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25 DE OUTUBRO DE 2013

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Por que é que nos dizem que aumentam os impostos para as famílias, mas depois alteram o espaço para a

engenharia financeira, permitindo uma facilitação das situações em que há uma troca de rendimentos entre as

várias empresas do mesmo grupo?

E, por último, por que é que o Governo nos diz que é impossível negociar com a troica, que não consegue

fazer com que a troica se demova um milímetro naquelas suas convicções quando, na prática, o Memorando

original dizia que o período de reporte de prejuízos fiscais deveria ser reduzido e agora é dado aqui um

euromilhões — 12 anos? Não são 3, não são 4, não são 5, são 12 anos de reporte de prejuízos fiscais.

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Se não era possível negociar com a troica, aqui fica bem percebido

que, quando o Governo quer, fala com a troica e até consegue responder às necessidades dos grupos

económicos!

Termino, Sr.ª Presidente, com uma pergunta muito direta e que tem que ver com o n.º 3 do artigo 6.º da

proposta de lei, relativo às dívidas fiscais que muitas das grandes empresas portuguesas têm ao fisco — o

pagamento de mais-valias, entenda-se lucros, que receberam até 2000 e que estava ainda diferido no tempo,

podendo não pagar se tivessem investimentos. Ora, na nossa interpretação da lei, o que é feito agora é uma

redução dessa obrigação. Gostava que nos explicasse se assim não é.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, praticamente, duplicou o tempo de que dispunha.

Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, esta

reforma do IRC não passa de mais uma prenda, de mais um bónus, de mais um prémio às grandes empresas

e aos grandes grupos económicos.

E esta prenda não se esgota apenas na descida do IRC. Esta prenda inclui ainda, por exemplo, o

alargamento do período de reporte de prejuízos fiscais de 5 para 15 anos, inclui a isenção das mais e menos-

valias deduzindo-as ao lucro tributável, e por aí fora. É só prendas e jeitos às grandes empresas e aos

grandes grupos económicos!

Só em termos de IRC para 2014 a prenda tem o valor de 70 milhões de euros, ou seja, o Governo deixa de

receber 70 milhões de euros. Mas como esse dinheiro faz falta, o Governo coloca os beneficiários das

pensões de sobrevivência a pagar a prenda que o Governo oferece às grandes empresas!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa é que é essa!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Assim, de facto, é fácil. O Governo tira aos que menos têm para

dar àqueles que têm mais. O que dizem as grandes empresas? Dizem que com este Governo, de facto, é fácil,

é barato e dá milhões!

Sr.ª Ministra, todos nós sabemos que a questão central para o investimento não passa pelo alívio fiscal

sobre os lucros das grandes empresas. A questão central passa pela recuperação do mercado interno dando

poder de compra às famílias. Esta é que é a questão central.

Mas alguém acredita que este alívio fiscal vá promover o investimento, quando as pessoas não têm

dinheiro para consumir?

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Claro!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Será que alguém acredita que há empresas que vão investir

sabendo que não têm mercado porque as pessoas não têm dinheiro?