I SÉRIE — NÚMERO 14
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Por isso, é essencial sabermos como é que, depois de um
percurso para corrigir o desequilíbrio das contas públicas, conseguimos assegurar o crescimento económico
sustentável. E, neste domínio, é preciso perceber a importância do investimento.
Obviamente, não estamos à espera de que todos aqui dentro compreendam a importância do investimento
para essa recuperação económica, mas, sem perceber essa importância do investimento, é muito difícil
perceber, depois, a importância das empresas na criação de emprego e em assegurar salários que sejam
também salários equilibrados, salários mais altos e que tragam, naturalmente, aquilo de que os Srs.
Deputados da esquerda normalmente falam, que é a procura.
Srs. Deputados, a procura é importante, mas a procura não tem geração espontânea, não aparece caída
do céu.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas desaparece com o corte dos salários!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Para existir procura é preciso que existam salários; para
existirem salários é preciso que existam empresas; e para existirem empresas é preciso que exista
investimento.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Os Srs. Deputados falam sempre na procura como se fosse uma coisa abstrata, como se qualquer um de
nós a pudesse cultivar em casa e, no fim do mês, a colhesse, para ir ao mercado fazer as suas compras.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Haja seriedade!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Os Srs. Deputados têm de perceber que o tecido económico
precisa, antes de tudo, de investimento.
Sabemos a dificuldade que há, neste momento, em Portugal, em, através das empresas nacionais,
conseguir-se assegurar o nível de investimento suficiente para a nossa recuperação económica e, por isso,
temos de nos concentrar também noutra questão que é importante, que é a capacidade de atrairmos
investimento externo. Ora, para termos capacidade de atrair investimento externo, temos de ser competitivos.
Mesmo com esta reforma, não só neste ano, mas ao longo do tempo, não conseguiremos competir ao nível da
taxa, porque há países com taxas de IRC muito mais baixas do que a nossa, ao contrário do que os Srs.
Deputados também querem fazer parecer.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Então, baixem logo para 12,5%!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Mas podemos ser competitivos pelo conjunto dos fatores que
aqui estão em causa.
Podemos ser competitivos pela taxa, que, não sendo das mais baixas, pode ser mais competitiva.
Podemos ser mais competitivos pela previsibilidade, que é essencial para que se assegure o investimento,
já que ninguém investe num país que está sempre a mudar as taxas de imposto. É mais importante para a
decisão do investimento assegurar o investimento num país que até pode ter uma taxa um pouco superior,
mas onde há a garantia de que, ao longo de um conjunto de anos, essa taxa é estável ou tem uma diminuição
constante.
Por fim, também ninguém investe num país que tem um regime fiscal de tal forma complicado que ninguém
sabe como é que pode resolver conflitos. Portanto, um regime fiscal mais simples é, também ele, fator de
competitividade.
Por isso, do nosso ponto de vista, este é um bom início de uma boa reforma. Mas, para que a boa reforma
se concretize, é preciso que haja a estabilidade necessária e o consenso alargado para garantir essa
estabilidade. É por isso que o debate neste Parlamento é essencial, mas é essencial principalmente entre
aqueles que sabem qual é a responsabilidade de governar e que sabem perfeitamente que, tendo a