16 DE JANEIRO DE 2014
29
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — A Caixa Geral de Depósitos tem uma história que se confunde com a
história do País. Pela Caixa Geral de Depósitos passaram os salários dos funcionários públicos, os créditos à
habitação, as reformas, os seguros — 30% de todos os seguros em Portugal passam pela Caixa Geral de
Depósitos. E parte do motivo pelo qual o mercado de seguros funciona é porque tem uma instituição sólida
que dá confiança ao mercado.
A pergunta que gostávamos de fazer é que confiança é que as pessoas podem ter numa instituição ou
numa empresa que vem agora comprar a Caixa Seguros, facto, aliás, que abanou a anterior líder do PSD,
Manuela Ferreira Leite — e podemos também aqui falar sobre ideologia —, que questiona como é que
podemos confiar numa empresa criada em 1992, que é uma empresa aventureira, que nunca esteve neste
setor e que vem tentar aprender a gerir o setor dos seguros para ver depois como é que se dá. É a esta
empresa que nós estamos a entregar 30% dos seguros portugueses, é para esta empresa e por esta empresa
que vamos abdicar das nossas receitas futuras e de um setor estratégico para Portugal.
E não podemos deixar de apontar e anotar, em primeiro lugar, que esta empresa chinesa que se propôs
comprar a Caixa Seguros não deu qualquer garantia em termos de manutenção de postos de trabalho. Há,
hoje, 3000 postos de trabalho em risco e não temos garantias. Faz parte do tal processo pouco transparente:
não sabemos que garantias é que foram feitas, não há garantia de que estas pessoas não possam ser
despedidas.
Por fim, devo dizer que é uma operação que visa, sem dúvida, enfraquecer a Caixa Geral de Depósitos,
aliás, numa estratégia muito conhecida: privatizam-se os setores mais lucrativos das empresas públicas para
que estas depois deem prejuízo para termos um argumento para privatizarmos o que falta.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Mais uma vez, parece que esta é a estratégia seguida com o objetivo último, que é o de privatizar a Caixa
Geral de Depósitos, o banco público português.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma declaração política sobre segurança rodoviária, tem a
palavra a Sr.ª Deputada Carina Oliveira.
A Sr.ª Carina Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Há matérias em política que são
causas de todos. A segurança rodoviária é uma dessas matérias. Porque o princípio, o meio e o fim se
destinam unicamente ao mesmo objetivo: salvar vidas humanas nas estradas portuguesas.
Entrou em vigor, no início deste mês, um novo Código da Estrada em Portugal, de uma forma
absolutamente notável: tranquila, serena e organizada. Este novo Código da Estrada contém o
reconhecimento de muitas novas realidades, que até aqui passavam à margem do enquadramento legal,
embora fossem isso mesmo, realidades existentes.
Fruto de consensos muito alargados, foi possível fazer deste novo Código um quadro legal de
responsabilidade partilhada entre todos.
A estrada, como plataforma de partilha entre vários modos de transporte; a estrada, como partilha de várias
formas de mobilidade; e a estrada, tendo o elemento humano como base de trabalho. Não poderia ser de
outra forma.
É todo um novo paradigma.
Dirão alguns: arrojado; dirão outros: loucura, e ainda mais: que não chega… Digo eu: foi o possível e é
bom.
As principais alterações tiveram, por base, muitas, diria mesmo centenas de horas de discussão nesta
Assembleia da República. No Governo, como aqui, na Assembleia da República, ouviram-se dezenas de
entidades, públicas e privadas, organizações e cidadãos que nos fizeram chegar os seus contributos.