I SÉRIE — NÚMERO 36
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O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Segunda questão, sobre a Caixa Seguros, em concreto. Sobre a Caixa
Seguros, é importante fazer esta referência: desde o momento zero que está prevista a alienação, no
Memorando de Entendimento. Os Srs. Deputados não quiseram sentar-se à mesa com a troica e, portanto,
não quiseram participar no processo de elaboração desse Memorando de Entendimento, mas o Partido
Socialista, o Partido Social Democrata e o CDS participaram nessa negociação, e está lá, pelo que não é
novidade para ninguém. Desde o momento zero que sabemos que este é um ativo cuja alienação está
prevista. E foi prevista antes das eleições e, mesmo assim, estes partidos beneficiaram do voto de mais de
80% dos portugueses!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Bem visto!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Terceira questão, transparência. Há quem diga que o processo decorre,
mas a transparência é limitada. Tenho de vos dizer o seguinte: o decreto, com os critérios da privatização, foi
conhecido; o caderno de encargos foi conhecido; foi nomeada uma comissão de acompanhamento, que
analisou todo o processo; o Tribunal de Contas e a CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários)
acompanham o processo; o próprio Parlamento pode, a qualquer momento, acompanhar o processo e, para a
semana, teremos aqui a equipa das finanças, Sr.ª Deputada Mariana Mortágua. Perguntem aquilo que tiverem
que perguntar, porque toda a transparência deve ser sempre dada aos portugueses e também a esta Casa.
Portanto, não coloquem a questão da transparência em cima da mesa.
Pode colocar-se, então, a outra questão: a do rating da empresa, em concreto. Dizem os Srs. Deputados:
«Mas esta empresa que fica detentora da Caixa Seguros tem um rating que não é abonatório.» Mas, Sr.ª
Deputada, se nós não devemos confiar nesta empresa porque tem um rating que não é o melhor — em todo o
caso, é superior ao rating da República —, faço-lhe esta pergunta: está a Sr.ª Deputada a dizer, então, aos
mercados e aos nossos credores que não devem confiar na dívida pública portuguesa, que não devem confiar
em Portugal?
Vozes do PSD: — Muito bem!
Protestos da Deputada do BE Mariana Mortágua.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — O que nós sabemos, Sr.ª Deputada, é que todas as regras foram
cumpridas. A transparência foi total,…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — … a privatização foi bem-sucedida e, por isso, já ultrapassámos em muito
aquilo que era o encaixe financeiro inicial.
Mas eu sei, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que há uma privatização que, se fosse a concurso, falharia:
era a privatização da demagogia existente no Bloco de Esquerda, porque essa ninguém quer comprar.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Duarte Pacheco, três notas.
Primeira, sobre confiança. O partido que concorreu a eleições prometendo aos portugueses que nunca
cortaria subsídios, que nunca aumentaria impostos, que nunca desceria salários porque não seria necessário
foi o seu partido, o PSD.
Protestos do PSD.