I SÉRIE — NÚMERO 14
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Sr.ª Ministra, são os próprios empresários que dizem que o fator limitativo que atualmente impede o
investimento em Portugal é a deterioração das perspetivas de venda que, certamente, se vão agravar com
estas políticas e com o Orçamento do Estado para 2014.
Por fim, Sr.ª Ministra, dizem a Comissão e também o Governo que a taxa de IRC paga pelas empresas em
Portugal é das mais altas da Europa. Sucede que, ao contrário daquilo que diz o Governo e segundo dados do
próprio Governo, a taxa efetiva de IRC que as empresas pagam é de 17%, sendo que as grandes empresas
pagam apenas 15%, portanto muito longe dos 31,5%, como diz o Governo.
A pergunta é muito objetiva: qual é a taxa efetiva paga pelas grandes empresas em Portugal? É mesmo
31,5%? Estou a falar de taxa efetiva.
Sr.ª Ministra, diga-nos qual é a taxa efetiva paga em termos de IRC pelas grandes empresas em Portugal.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Hortense
Martins.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, neste debate,
foram colocadas questões que o Governo tem hoje, aqui, que responder, porque esta reforma está longe de
ter o consenso que seria desejável.
O PS acha que uma reforma da fiscalidade deveria ser consensual e uma reforma a médio e longo prazo.
Mas o Governo está a começar mal. É necessário que o Governo diga quanto é que custa e quem vai pagar
esta reforma, que, estimamos, no mínimo, anda à volta dos 400 milhões de euros. O Governo fala em 70
milhões de euros e, Sr.ª Ministra, nós precisamos que o Governo seja transparente e diga em cada uma das
medidas quanto é que isto vai custar.
Por outro lado, os portugueses também precisam de saber quem é que vai pagar. São os pensionistas?
São as pequenas e médias empresas? São os trabalhadores? São os funcionários públicos?
Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, Sr. Ministro da Economia, que resultados é que vamos ter desta
reforma? Essa é outra componente que também temos de deixar aqui bem clara. O Governo foi tão lesto a
exigir estudos aquando da discussão do IVA da restauração e quanto a uma reforma desta natureza não
apresenta qualquer estudo de impacto nem quanto ao que se refere ao emprego, nem quanto ao que se refere
ao investimento.
Aplausos do PS.
E esse estudo de impacto é necessário e imprescindível para que os portugueses saibam onde é que vão
parar estes 400 milhões de euros.
Sr.ª Ministra, esta reforma é muito difícil de explicar socialmente, numa altura em que há cortes de
pensões, cortes de salários. Nós precisamos de dar prioridade ao crescimento e ao emprego, e não é assim.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e das
Finanças.
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Sr.ª Presidente, relativamente às várias questões que foram
colocadas há, certamente, algumas que merecerão um debate mais aprofundado na especialidade,
nomeadamente questões de natureza técnica sobre a proposta que está a ser apresentada.
Eu disse na minha intervenção inicial, e reitero, que o Governo está abeto à discussão, aos contributos dos
restantes partidos, porque nos parece, de facto, importante que uma reforma com esta dimensão e com esta
importância seja tão consensual quanto possível. Daí que estejamos dispostos e abertos a considerar as
propostas que sejam feitas pelos restantes partidos quando discutirmos a proposta da reforma do IRC em
sede de especialidade.