I SÉRIE — NÚMERO 64
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alojamentos temporários. O Governo definiu valores de ocupação bastante superiores aos propostos pelas
autarquias, respondendo apenas, mais uma vez, às reivindicações dos empresários e de associações
agrícolas, e quem o diz não são Os Verdes, é a Assembleia Municipal de Odemira, que, como sabemos, é
uma autarquia do PS. Em causa está, exatamente, a resolução a que o Sr. Primeiro-Ministro já fez referência,
a Resolução do Conselho de Ministros n.º 179/2019, cuja suspensão, aliás, é reclamada pelos municípios de
Aljezur e Odemira.
Por isso, importava perceber não só os motivos que justificam tanta passividade por parte do Governo mas
também o que pretende o Governo fazer com essa resolução, ou seja, se vai proceder à sua revisão, de forma
a encontrar uma solução equilibrada, a bem da gestão e conservação deste território, ou se, depois de o surto
passar, fica tudo na mesma.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, começo pela última pergunta: se fosse para ficar tudo na mesma, não tínhamos assinado, ontem, o protocolo.
O protocolo envolve um compromisso: as explorações agrícolas, até ao final do 1.º trimestre de 2022,
portanto, até daqui a cerca de nove meses, têm de ter concluído todo o processo de instalação de habitações
condignas para os trabalhadores sazonais; a câmara municipal tem um prazo para apresentar a sua estratégia
municipal de habitação e, a partir daí, poder começar a receber, a 100%, o financiamento para resolver o
problema da habitação.
Sr. Deputado, já li uma vez, mas vou reler. A ZERO, de facto, começou por dizer que tínhamos aumentado
as áreas de estufa, mas vou reler o que a ZERO escreveu depois de reverificar o que tinha dito. E o que é que
a ZERO veio a reconhecer? Diz o seguinte: «De facto, a Resolução do Conselho de Ministros (…)» — de
outubro de 2019 — «(…) limita agora a área permitida para instalação de estufas, túneis elevados, túneis e
estufins a 40% do total do Perímetro de Rega do Mira (…), quando no passado o Regulamento do Plano de
Ordenamento da referida área protegida (…) permitia que a mesma chegasse a 80%.»
Portanto, nós não aumentámos, diminuímos para metade: era de 80% e baixámos para 40%.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes. Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, aumentaram, sim, o que não aumentaram foi dentro das explorações agrícolas.
Sr. Primeiro-Ministro, tenho uma moção, aprovada pela Assembleia Municipal de Odemira, que é do
Partido Socialista, como já disse, que peço para ser distribuída para o Sr. Primeiro-Ministro poder ver que o Sr.
Ministro do Ambiente está a fazer mal as contas, porque está a confundir a parte com o todo. Portanto, pedia
aos serviços para distribuírem este documento às bancadas e ao Governo.
Sr. Primeiro-Ministro, infelizmente, Odemira não é caso único. Basta olhar para os milhares de imigrantes
que apanham amêijoa na margem sul do Tejo, sobretudo no concelho de Alcochete, que vivem em condições
iguais ou até piores do que as dos casos de Odemira. Muitos destes mariscadores vivem em locais sem o
mínimo de dignidade e sem quaisquer condições sanitárias. Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, importava que nos
dissesse que medidas foram tomadas para verificar as condições em que vivem esses imigrantes e que
intervenções sanitárias foram desenvolvidas com vista à prevenção da COVID nessas comunidades.
Por outro lado, a amêijoa transacionada ilegalmente não está sujeita a análises, tratamento ou qualquer
processo de depuração e pode chegar ao consumidor contaminada com toxinas e até com metais pesados.
Aliás, uma parte desse problema podia ser resolvida com a Unidade de Transformação e Valorização de
Bivalves, no Barreiro, cuja construção foi anunciada pelo Governo em 2018. Sucede que essa construção está