I SÉRIE — NÚMERO 82
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, está assim concluído o debate quinzenal.
Creio que nos podemos despedir do Sr. Primeiro-Ministro e demais membros do Governo.
Pausa.
Srs. Deputados, vamos passar ao ponto dois da ordem do dia, que consta do debate sobre o Dia da Europa.
Para iniciar o debate, tem a palavra a Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias.
Faça favor, Sr.ª Secretária de Estado.
A Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Europeus (Ana Paula Zacarias): — Sr. Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Em 2012, realizou-se um festival de poesia em Berlim, em que se decidiu fazer
um poema em cadeia. Ou seja, o poeta tomava a última frase que o anterior poeta tinha feito, tendo de fazer um
poema sobre a Europa.
Em 2012, cada poeta começou a escrever palavras duras de crise, sofrimento, desemprego, ceticismo,
tristeza.
Hoje, esse poema seria seguramente diferente. Hoje, dia em que celebramos a Europa, o balanço que
fazemos é bem mais positivo para a Europa e para Portugal.
Para a Europa, 2017, que parecia ser o ano de todos os perigos, foi também o ano de todas as esperanças.
A instabilidade na situação internacional teve o efeito de contribuir para aumentar o sentimento de urgência da
unidade europeia. Em simultâneo, a crise mundial foi deixando para trás os efeitos mais duros da crise: o
crescimento económico aumentou, o desemprego diminuiu, melhorou a sensação de prosperidade e de
otimismo.
Há um ano, a União Europeia assinalou os 60 anos do Tratado de Roma. Num espírito de unidade, os líderes
comprometeram-se a defender os valores da liberdade, da democracia, do Estado de direito, da dignidade
humana, da igualdade e da solidariedade e, ao mesmo tempo, vincularam-se num esforço de ação conjunta em
desígnios estratégicos fundamentais: crescimento e emprego, dimensão social responsável, segurança dos
cidadãos, reforma das políticas de migração, projeção de uma Europa forte, coesa e capaz de moldar a
globalização.
É assim que nestes dois planos, o dos valores e o dos resultados e da ação concreta, o projeto europeu joga
o seu futuro.
O Portugal que se apresentou em 2017 às instituições europeias e aos Estados-membros foi, seguramente
também, um país bem diferente do do passado. Sem dúvida o nosso perfil na União Europeia conheceu uma
evolução assinalável: de um país sob um programa de assistência económica e financeira, Portugal passou a
caso de sucesso, atingindo os seus objetivos de política económica interna sem colocar em causa o
cumprimento das regras europeias.
A presidência do Eurogrupo representa para Portugal o reconhecimento da validade das suas opções, mas
também a possibilidade de o País ter um papel mais ativo no debate sobre o aprofundamento da união
económica e monetária e sobre o futuro da Europa.
De facto, num contexto em que as ameaças à integridade da União Europeia aparecem sob as mais variadas
formas, como o Brexit ou a ascensão dos populismos, dos nacionalismos ou do euroceticismo, as credenciais
europeístas de Portugal dão-nos um lugar de destaque entre os nossos pares.
A Europa é uma opção fundamental de Portugal, transversal à nossa sociedade. E vale a pena sublinhar aqui
os dados do Eurobarómetro, que nos confirmam que 81% dos portugueses sentem-se europeus — acima dos
70% da média europeia. Pela nossa História, pelo nosso perfil associado a uma maior capacidade de
intervenção, proporcionada pelos resultados económicos e financeiros, temos o dever de continuar a contribuir
para encontrar soluções e facilitar acordos nos complexos dossiers que estão em cima da mesa das
negociações.
Afinal, a União Europeia é a arte do compromisso. E o compromisso só é possível se houver diálogo, troca
de opiniões e argumentos. Temos de fazer esse diálogo, tendo em conta os medos e as expectativas de todos,
mesmo aqueles que parecem irracionais, exagerados ou irrelevantes. Precisamos de nos ouvir uns aos outros