumento de exportações, etc., etc., etc.
Mas é verdade que há outras dimensões desta proposta que merecem um olhar atento e sobre as quais
desafiamo-la a desenvolver um pouco mais.
Em primeiro lugar, falo da redução dos custos de contexto. É sabido que a nossa nacional burocracia é um
dos grandes entraves ao desenvolvimento da economia e à atração de investimento estrangeiro.