I SÉRIE — NÚMERO 82
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podem ser apenas instrumento de acumulação de lucros mas uma oportunidade e uma possibilidade de
melhorar as condições de vida e de trabalho, particularmente, de reduzir a penosidade do trabalho, alargando o
direito ao descanso, à presença na família, ao lazer e à cultura.
Como vamos dar resposta a estes problemas, Sr. Primeiro-Ministro?
O Sr. Primeiro-Ministro já admitiu que não há economia sustentável que se funde em salários baixos. Então,
não basta constatar e afirmar, são necessárias, de facto, medidas concretas, para além das outras questões,
designadamente, dos horários de trabalho.
Diga-nos, Sr. Primeiro-Ministro, quando é que passamos das palavras aos atos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, temos de olhar para a
realidade. E qual é a realidade?
Em 2016, em 2017 e em 2018, o salário mínimo nacional subiu 15%. Só nos últimos dois anos o conjunto
dos salários acima do salário mínimo nacional subiu 4%. Ou seja, ao longo dos últimos anos, os atos têm
traduzido as palavras. Houve uma melhoria do rendimento efetivo dos trabalhadores, tanto daqueles que
recebem o salário mínimo nacional, como dos outros que já têm um salário acima do salário mínimo nacional.
Também acelerámos o descongelamento da contratação coletiva, de forma a criar melhores condições para
o diálogo e a sustentar uma melhoria do processo salarial. Isso aconteceu no setor privado, mas acontece
também no setor público.
No setor público, eliminámos os cortes nos vencimentos e em vários dos elementos complementares,
repusemos o horário das 35 horas semanais e os feriados que tinham sido cortados.
Dirá: «Há avanços…». E dir-lhe-ei que haver avanços é muito importante, porque nos últimos anos a questão
não era a de não haver avanços, mas a de haver recuos. Nós não ficámos a marcar passo, avançámos! E temos
vindo a avançar passando das palavras aos atos.
É assim também no Serviço Nacional de Saúde que hoje tem, relativamente ao início desta Legislatura, mais
3600 médicos e cerca de mais 3000 enfermeiros do que tinha. O número de técnicos de diagnóstico aumentou
4% ao longo destes anos. E isso traduziu-se efetivamente numa melhoria das prestações de saúde para os
portugueses.
Temos hoje mais 300 000 consultas hospitalares, mais 19 000 intervenções cirúrgicas e mais 200 000
tratamentos nas urgências do que tínhamos em 2015, o que significa que tem havido avanços que têm sido
suportados por um investimento importante. Em 2016, em 2017 e em 2018, houve um aumento de 700 milhões
de euros, repito, 700 milhões de euros anuais na saúde.
Não foi por acaso que a saúde foi o setor excecionado das cativações e não é por acaso que o decreto-lei
de execução orçamental, que brevemente entrará em vigor, agiliza o mecanismo de execução da despesa no
âmbito da saúde e, em particular, das unidades hospitalares.
Estamos a desenvolver um programa importante de investimento em 113 unidades de cuidados de saúde
primários, além do investimento de 500 milhões de euros em várias unidades hospitalares, não incluindo aqui o
lançamento das novas unidades hospitalares como o hospital central do Alentejo, o hospital do Seixal, o hospital
oriental de Lisboa, o estudo sobre o hospital do Funchal e outras intervenções que temos em curso.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Em curso, não, no papel!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Por isso, porque Roma e Pavia não se fizeram num dia, também não é em dois
anos e meio que se estanca a sede acumulada ao longo de uma década. O que é importante é termos condições
para dar continuidade a este caminho que, como diz, tem sido feito de avanços e que não pode voltar a marcar
passo e muito menos pode voltar a ter recuos.
Temos de continuar a avançar, e é isso que iremos continuar a fazer.
Aplausos do PS.