I SÉRIE — NÚMERO 14
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contratualização que têm resultado. Por exemplo, as exportações, que estão a crescer tanto, a refinaria, a
Soporcel, que criou uma máquina nova… Precisaram desta reforma? Não, mas investiram e são os grandes
responsáveis pelo crescimento das exportações. Aparentemente, isto não interessa a este Governo. É uma
questão de fé! É uma questão de fé, e puramente ideológica.
Já agora, quando o Partido Socialista aumentou para 10% o mínimo para se ter isenção nos dividendos —
a participation exemption passou para 10% —, apenas uma empresa portuguesa do PSI 20 pôde beneficiar da
dedução de dividendos, que foi o BES, no caso da PT. Ora, gostava que me respondessem a uma coisa: com
esta mudança, de 10% para 5%, quantas empresas portuguesas é que passarão a ter essa isenção? Antes
era uma, agora quantas são? Não dizem! Qual é o valor que perdem? Também não dizem!
Portanto, Srs. Membros do Governo, o Partido Socialista não vira a cara aos empresários,…
Protestos do PSD e do CDS-PP.
… mas sabe, porque é isso que os próprios empresários dizem — e nós, antes de nos refugiarmos em
abstrações ideológicas, olhamos para o que dizem os empresários —, que a procura é a questão mais
importante.
Mas também não viramos a cara à questão do IRC para os pequenos e médios empresários, porque o
único benefício de uma descida de taxas ou de qualquer tipo de redução, a nível de IRC, reflete-se na
tesouraria, liberta fundos. Os senhores entendem que libertar fundos garante automaticamente o investimento,
o que não é verdade, mas libertar fundos é particularmente importante para as pequenas e médias empresas.
Porquê? Porque estão fortemente descapitalizadas e, essas, sim, precisam de uma descida de taxa, essas,
sim, precisam de benefícios. A proposta do PS avança nesse sentido,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ah, aí a fiscalidade já tem impacto?!
O Sr. João Galamba (PS): — … porque se essas empresas tiverem mais fundos para se recapitalizarem
há duas coisas que garantimos: menor dependência do crédito bancário e da banca e maior facilidade na
recapitalização. Mas a EDP, a REN, a Soporcel não precisam deste tipo de benefício, porque não têm esse
tipo de dificuldades. Não têm, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais!
É por questões de tesouraria que faz sentido o Estado apoiar as empresas, porque, já agora, e uma vez
que apoia a recapitalização da banca, faz sentido que apoie a recapitalização das pequenas empresas. Só
que este regime, esta proposta do Governo não faz isso! Esta proposta do Governo é dirigida, sobretudo, às
grandes empresas, não terá qualquer efeito no investimento e no emprego e estaremos aqui, daqui a uns
meses, se esta reforma passar, embora espere que isto não aconteça, para confirmar isso mesmo.
Portanto, Sr.ª Ministra das Finanças e Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, enquanto
vergastarem a economia portuguesa com quedas brutais na procura interna, enquanto apoiarem uma
estratégia de austeridade na Europa, que faz o mesmo em todo o lado, não terão investimento, não terão
emprego e, aqui, darão umas migalhas exatamente a quem não precisa.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando
Virgílio Macedo.
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A
reforma do IRC sempre foi uma prioridade deste Governo desde o início da Legislatura, constando
inclusivamente do seu Programa. Esta não deve ser mais uma reforma, esta deve ser a reforma que permita
reforçar significativamente a competitividade e a internacionalização das empresas portuguesas. É esta aposta
no incremento da competitividade que permitirá, no futuro, termos um crescimento económico sustentado,
baseado no investimento privado e na internacionalização da economia, quer através da internacionalização
de empresas portuguesas, quer através da captação de investimento direto estrangeiro. O investimento será
sempre um elemento decisivo na recuperação económica do nosso País, pois é através desse investimento